Design é Meu Mundo / Sofá On

Os trabalhos sem concreto de Oscar Niemeyer

Projeto de Léo Romano

A silhuetada capital brasileira nos remete a Oscar Niemeyer. Suas obras, espalhadas por diversas cidades brasileiras e mundiais, nos faz prontamente pensar no arquiteto mais famoso do Brasil, já que seus projetos icônicos possuem traços comuns entre si. Mas a silhueta de uma casa também pode ser Oscar, já que o arquiteto criou ícones também no design mobiliário.

Desde a década de 1970 até pouco antes da sua morte, em 2012, que Niemeyer lançou em seus papeis não apenas projetos de edifícios, mas também de mobiliários – que passaram a ser produzidos em parceria com sua filha, Anna Maria Niemeyer. Ele não foi o único. Naquele período outros importantes nomes da arquitetura modernista brasileira passaram igualmente a desenhar móveis com o intuito de decorar o interior de seus projetos de arquitetura.

Enquanto o pai desenhava os croquis, cabia a Anna a função de tridimencionaliza-los. Os destaques principais ficaram por conta da Chaise Rio e do conjunto Poltrona e Banqueta Alta, atualmente espalhado pelo Salão Verde do Palácio do Planalto em Brasília. Mas outras peças, menos conhecidas, carregam os traços do mestre da arquitetura nacional.

A Linha On foi criada por Niemeyer enquanto o arquiteto morava na França, ainda a década de 1970. O sofá chegou ao Brasil em 1978, após o trabalho conjunto do arquiteto com sua filha galerista e designer de interiores. “Desejávamos, minha filha e eu, encontrar um novo desenho que permitisse, com o uso de madeira prensada, imaginar coisas diferentes dos móveis tradicionais”, explicou o arquiteto ao falar sobre a On.

Palácio da Alvorada visto de dentro

Fotógrafo mineiro Orlando Brito divulgou 46 imagens da casa oficial da presidência da república

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Entra governo e sai governo, os integrantes desse palácio mudam, mas sua beleza continua lá e foi imortalizada pelas lentes do fotógrafo Orlando Brito. É que o fotógrafo mineiro radicado em Brasília divulgou 46 imagens da casa oficial da presidência da república.

Alvorada foi o nome dado por Juscelino Kubitschek ao primeiro edifício inaugurado na Capital Federal. Quem conhece Brasília sabe que o nascer e o por do sol na cidade formam obras de arte naturais no céu, mas o nome foi dado por outra razão. Segundo o então presidente, “o que é Brasília, senão a alvorada de um novo dia para o Brasil?”.

O palácio foi projetado por Oscar Niemeyer na década de 1950 e tornou-se um símbolo do modernismo brasileiro. Madeiras, linhas retas e sobriedade são características marcantes da mansão presidencial, localizada às margens do lago Paranoá.

Por fora, o Alvorada é revestido de mármore com cortinas de vidro. O palácio ficou conhecido por seus pilares, símbolo do progresso técnico da engenharia. Niemeyer adotou formas puras e geométricas que, por outro lado, exigiram dos engenheiros cálculos mais complexos. Para Niemeyer, a concepção da obra estava na forma dos seus suportes que caracterizam o edifício e conferem uma leveza ao palácio.

As fotografias mostram um pouco o que é o interior do palácio, construído em três pavimentos. Orlando Brito, autor das imagens, chegou a Brasília quando menino e uniu a beleza da capital à importância de seu trabalho: atua em temas como política e economia, mas sem deixar de fotografas aquilo que Brasília tem de mais belo.

Atualmente o Palácio da Alvorada está desabrigado. É que com a saída da ex-presidente Dilma Rousseff, após processo de impeachment, seu antigo vice e agora presidente da República Michel Temer continua morando no palácio do Jaburu – casa oficial da vice-presidência da república – que estuda com sua família a possibilidade de se mudar e terminar o mandato presidencial morando no Palácio da Alvorada.

Fotos: Orlando Brito
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Design Olímpico

A abertura dos Jogos Olímpicos 2016 destacou o que o Brasil tem de melhor, inclusive no design, arquitetura e paisagismo

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A noite da última sexta-feira (5) foi uma celebração do Brasil para o mundo. Pelo menos foi esse o resultado que a equipe comandada pelo cineasta Fernando Meirelles (diretor de Ensaios sobre a Cegueira e Cidade de Deus) conseguiu com a belíssima cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

A capital carioca recebe 16 dias de jogos com mais de 11 mil atletas de mais de 200 países e a abertura foi o momento de mostrar ao mundo o que o Brasil tem de melhor. Além da música, muito bem representada por nomes como Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Elza Soares, a arte, o design e a arquitetura marcaram presença.

Um grito pelo Meio Ambiente

Um grito pelo Meio Ambiente

Bem no início da cerimônia fomos presenteados com uma versão do hino nacional cantada por Paulinho da Viola e músicos bem confortáveis sobre as poltronas Lúcio, do nosso eterno mestre do design moveleiro Sérgio Rodrigues. A homenagem acertou dois alvos com uma só peça de design. A cadeira Lúcio foi uma homenagem de Sérgio Rodrigues ao amigo Lúcio Costa, responsável por desenhar o plano piloto que deu vida à capital federal.

Mas esses nomes não foram os únicos do design a aparecer em referências festivas durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. A arte geométrica brasileira foi igualmente homenageada com a representação do trabalho de Athos Bulcão, que muito fez por Brasília. Nos primeiros segundos da abertura, antes mesmo do presidente do Comité Olímpico Internacional ser anunciado, bailarinos dançaram no palco com tecidos nas formas geométricas usadas por Bulcão em seus trabalhos artísticos.

Formas geométricas de Athos Bulcão

Formas geométricas de Athos Bulcão

Outro momento de grande inspiração foi o voo de Santos Dumont no 14 Bis. O avião voou pelo Maracanã ao ritmo da bossa nova. Sobre as curvas da Cidade Maravilhosa, mostrou o Rio que tanto inspirou Tom Jobim, Vinícius de Moraes e as obras de Oscar Niemeyer e do paisagista Roberto Burle Marx – Burle Marx inspirou os organizadores também no formado do palco que representa um de seus famosos jardins carioca.

Ao final ficou, além da alegria, uma bela mensagem de respeito e de paz. Fernando Meirelles, ativista ambiental, aproveitou que a festa com cerca de 3 bilhões de espectadores atentos de todo o mundo,  para chamar a atenção para a necessidade de preservação ambiental. Uma floresta foi plantada com uma sementinha de árvore trazida por cada um dos atletas que entraram na arena. Daqui uns anos, além da lembrança, o Rio herdará desse momento uma floresta de árvores das nações.

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Fotos: Agência Brasil/ Divulgação

Poltrona Alta de Oscar Niemeyer agora pela ETEL

ETEL passa a reeditar a Poltrona Alta de Oscar Niemeyer e sua filha Anna Maria Niemeyer

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Todos sabem da importância de Oscar Niemeyer para a arquitetura, mas para os mais distraídos, alguns móveis do arquiteto podem passar despercebidos. Ocorre que entre os modernistas mais irreverentes, virou quase um hábito criar móveis para decorar seus inusitados projetos. Foi assim que Niemeyer virou também designer.

Algumas de suas peças, como a famosa Cadeira de Balanço Rio, estavam sendo reeditadas pela ETEL interiores. Este mês a marca adicionou mais um mobiliário em seu catálogo, a Poltrona Alta que Niemeyer desenvolveu em parceria com sua filha Anna Maria. Oscar Niemeyer começou a desenhar sua linha de móveis na década de 1970 e convidou a filha para desenvolver os projetos com ele.

“Desejávamos, minha filha e eu, encontrar um novo desenho, que permitisse, com o uso de madeira prensada, imaginar coisas diferentes dos móveis tradicionais”, disse o arquiteto certa vez em entrevista para a Revista Casa Claudia.  Em 1971, a atemporal poltrona Alta nasceu com as curvas que são inerentes nos trabalhos de Niemeyer.

A peça em madeira prensada, laqueada de preto com revestimento em almofadas de couro logo ganhou o público – a apresentadora e comediante americana Ellen Degeneres mantém um casal de Altas em sua casa em Beverly Hills.

Casa de Ellen Degeneres em Beverly Hills

Casa de Ellen Degeneres em Beverly Hills

Jornal britânico inclui Brasília na lista dos dez destinos de turismo arquitetônico

O jornal britânico The Guardian incluiu Brasília na lista das dez cidades que devem ser visitadas por turistas que buscam rotas arquitetônicas

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No meio do cerrado brasileiro, lá onde não havia muita coisa, uma cidade se levantou praticamente do nada. Seu nome? Brasília. A capital federal, uma jovem de apenas 55 anos de idade, carrega em sua história a fama de sua arquitetura. Nascida fora de seu tempo, e de qualquer tempo, Brasília destaca-se no meio das outras 26 capitais brasileiras e chama a atenção do mundo. Quem conhece, se espanta. Por isso o jornal britânico, The Guardian, incluiu a cidade entre os dez melhores destinos de turismo de arquitetura do mundo.

Segundo a lista, divulgada no final de 2015, a capital modernista deve ser conhecida pela sua arquitetura incomum. Brasília divide a lista com Miami, por sua art déco, com o cubismo e a art nouveau de Praga e outras sete cidades espalhadas pelos quatro cantos do mundo. É plenamente justificável a eleição do planalto central para figurar nesta lista, já que “a construção de Brasília começou em 1956 – com a cidade rapidamente se tornando um marco na história do planejamento de cidades”, como lembrou a própria publicação.

Muito antes dos planos desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek, dos planejamentos urbanistas de Lúcio Costa ou dos desenhos pós-modernistas de Oscar Niemeyer, Brasília já estava prometida ao Planalto Central. A discussão entorno da mudança da capital para o interior do país data de antes do Brasil virar uma república. A Constituição da República de 1891 definiu que essa nova capital deveria ser construída no Planalto Central.

Foi apenas 64 anos após esta decisão que a capital federal começou a ser construída no interior de Goiás, agora um Distrito Federal. O traçado da cidade obedeceu ao plano piloto de Lúcio Costa, batizado com este nome por ter sido a primeira proposta urbanística criada para a cidade. A ideia inicial era fazer uma cidade com a forma de uma cruz, mas o nome “Plano Piloto”, somado à semelhança do projeto com o desenho de uma aeronave, fez com que o formato da área fosse popularmente comparado com um avião, composto de um eixo monumental suas asas.
Brasília

Os prédios principais foram desenhados por Oscar Niemeyer e sua ideia de arquitetura explica bem a cidade. “Quando eu crio um prédio eu não me tranquilizo antes de ver que ele causa espanto e cria emoção”, contou certa vez em entrevista sobre Brasília.

O projeto urbano de Lúcio Costa, com as superquadras, tinha a intenção de criar bairros que favorecessem as relações interpessoais. O térreo dos edifícios seriam abertos e públicos para permitir que crianças brincassem próximas a seus blocos. Entre as quadras a única divisão seria uma área verde, sem cercas, com reserva de área para pequenos comércios locais, espaços onde todos poderiam se encontrar.

Ocorre que Brasília cresceu além do planejado. As asas norte e sul não foram suficientes para abrigar seus moradores e cidades satélites foram nascendo, ao contrário de sua cidade mãe, sem qualquer planejamento urbanístico. Outro ponto que pesou na construção da cidade foi justamente a construção da cidade. O presidente queria levantar a capital até o fim de seu governo, o que daria aos envolvidos no projeto um prazo de apenas quatro anos para concluir as obras. A velocidade com que a cidade foi levantada rendeu à Novacap, empresa responsável pelo projeto, a fama de ter sido responsável pela morte de inúmeros funcionários.

O charme da capital administrativa fica por conta também do Lago Paranoá. Criado artificialmente no intuito de elevar os baixos índices de umidade da região, o lago possui 48 quilômetros quadrados de área, profundidade máxima de 38 metros e cerca de oitenta quilômetros de perímetro. A cidade, além de ganhar o título de capital da arquitetura pós-moderna, foi tombada pela UNESCO em 1987 como patrimônio mundial.

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Copan: as histórias nascidas do concreto

O Blog AZ começa uma série com crônicas da vida vivida e inventada nas paredes do Copan, o maior edifício residencial da américa latina – projeto de Oscar Niemeyer

Foto do edifício Copan, em São Paulo, de Oscar Niemeyer

Da dura poesia concreta de tuas esquinas à deselegância discreta de tuas meninas, Sampa’ abriga um número incontável de arranha-céus, mas poucos deles tiveram o privilégio de se tornar cartão postal como o icônico Edifício Copan.

Entre a Avenida Ipiranga e o final da Rua Consolação, foi erguida a construção mais controversa da capital paulista. Copan é um volume cheio de curvas com 400 quilos de concreto por metro cúbico. O prédio conta com 1.160 apartamentos divididos em seis diferentes blocos, cada um com uma entrada individual, cada um com histórias para contar.

O mais curioso do Copan é a sua diversidade. O edifício abriga cerca de 5 mil moradores, com uma circulação diária que chaga a 6.500 pessoas. Os apartamentos variam de 29 m² a 214 m² e essa particularidade faz com que o Copan abrigue pessoas de todos os estilos e todas as classes sociais.

Com o declínio do centro urbano na década de 1970, o edifício entrou em decadência chagando a ser considerado um cortiço vertical. Após sua revitalização, 20 anos mais tarde, o prédio começou a atrair a classe média em busca de apartamentos bem localizados a preços mais baixos. Segundo os próprios moradores, no Copan tem de “analfabeto a PHD, de Mercedes a Fusca” e toda beleza advinda dessa diversidade.

Tente juntar 5 mil habitantes em uma mesma comunidade vertical e dela você vai conseguir tirar um livro. Foi o que fez a escritora Regina Rheda quando lançou o Arca sem Noé – Histórias do Edifício Copan, ganhador do prémio Jabuti. A internet hospeda também o Blog da jornalista Polly Mariah chamado Edifício Copan: Suas vidas, Seus amores dedicado a contar as histórias dessa comunidade urbana de concreto.

De brigas de casal a hospede fantasma, tudo acontece entre as paredes do Copan e algumas dessas histórias serão contadas aqui no Blog AZ nas próximas semanas… Aguardem.

Copan e suas histórias

Marco histórico da capital paulista tem muitas histórias para contar e o Blog AZ vai narrar algumas

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Entre cada tijolo não cabe apenas o cimento, mas algumas histórias pra contar. O edifício Copan coleciona uma centena delas. A construção foi levantada seguindo o projeto de Oscar Niemyer e acabou se tornando um marco histórico da capital paulista.

A construção foi iniciada em 1952, mas a falência da investidora Roxo Loureiro S.A e a quebra do Banco Nacional Imobiliário interromperam o andamento da obra. Em 1957, o Bradesco comprou os direitos da construção e conseguiu concluir o alicerce do prédio em 1967.

O edifício Copan foi um projeto da Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo por ocasião das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo. O projeto original compreendia em um edifício residencial de 30 andares e outro que abrigaria um hotel com 600 apartamentos. Os prédios seriam ligados por uma marquise no térreo com cinema, teatro e comercio.  Entretanto, no final, apenas o edifício residencial foi construído.
Foto do edifício Copan, em São Paulo, de Oscar Niemeyer

O resultado final da geometria sinuosa acabou por não agradar seu projetista. Niemeyer relacionou a obra em sua autobiografia, mas nunca escondeu insatisfação quanto ao resultado final que não seguiu o projeto piloto desenvolvido por ele. Com a não construção da torre do hotel, a ideia original da Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo de construir um edifício que explorasse o setor turístico da cidade perdeu o sentido e o setor imobiliário se aproveitou da situação.

Durante as décadas de 1950, 1960 e 1970 o edifício se tornou a imagem da “São Paulo moderna”, mas chamou atenção mesmo pelos números suntuosos: o edifício tem 115 metros de altura, 35 andares incluindo três comerciais, além de dois subsolos, e cerca de dois mil residentes. É considerada a maior estrutura de concreto armado do Brasil e seus 1160 apartamentos distribuídos em seis blocos ganharam o título de maior edifício residencial da América Latina.

Em 1994 a escritora Regina Rheda lançou o livro de contos Arca sem Noé – Histórias do Edifício Copan, ganhador do prémio Jabuti. O edifício Copan faz parte da história e da vida de São Paulo e o Blog AZ vai contar algumas dessas histórias.

Câmara em foco

Salão Verde da Câmara dos Deputados está mobiliada com peças de Oscar Niemeyer

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O assunto do Blog AZ de hoje é a Câmara dos Deputados, mas relaxa que não vamos falar de corrupção, redução da maioridade penal ou sessões que se realizam na calada da noite. Aliás, vamos falar de um espaço na Câmara dos Deputados onde não se realizam sessões ou mesmo ocorrem votações.

Estamos falando do Salão Verde. O espaço, que assim como grande parte de Brasília também está colorido por Athos Bucão, é o local destinado ao povo e aos jornalistas, pois é lá que eles podem se encontrar com seus representantes. Mas, além de nos encontramos com os políticos, encontramos no Salão Verde figuras ilustres como o já mencionado Athos Bulcão e seu amigo Oscar Niemeyer.

Estes ilustres artistas já nos deixaram, mas para nossa sorte nos deixaram também seus trabalhos. O Salão Verde da Câmara é cercado por um painel de Athos Bulcão e por peças de Oscar Niemeyer e outros designers.

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A escolha do mestre da arquitetura para mobiliar o espaço não foi aleatória.  Oscar Niemeyer foi o autor do projeto de reforma realizada na casa no início da década de 1970 e trazer as Poltronas Alta para comporem a decoração do ambiente foi uma tentativa de recuperar as feições originais de seu projeto de mais de 40 anos atrás.

Além das cadeiras e mesas desenhadas por Oscar Niemeyer, outros nomes de peso compõem o ambiente, que está decorado por oito tapetes e mobiliário complementar, 12 poltronas, seis banquetas e um couch Barcelona, desenhados pelo arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), bem como quatro poltronas LC1 e duas poltronas LC2, desenhadas por Le Corbusier (1887-1965). Fazem parte do espaço também 88 cadeiras Saarinen e 22 mesas do Café Parlamentar do Salão Verde e da sala VIP do plenário Ulysses Guimarães.

A arquitetura de Rem Koolhaas

O arquiteto holandês ganhou espaço e fama internacional e é considerado um dos grandes representantes da arquitetura pós-moderna

Rem Koolhaas
Remment Lucas Koolhaas ou apenas Rem Koolhaas estudou cinema e televisão, mas dedicou sua vida para a arquitetura após se formar na Architectural Association School of Architecture, em Londres. Atualmente, além de ser um conceituado arquiteto, é também curador da Bienal de Veneza e professor de Harvard. Com suas obras carregadas do pós-modernismo liberal, Koolhaas assina importantes obras como a Casa da Música, em Porto, e a embaixada holandesa em Berlim.

Sua arquitetura pode ser vista nos quatro cantos do mundo e seu trabalho exige uma jornada quíntupla, já que Koolhaas possui escritórios em Nova York, Pequim, Hong-Kong, Doha e Roterdã. Após sua última visita ao Brasil em 2011, Koolhaas topou falar um pouco mais sobre nosso modernismo e a arquitetura em uma entrevista para a Folha de S. Paulo.

Ao se deixar entrevistar pela Folha de S. Paulo após um ano de trocas de e-mails e negociações entre os jornalistas do jornal brasileiro e a assessoria do arquiteto holandês, Rem Koolhaas falou sobre sua paixão pelo modernismo brasileiro e direcionou duras críticas ao arquiteto que desenhou Brasília. Para o ganhador do Pritzker em 2000, Niemeyer era um hedonista que não respeitava as regras e nem a cidade que criou.

“Podemos aprender com Brasília que algo artificial e recente pode oferecer – em um período de tempo incrivelmente curto – um ambiente urbano criativo, produtivo e instigante”, elogiou a seu modo a modernidade da cidade de Niemeyer. Quando foi falar no arquiteto, entretanto, não deixou de criticar a forma como o brasileiro se perde em um homem e para de olhar o que está por trás ou além dele. “Os brasileiros estão muito aferrados a Niemeyer”, comentou durante a entrevista para a Folha de S. Paulo. “Ele criou uma bruma que impede que olhem além da sombra de um grande homem”.

Ao criticar os últimos trabalhos do arquiteto em Brasília, Koolhaas disse acreditar que Niemeyer estava projetando sua própria caricatura em um gesto quase hedonista. Koolhaas afirma que seu investimento emocional está na arte, então não fica difícil entender porque que o arquiteto topou colaborar com a Bienal de Veneza.

Arte na diplomacia

Arte e arquitetura espalhadas pelas sedes da Organização das Nações Unidas em várias partes do mundo

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Marco na representação dos Direitos Humanos em um mundo recém-saído da Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) vem desempenhando um papel fundamental na diplomacia internacional e nos direitos do homem e do cidadão. Mas a cultura faz parte desses direitos e o órgão acabou se tornando um propagador das artes. Além de projetos culturais mundo a fora, a própria ONU vem demonstrando seu interesse pela arte e arquitetura nas sedes diplomáticas localizadas em dezenas de capitais e grandes cidades dos países membros.

O maior exemplo do apoio à arte tem nome, localização e um orçamento pra lá de caro. Estamos falando da obra do espanhol Miguel Barceló localizada no Palácio das Nações, em Genebra, e que ficou apelidada como a Capela Sistina do Século 21. O teto é a representação multicolorida das transformações do mundo contemporâneo criado com diversas estalactites – formações rochosas sedimentares que se originam no teto de uma gruta ou caverna.

A obra, inaugurada em 2008 com um orçamento de US$ 23 milhões financiados pelo governo e empresas da Espanha, preenche os 1,4 mil metros quadrados do teto do Salão de Direitos Humanos. Nas palavras do artista, sua criação “permite que, dependendo do ponto de vista, a obra mude por completo em uma metamorfose infinita de formas e cores”. Para criar sua obra, após 13 meses de trabalho, o artista utilizou mais de 35 toneladas de tinta.
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Em Nova York o arranha-céu sede da ONU já é uma atração turística em si. Em 1947, quando foi decidida a instalação da sede da Organização das Nações Unidas em Nova York em um terreno doado por Nelson Rockefeller (com o apoio de Le Corbusier), formou-se um comitê internacional de arquitetos de diferentes países, presidido por Wallace Harrison, que se interessou em convidar o brasileiro Niemeyer.

Nomes de peso fizeram parte do comitê como o próprio francês Le Corbusier, além de Gaston Brunfaut (Bélgica), Ernest Cormier (Canadá), Ssu-Ch’eng Liang (China), Sven Markelius (Suécia), Nikolai D. Bassov (União Soviética), Howard Robertson (Inglaterra) e Julio Vilamajó (Uruguai). Niemeyer, filiado ao Partido Comunista Brasileiro em 1945, teve dificuldades em transitar por uma América que iniciava a Guerra Fria contra a União Soviética.

Após ter o visto de entrada nos Estados Unidos negado em 1946, quando foi convidado a palestrar na Universidade de Yale, Niemeyer obteve autorização para morar sete meses em Nova York como membro da equipe internacional da ONU. Lá apresentou a planta do que seria o grande símbolo da aliança dos países no pós-guerra com seus elementos funcionais básicos, apresentando diferentes alternativas ao projeto criado por Le Corbusier e agradou o comitê. Hoje o arranha-céu é uma das representações do brasileiro em terras americanas.

Na parte interna, o prédio é dono da obra Guerra e Paz de Candido Portinari, que rodou o mundo em uma recente turnê internacional que incluiu o Brasil como destino, mas já está de volta em sua casa. A ONU é dona de outras sedes que agregam arquitetura, natureza e arte que são um passeio turístico a parte.

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