Um giro pela arte urbana

O grafite já faz parte do calendário artístico mundial, mas continua criando polêmica por algumas cidades e monumentos por onde passa

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Na semana em que o street art virou alvo de polêmica na capital goiana, o Blog AZ decidiu falar um pouco mais sobre esse estilo artístico que esta ganhando os muros de espaços públicos e privados em todo o mundo e não apenas o do Centro Cultural Oscar Niemeyer.

A história toda começou quando os designers do Bicicleta Sem Freio, Douglas de Castro e Renato Reno, inauguraram um painel de arte urbana de fora a fora na parede lateral do Centro Cultural Oscar Niemeyer durante a programação do Festival Bananada 2015. Alguns adoraram a intervenção e outros acharam que o projeto interfere no espaço originalmente desenhado por Niemeyer. Pronto, a polêmica estava armada.

Em nota oficial, o Centro Cultural confirmou a declaração do gestor do espaço, Nasr Chaul, de que a pintura ficará nas paredes do edifício pelo prazo de um mês. Na Câmara Municipal, os vereadores aprovaram na manhã de ontem o requerimento do vereador Thiago Albernaz (PSDB) pela permanência do painel. A pasta do governo estadual responsável pelo espaço marcou audiência pública para o próximo dia 26 visando discutir a questão.

A cidade de São Paulo viveu debate parecido quando a prefeitura, em parceria com o Departamento de Patrimônio Histórico, autorizou que artistas urbanos, conhecidos como grafiteiros, desenhassem nos Arcos do Jânio. Alguns questionaram a interferência em monumento histórico, enquanto outros criticaram o conteúdo das pinturas. Ainda que tenha sofrido algumas modificações nos desenhos originais para corrigir as pixações sofridas, o espaço continua grafitado.

Outro grafite que chamou a atenção de todo o mundo veio do Brasil e desembarcou na Escócia em 2007.  Os Gêmeos, Nina Pandolfo e Francesca Nunca foram os responsáveis por dar forma ao Projeto Grafite e desenhar em todo o Castelo de Kelburn. Como o Castelo é patrimônio histórico da Escócia, precisava da autorização Historic Scotland para ser grafitado. O órgão concedeu permissão temporária para que o grafite ficasse estampado nas paredes do monumento por três anos.

O projeto desenvolvido pelos artistas urbanos na Escócia, assim como os dos Arcos do Jânio, não danificou o monumento histórico já que foi pintado sobre uma camada de cimento dos anos 50 que teria que ser removida de qualquer maneira. A obra entrou para a lista das dez maiores obras de arte urbana do mundo e ensejou um pedido por parte dos donos do Castelo, em 2010, para que a obra se tornasse permanente.

O Historic Scotland decidiu que as cores devem ser removidas já que esta camada de cimento sobre a qual foi pintada pode danificar a composição histórica do edifício. A remoção das belas pinturas está marcada para meados de 2015 e vai ser levada com o pesar dos donos do Kelburn.

O Armazém da Decoração já contribuiu com a arte urbana quando desenvolveu o projeto Gentileza Urbana no ano de 2011. As paredes cinza – onde atualmente está instalada a flagship store da Kartell – foram substituídas por paisagens urbanas, peixes roxos, sereias coloridas e elementos gráficos azuis e vermelhos. O trabalho Água dos artistas do grafite Mateus Dutra, Ebert Calaça e Santhiago foi criado por meio de uma iniciativa de Abadia Haich e Daniela Mallard para que pudessem estampar nas paredes do AZ demonstrações de gentileza no cotidiano.

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Arte em conflito

Painel de arte urbana toma parede lateral do Centro Cultural Oscar Niemeyer como parte da programação do Bananada 2015

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“…muitas histórias, umas boas e outras ruins, muitas músicas, umas boas e outras ruins, muitos desenhos…” é assim que se apresentam os artistas goianos do Bicicleta Sem Freio. A dupla Douglas de Castro e Renato Reno, que se conheceram nas salas de aula do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, sustentam seu trabalho no tripé arte, design e rock n’roll.

O grupo, que começou como uma brincadeira de alguns amantes da música e da arte, acabou se tornando um coletivo de designers muito talentosos. Douglas e Renato passaram de criadores de cartazes de show para artista de renome com experiência no exterior. A dupla de designer do Bicicleta Sem Freio já ganhou as ruas de Los Angeles e Berlim com a maestria de seus desenhos, cores, formas e curvas.

Esse ano a dupla inaugurou um painel de artes visuais no Centro Cultural Oscar Niemeyer como parte da programação do Festival Bananada 2015. O evento, que se lançou como uma opção alternativa à costumeira agenda sertaneja da Exposição Agropecuária que ocorre todo ano no mês de maio, recebeu este ano um público de 25 mil pessoas.
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A ação, batizada de Blackbook, está programada para enfeitar uma das paredes do centro cultural pelo prazo de um mês, mas o pouco tempo que ficou por lá já causou muita polêmica. A obra dos artistas foi muito elogiada por uns, que lamentaram seu caráter provisório. Outros, entretanto, entenderam que o painel é uma intervenção indevida no trabalho de Oscar Niemeyer.

Em entrevista para o Jornal O Popular, Nasr Chaul, chefe do gabinete de gestão do centro cultural, ressaltou a beleza do painel e suscitou a hipótese de deixá-lo mais tempo em exposição e talvez até em definitivo. “É uma obra muito bonita e apareceu essa ideia, mas o combinado inicialmente é que o trabalho ficaria ali por 30 dias.”

O Centro Cultural e o governo estadual, responsável pela administração do espaço, defendem o diálogo aberto para resolver o conflito sobre a permanência ou não da obra dos artistas. O Blog AZ defende o debate, até porque a arte merece sempre destaque!!!

Surfe e arte

Paulo Govêa divide seu tempo entre as ondas e suas pinceladas lúdicas e coloridas

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É em um universo lúdico, colorido e paradoxalmente urbano que o artista plástico Paulo Govêa faz transitar sua obra. O paulistano de 38 anos deixou a selva de concreto há 11 e se mudou para onde ficaria mais perto das ondas: Florianópolis. Autodidata, o surfista divide seu tempo entre as telas e o mar.

Seu trabalho é facilmente reconhecido por quem já teve algum contato com a obra. Paulo Govêa retrata mulheres com formas figurativas e cores fortes capazes de questionar não só o mundo da arte como a vida contemporânea por inteiro. E por falar em mundo da arte, o artista é pontual, “acho que as pessoas têm que olhar primeiro para a obra e depois para a assinatura, isso não só no Brasil”, declarou.

Suas influências são Modigliani e Van Gogh e não é difícil encontrá-las em seu trabalho. As cores fortes do holandês unidas aos retratos femininos do italiano são traduzidas na linguagem contemporânea de Govêa. No cenário atual, o artista admira o trabalho de Pedro Driin, Luciano Martins, Pifo e dos Gêmeos.

Além das telas, as pinceladas de Paulo também alcançaram muros e murais e seu talento, outras plataformas. O artista realiza curtas em animação Stop-motion e Pixelation. Seus mais recentes trabalhos são a pintura mural no MASC Museu de Santa Catarina, a intervenção na arquitetura da Pinacoteca de São Paulo, a Exposição no Museu de Arte Moderna de Chiloé no Chile e recentemente uma exposição em Barcelona, na Montana Gallery.

Para unir suas duas paixões, Paulo Govêa levou para as aldeias locais de Niang Niang, em Mentawai, e às ilhas de Nias, no norte de Sumatra, o lúdico e as cores de seus desenhos que foram pintados nos muros e portas das casas a beira mar.
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Artes plásticas nas ruas

A arte mural do artista urbano Rafael Sliks saiu das mesas da escola e chegou até as paredes dos museus

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Mais um nome da arte mural pinta nosso poste dessa quarta-feira. Rafael Sliks começou novo com intervenções típicas de alunos rebeldes nas cadeiras e mesas da escola e atualmente busca questionar a apropriação do ambiente urbano por meio do grafite.

Nascido na capital paulista no início da década de 1980, Rafael (32) costumava desenhar quadrinhos e pixar muros durante a adolescência. Hoje em dia o artista urbano leva sua arte para grandes exposições em galerias e museus do Brasil e do mundo afora. A criatividade de Sliks não tem limites.

Para os que analisam de perto, percebem que o trabalho de Rafael é o resultado da influência da Art Nouveau, Surrealismo, Expressionismo e Concrete Art. Seu trabalho é uma mistura do grafite com texturas abstratas. Outra marca registrada da arte criada por Sliks são suas Tags.
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“Tag” é o nome popularmente conhecido para a palavra assinatura quando falamos em arte de rua. Rafael Sliks imprime suas tags sobre fotos de rostos de pessoas famosas, modelo, artistas e imagens publicitárias com o propósito de quebrar a estética perfeita da ilusão criada por essas fotografias. O propósito é transformar a identidade real, causando impacto e um certo desconforto. Rafael Sliks trabalha também com Throw-up Bory, grafites que têm como tela o corpo humano.
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Pelas paredes das ruas

Longe das paredes de galerias, a arte urbana conquista os mais diversificados públicos e democratizam o acesso à arte

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Em sua conceituação mais simples o Grafite foi o nome dado à caligrafada ou desenho, pintado ou gravado, sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade. Em termos mais elaborados, é a manifestação artística de sentimentos em espaços públicos. Seu início é desconhecido, mas desde que se conhece o homem já se tem notícia de arte estampando paredes (ainda que de cavernas).

Longe das elegantes e célebres paredes de galerias, os grafiteiros conquistaram espaço e o respeito de seus espectadores ao longo dos anos, mas com uma importante diferença: seu público não tem idade, cor ou classe social; tem apenas os pés na calçada e apreço pela arte.

Internacionalmente conhecida por Street Art, a arte urbana simplesmente acontece. São nos lugares mais improváveis, nos guetos e lixões, nas paredes dos prédios mais refinados ou nas fachadas de uma oficina da periferia. Ela surge debaixo de pontes, pela criatividade paradoxalmente tímida e devastadora de seus artistas.

A expressão Arte Urbana surgiu inicialmente associada aos pré-urbanistas culturalistas do século XX como John Ruskin ou William Morris e posteriormente ao urbanismo culturalista de Camillo Sitte e Ebenezer Howard. O termo era usado para identificar o refinamento de determinados traços executados pelos urbanistas ao desenharem a cidade. Mas quando o movimento underground dos grafiteiros entrou na moda o termo veio a calhar.

A street art foi gradativamente se consolidando como uma forma do fazer artístico, abrangendo várias modalidades de grafismos ricos em detalhes, que vão do Grafite ao Estêncil (técnica usada para aplicar um desenho ou ilustração através da utilização de tinta), passando por stickers (etiquetas adesivas) e lambe-lambes (posters artísticos).

Goiânia abraçou essa arte. Nas ruas da capital, desenhos expressivos estão ganhando espaço nas paredes, lixeiras e quadros de energia espalhados pelas calçadas. E toda essa criatividade não é anônima, temos nomes fortes do Street Art enfeitando nossa cidade como Mateus Dutra, Oscar Fortunato, Wés, Ebert Calaça, André Morbek, Rustoff e outros.

O Blog AZ inicia hoje uma série de reportagens sobre essa arte que dispensa as galerias e vai bater na sua porta e fazer parte do seu dia-a-dia. Confiram…

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Miami realiza a 11ª Feira Internacional Art Basel

Entre os dias 5 e 8 de dezembro Miami Beach realiza mais uma edição da Feira Internacional Art Basel com a participação de galerias brasileiras

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A maior cidade Art Deco do mundo dá início, amanha, a mais uma edição da Feira Internacional Art Basel. O fascinante distrito Art Deco de Miami será palco, entre os dias 5 e 8 de dezembro, do evento que recebe mais de 30 países e todos os tipos de arte. O evento cultural combina exposições artísticas com um intenso programa de atividades culturais, exposições, festas e eventos de música, cinema, arquitetura e design.

Filha da Art Basel nascida na Suíça, que completou 44 edições este ano, a Miami Basel não compartilha com sua genitora apenas o DNA, dois terços das galerias participam das duas feiras. O mosaico formado por galarias de arte é a principal atração da semana de arte. Nelas é possível encontrar obras dos quatro cantos do mundo. Esse ano a feira conta com exposição de 31 países e mais de 250 galerias de toda a América do Norte, América Latina, Europa, Ásia e África.
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O fato de ser na Suíça ou em Miami Beach não munda uma coisa: a seriedade de um evento que dá a oportunidade para artistas da Argentina, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Índia, Itália, Japão, México, Mónaco, Noruega, Peru, Polônia, Portugal, Singapura, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Tailândia, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e Uruguai exporem suas obras dos séculos XX e XXI.

Contemporâneo é o primeiro nome que vem à cabeça de quem põe os pés na feira. É tudo muito diferente e muito criativo e as inovações vêm das mãos e ideias dos mais de dois mil artistas que participam do evento. A feira conta também com atrações paralelas, com destaque para o streat art e a Brazil Art Fair, uma mini feira voltada para galerias de arte brasileiras durante a semana da Art Basel em Miami.

Em exibição, o evento conta com um catálogo que vai de grandes mestres à artistas emergentes. Da arte moderna e contemporânea à arte experimental e o design de vanguarda. Tudo junto em Miami Beach pela arte.

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