Viés do design brasileiro: Aida Boal

Aida Boal é um dos nomes do Projeto Viés

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Aida Boal estampou, aos 84 anos, um sorriso de menina quando lançou, ao lado de Flavio Franco, Zanini de Zanine e Ronald Scliar Sasson, a linha inédita e exclusiva de peças de mobiliário do Projeto Viés – novo selo do mobiliário nacional – em março deste ano. A poltrona Cristina, um protótipo esquecido no depósito de seu sítio desde o final da década de 1990, transformou-se em um dos protagonistas da nova coleção Viés.

O objetivo do projeto é fazer uma aliança entre o design modernista de nomes como o da própria Aida – que foi também contemporânea de Sergio Rodrigues – com o trabalho contemporâneo dos novos designers que não querem esquecer o passado, mas também evitam se prender a ele.

Quando era ainda estudante, Aida Boal se enveredou pelo campo da escultura e pintura. Foi nessa fase, já durante os estudos de Arquitetura, que projetou e construiu, em sociedade com dois colegas, uma dezena de residências no Rio. Segundo Sergio Rodrigues, Aida tem uma capacidade realizadora aliada ao entusiasmo de trabalhar em uma área que poucos são reconhecidos: a pesquisa de mobiliário.

Foi nesse contexto de um amplo estudo do design de mobiliário com espírito de renovação que a Poltrona Christina foi criada. Desenvolvida em madeira catuaba, com assento e encosto feitos no couro, a poltrona foi desenhada a partir de conceitos de elegância e conforto, uma das maiores características do trabalho de Ainda.

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Fotos: Divugação

Viés do Design brasileiro: José Zanine Caldas

Peça de José Zanine Caldas é reeditada pelo projeto Viés

José Zanine Caldas (Foto: divulgação)

José Zanine Caldas (Foto: divulgação)

Viés é o novo selo do mobiliário de luxo brasileiro. O projeto visa aliar as linguagens do design brasileiro, tanto atuais como as da década de 1950, para colocar no mercado peças que representem a brasilidade do país. Até aí o Blog AZ já falou bastante, mas vale lembrar que Zanini de Zanine, Ronald Scliar Sasson e Flavio Franco não estão apenas colocando sob o selo Viés suas peças, mas reeditaram também moveis de grandes nomes do design nacional.

José Zanine Caldas, pai de Zanini de Zanine, foi paisagista, maquetista, escultor, moveleiro e arquiteto autodidata. Deixou-nos em 2001 vítima de um enfarte aos 82 anos de idade, mas suas obras permanecem vivas. Foi da oficina de Zanine Caldas que saíam os protótipos de projetos assinados por nomes como Lúcio Costa, Oswaldo Arthur Bratke e Oscar Niemeyer. No final da década de 80, seu trabalho foi exposto no Museu do Louvre, em Paris, trazendo-lhe reconhecimento internacional.

Nascido em Belmonte, sul da Bahia, Zanine foi apaixonado, desde criança, por obras e serrarias. Aos 13 anos, ele começou a fazer presépios de Natal para os vizinhos usando caixas de seringa do pai, médico, feitas de papelão. Mais tarde, tomou aulas de desenho com um professor particular e, aos 18 anos, foi para São Paulo trabalhar como desenhista numa construtora. Dois anos depois, abriu firma própria no Rio de Janeiro para construção de maquetes.

O projeto Viés trouxe uma de suas obras em 2015. O Banco Belmonte é uma reedição de seu banco maciço produzido na década de 70 a partir de descartes do desmatamento da mata atlântica no sul da Bahia. Zanine era, desde cedo, preocupado com a questão ambiental. Seu principal objetivo era evitar a crescente destruição das florestas no país.

Banco Belmonte (Foto: Claudio Fonseca)

Banco Belmonte (Foto: Claudio Fonseca)

Viés do Design brasileiro: Ronald Scliar Sasson

Ronald Scliar Sasson é um dos nomes do novo selo Viés do design brasileiro

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Ronald Scliar Sasson nasceu em Curitiba, em 1967, e, como designer por formação, iniciou cedo o interesse pela marcenaria. O paranaense frequentava a fábrica de móveis da família e já namorava quando jovem a profissão que seguiria depois de adulto. Em 1985 foi morar por mais de um ano na Europa e Oriente médio, onde se ambientou com as novas formas de se pensar a estética do mobiliário.

“O design brasileiro começou com grande influência nórdica e a brasilidade veio com o tempo sem perder a alma e a influência da madeira”, afirmou o designer. A busca e o achado dessa brasilidade teve sua origem na década de 1950, por isso Ronald se uniu aos colegas de profissão Zanini de Zanine e Flavio Franco para desenvolver o Projeto Viés, uma aliança entre as linguagens dos tempos áureos do design brasileiro com o trabalho contemporâneo que vem sendo desenvolvendo pelos grandes nomes atuais do mobiliário nacional.

“Depois deste período dos anos 50, o design brasileiro visitou várias vertentes e buscou outras formas de amadurecimento, porém o design modernista voltou a ocupar seu lugar com ar contemporâneo na sua mais pura essência”, afirmou Ronald.“Acredito que o meu design é mais contemporâneo e industrial, porém, depois de iniciado este projeto, voltei a buscar minhas influências modernistas”, concluiu.

Para o lançamento de 2015, Ronald Scliar Sasson criou a Poltrona Boscoli, usinada em centro de cinco eixos. A Boscoli é um retorno do designer ao modernismo brasileiro e também uma referência à influência nórdica em suas criações. “Para o público, os consumidores e os amantes do design, a mensagem que fica é a confluência de valores e a projeção de linguagem mútua”, explicou Ronald.

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Fotos: Claudio Fonseca

Viés do design brasileiro: Flavio Franco

Flavio Franco é um dos criadores do Projeto Viés e lançou em 2015 o Banco Amy

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“O design brasileiro da década de 50 é o alicerce para o nosso atual”. Foi debruçado sobre este lema que o designer Flavio Franco se uniu ao carioca Zanini de Zanine e ao paranaense Ronald Scliar Sasson para, juntos, criarem um novo selo do design nacional. O projeto Viés entrou no mercado brasileiro com o objetivo de lançar, anualmente, peças de design mobiliário que unem a linguagem desenvolvida na década de 50 com aquela feita nos dias atuais.

Para Flavio, foi durante o período modernista que os materiais genuinamente brasileiros, como a madeira, o couro e as pedras, foram trabalhados à exaustação. “Ainda hoje essa época de ouro do design brasileiro serve de inspiração para vários profissionais, porém acho que devemos ter uma linguagem própria da nossa época, com traços autênticos do momento em que vivemos”, explicou o designer.

Flavio iniciou seu trabalho como arquiteto em 2000, ano que se formou pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco. No final de 2012, lançou sua primeira linha de mobiliário, sendo convidado para as exposições “Do moderno ao contemporâneo – design brasileiro de móveis”, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e Brasil S/A, em Milão.

Este ano, o projeto Viés já fez seu lançamento com peças dos criadores do selo bem como de Aida Boal e José Zanine Caldas. Flavio Franco desenvolveu uma estrutura em madeira e laminada em freijó. O Banco Amy é formado pelas interseções de vários planos com fixação oculta entre si, transmitindo um visual com equilíbrio e movimento.

O projeto Viés foi a oportunidade encontrada para unir dois tempos e duas linguagem a um só design. “Acho que pela primeira vez formou-se um grupo tão eclético, várias gerações estão envolvidas nesse projeto e, o melhor, com profissionais dos quatro cantos do país”, comemorou Flavio.

 

Flavio Franco - Banco Amy (Foto: Claudio Fonseca)

Flavio Franco – Banco Amy (Foto: Claudio Fonseca)

Flavio Franco - Banco Amy (Foto: Claudio Fonseca)

Flavio Franco – Banco Amy (Foto: Claudio Fonseca)

Viés do design brasileiro: Zanini de Zanine

Zanini de Zanine é um dos criadores do novo projeto de design que alia os traços modernistas ao desenho contemporâneo

Zanini de Zanine (Foto: divulgação)

Zanini de Zanine (Foto: divulgação)

Viés é uma trajetória ou direção oblíqua, segundo o dicionário. É uma linha ou segmento diagonal. No design, Viés é a união do design contemporâneo – inquieto e indiferente ao modismo e às práticas tecnológicas que apenas afastam o criador de sua criação – com aquele design modernista que, nas décadas de 1950 e 1960, impulsionaram a construção da linguagem do mobiliário nacional.

Unir esses dois tempos foi o desejo do trio que criou o projeto Viés, hoje um Selo do design nacional que se propõe a fazer o lançamento anual de peças do mobiliário brasileiro modernista e contemporâneo. Um desses nomes já é conhecido do Blog AZ, pois sua criatividade já foi pauta pra muita matéria nossa.

Zanini de Zanine nasceu no Rio de Janeiro e, ainda na infância, observava o trabalho do pai, José Zanine Caldas. Se o talento veio de berço ou de convivência paterna é difícil saber, sabemos apenas que Zanini de Zanine não poderia seguir outro caminho. Nomeado Designer do Ano pela Maison & Objet Americas 2015, Zanini de Zanine graduou-se em Desenho Industrial pela PUC-Rio em 2002 e, a partir de então, começou a produzir móveis em madeira maciça, com peças de demolição que batizou de “Carpintaria Contemporânea”.

Em 2005 começou a desenvolver peças produzidas industrialmente, deixando de escolher apenas a madeira como material para o seu design. Atualmente, o designer dirige o escritório de leva seu nome: Studio Zanini e á recebeu os mais importantes prêmios de Design do Brasil e fora pelos móveis que criou nos dois segmentos.

Juntamente com Ronald Scliar Sasson e Flavio Franco, está a frente do novo selo Viés, que está distribuindo pelo Brasil mobiliário criados por eles e por outros nomes tradicionais do design nacional. Nesta primeira coleção de 2015, Zanini de Zanine lançou a Poltrona Serfa.  “O que une o design de hoje ao criado nas décadas de 50 e 60 é o calor, o uso continuo da madeira”, explicou o designer sobre a relação da Serfa com o passado.

Para Zanini, o aspecto das peças dos anos 50 que estão sendo trazidas para as criações contemporâneas da Viés são a elegância e a delicadeza. “Com o Viés, vamos tentar apresentar uma linha de raciocínio, confrontar os trabalhos que têm brasilidade em diferentes momentos, como o Zanini Caldas, nos anos 50, e o Ronald Scliar Sasson e o Flavio Franco, na década de 90. Sempre reforçando o contraste de diferentes regiões dessa imensidão que é o Brasil”, concluiu.

Zanini de Zanine - Poltrona Serfa (Foto: Claudio Fonseca)

Zanini de Zanine – Poltrona Serfa (Foto: Claudio Fonseca)

O Viés do design brasileiro

Projeto reúne nomes contemporâneos e modernistas do criativo circuito de designers brasileiros para o lançamento de peças de mobiliário

 

Zanini de Zanine - Poltrona Serfa

Zanini de Zanine – Poltrona Serfa

O que o design modernista representa para o mobiliário nacional é um tema de tamanha importância que os designers Flavio Franco, de Teresina, Zanini de Zanine, do Rio de Janeiro, e Ronald Scliar Sasson, de Gramado, resolveram desenvolver um projeto com o objetivo de criar móveis de madeira assinados e catalogados anualmente que têm o modernismo como um de seus maiores traços.

Viés foi o nome escolhido pelo trio para batizar a coleção que explora dois lados de um mesmo design. De um deles estão as formas puras, criadas por ícones das décadas de 50 e 60 que contavam com os recursos nem sempre suficientes da indústria moveleira nacional, ainda em seus primeiros passos – como José Zanine Caldas e Aida Boal. Do outro, uma geração que poderia contar exclusivamente com tecnologia a serviço do móvel, mas que não abre mão da poesia.

Foi sobre este mesmo teto criativo que nasceu o projeto Viés, selo para venda de mobiliário assinado, catalogado e carregado de histórias. O Projeto Viés apresenta a sua primeira série de peças de premiados designers nacionais contemporâneos e importantes representantes da história do mobiliário modernista brasileiro. Uma edição de peças será produzida a cada ano por fábricas brasileiras para serem comercializadas nas lojas e galerias do Brasil, como a Armazém da Decoração.

O novo Selo Viés não poderia chegar ao Brasil sem fazer uma parada no Blog AZ, então durante esta semana vamos apresentar um pouco melhor o projeto por meio de seus designers… Aguardem!

Jose Zanine Caldas - Banco Belmonte

Jose Zanine Caldas – Banco Belmonte

Aida Boal - Poltrona Christina

Aida Boal – Poltrona Christina

Fotos: Claudio Fonseca