Rio em 80 cliques

Leonardo Finotti capturou imagens da arquitetura carioca para exposição “Rio Enquadrado” em cartaz no Museu da Casa Brasileira

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Perto do início dos Jogos Olímpicos e de tantas polêmicas envolvendo a Cidade Maravilhosa, veio de Minas Gerais a ideia de apresentar o Rio de Janeiro com outro olhar. O mineiro Leonardo Finotti enquadrou o Rio em 80 imagens que apresentam os clássicos da arquitetura moderna carioca em uma mostra batizada de Rio Enquadrado.

São 80 fotos, de 80 cm por 80 cm, todas em preto e branco, explorando uma parte da cidade que muitos não conhecem – ou não observaram com a mesma atenção dada para a Lagoa Rodrigo de Freitas ou para o Cristo Redentor. A mostra ficará em cartaz até o final deste mês de julho no Museu da Casa Brasileira em São Paulo.

Leonardo Finotti ficou conhecido como um dos principais fotógrafos brasileiros de arquitetura. Com formação em arquitetura e urbanismo seu olhar enxerga mais que os olhos acostumados daqueles que andam pelas cidades no dia a dia. Os pilares do Hospital da Lagoa, desenhado por Niemeyer, a Catedral do Rio, o Palácio de Capanema – que seguiu o estilo Le Corbusier – e o Museu de Arte Moderna… Nenhum detalhe escapou ao fotógrafo.

Leonardo Finotti deu início a sua coleção de imagens do Rio em 2007, que atualmente é composta de quase cinco mil fotografias. Mas foi após os 450 anos da cidade que a ideia de contar a história do Rio de Janeiro por meio de sua arquitetura ficou mais sólida. A enorme quantidade de livros lançados em 2015 sobre a cidade carioca inspirou o fotógrafo a enquadrar a cidade em detalhes de preto e branco que mostram um pouco da beleza atemporal de sua arquitetura variada.
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Fotos: Leonardo Finotti

Arquitetura do Amanhã

Foi inaugurado este mês o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com projeto monumental assinado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava

Foto: Luis Marcelo Mendes /Facebook

Foto: Luis Marcelo Mendes /Facebook

Embora dezembro de 2015 fique marcado no calendário da história dos museus brasileiros como o mês que incendiou o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, não temos motivos apenas para chorar. Foi também em 2015 que ganhamos mais um importante representante da cultura, das artes e da tecnologia: o Museu do Amanhã.

O Amanhã chegou e todos aqueles prédios futuristas que desenhávamos em nossa imaginação ganhou forma em um terreno ao lado da Praça Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro. O museu foi inaugurado no último dia em 17 (quinta-feira) na capital carioca e recebeu, somente no primeiro fim de semana, um público de mais de 25 mil pessoas.

E como o Amanhã já chegou, o museu foi pensado para que possamos refletir o hoje. “O Museu do Amanhã surgiu a partir de uma visão grandiosa, de uma visão de que seria possível criar um equipamento público e de educação fora daquela base curricular em um ambiente no qual as pessoas pudessem ter experiências culturais, sensoriais e artísticas únicas” explicou Luiz Alberto Oliveira, curador do museu.

A atração se define como um novo tipo de museu de ciências onde o visitante é convidado a examinar o passado, conhecer as transformações atuais e imaginar cenários possíveis para os próximos 50 anos por meio de ambientes audiovisuais imersivos, instalações interativas e jogos disponíveis ao público. “O museu é um ambiente em que uma experiência vívida, concreta, coletiva e pessoal pode ser realizada e só pode acontecer ali que é um mescla de uma arquitetura poderosa, com ideias profundas”, concluiu seu curador.

Foto: Cesar barreto / Facebook

Foto: Cesar barreto / Facebook

A arquitetura é um assunto a parte. O rito futurista não é apenas tema do museu, mas toda a sua estrutura física. O edifício é um verdadeiro monumento criado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava inspirado em elementos da fauna e da flora brasileira. Seus pontos de criação foram o Jardim Botânico, o parque Lage e o sítio Burle Marx.

Calatrava faz parte da linha de arquitetos que exploram a chamada arquitetura-espetáculo. O profissional possui em seu currículo mais de 100 projetos espalhados pelo mundo, mas não deixou de ver a importância do trabalho erguido em um prédio de 18 mil metros no Rio de Janeiro. “Foi uma honra projetar esse museu, porque não se trata apenas de erguer um prédio, e sim de criar um marco da revitalização de uma região importante da cidade”, contou Calatrava em entrevista no Brasil.

O Museu do Amanhã faz parte do conjunto de obras da prefeitura do Rio de Janeiro por meio da iniciativa do próprio município em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Banco Santander. O museu fica aberto de terça-feira a domingo, das 10h ás 18h. A entrada é de R$10,00 a inteira. Às terças-feiras a entrada é gratuita.

Foto: Divulgação / Facebook

Foto: Divulgação / Facebook

Foto: Divulgação / Facebook

Foto: Divulgação / Facebook

Je suis Charlie, je suis l’humanité

Museu de Arte Moderna do Rio traz exposição que lembra que a luta pela liberdade de expressão e pelo fim de preconceitos não é tema novo

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Há uma semana do ataque terrorista na sede da revista francesa Charlie Hebdo, o Blog AZ mistura arte e luta social em defesa dos direitos humanos livre de qualquer preconceito. O Charlie Hebdo é conhecido por publicações de humor crítico ao fundamentalismo religioso, chegando a ser acusado de islamofóbico. A revista foi alvo, na última quarta-feira (8), do atentado que deixou 12 mortos entre jornalistas e policiais.

O mundo se dividiu entre ser Charlie pelo simples fato de repudiar a violência ou não ser Charlie por acreditar que, mesmo com violência injustificada, a liberdade de expressão deve ser limitada. Sem entrar nesse mérito, o Blog AZ lembra que este tema está longe de ser novo ou superado.

Durante a ditadura militar, que assombrou o Brasil por mais de 20 anos, se expressar era um direito mitigado. Após o Ato Institucional número 5, que endureceu ainda mais o regime dos militares, todo e qualquer veículo de comunicação deveria ter a sua pauta previamente aprovada e sujeita a inspeção local por agentes autorizados.
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O período conhecido como “anos de chumbo” ficou marcado na cabeça de tantos que foram censurados e torturados. Para não esquecer esta triste memória, as lutas não pararam. A arte não precisa de tragédias como a que ocorreu em Paris para lembrar que violência não pode calar ou amedrontar uma sociedade, seja ela por religião ou por poder.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) mesclou fotografias tiradas em julho de 2013 – quando o Brasil saiu às ruas para pedir mudanças sociais e políticas – com àquelas tiradas durante a ditadura militar. O intuito é propagar a recusa da lógica ainda intrínseca da exclusão e do preconceito.
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“A frase-estandarte “seja marginal, seja herói”, escrita por Oiticica no começo da ditadura, não fazia apologia ao crime. Era uma convocação à resistência, à necessidade de cada um enfrentar a naturalização de um estado de exceção que se tornara norma. Ser marginal era optar pela margem, pela não acomodação, pela dissidência. Se a ordem é perversa, é uma exigência ética enfrenta-la. Sempre.”, escreveu na entrada da exposição o curador Luiz Camillo Osório.

A ida de milhares de pessoas às ruas europeias e, principalmente francesas, em defesa da liberdade e da paz é a demonstração de que quando a ordem é perversa, precisamos lutar. Foi assim que lutaram aqueles que resistiram ao período ditatorial e que foram homenageados por esse belo ensaio fotográfico exposto no segundo pavilhão do museu carioca. Confira algumas fotografias.
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A arte de brincar com a arte

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro expôs pela primeira vez o projeto Caneta, Lente & Pincel, trabalho artístico criado especialmente para a internet

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A escrita não surge apenas das mãos habilidosas do interlocutor ao se deparar com uma folha em branco. Colocar as letras, uma ao lado da outra, para que juntas formem um texto com algum sentido demanda inspiração e foi em busca de se inspirar que o projeto Caneta, Lente & Pincel surgiu.

O projeto, que nasceu há mais de cinco anos por meio de plataforma online – um badalado Blog criado pelos integrantes do coletivo –, se desenvolve através de rodadas sucessivas em que uma obra visual ou uma fotografia servem de inspiração para a criação de um texto, em prosa ou em verso. Em outras rodadas, a situação se inverte e o texto é que inspira a criação da imagem.

A brincadeira entre imagem e palavra deu jogo e o projeto está hoje exposto no térreo do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. A exposição foi a materialização do trabalho que era feito apenas no espaço multiforme da Internet. Para o museu foram criadas obras inéditas, atualizando a dinâmica do blog no espaço da galeria.
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Para a exposição, o primeiro artista recebeu um tema secreto (jogo) e os seguintes criaram suas obras se inspirando nas anteriores. O resultado foi um turbilhão de sentimentos. Visto de longe, a exposição é apenas uma coleção de peças artísticas sem muito sentido, mas o olhar atento nos conta o que cada artista quis narrar com suas imagens e textos.

O blog é alimentado com textos e imagens assinadas por Carlos Monteiro, Fernanda Franco, Fernanda Lefevre, Gilson Beck, Leticia Hasselmann, Magali Rios, Magda Rebello, Marcelo Damm, Marcos Sêmola, Maria Matina, Pacha Urbano, Paula Sancier, Pilar Domingo e Rudy Trindade, mas aceita a participação do público por meio de e-mails enviados aos artistas do coletivo.

Acesse e descubra esse mundo e imagem, som e palavras.
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