Je suis Charlie, je suis l’humanité

Museu de Arte Moderna do Rio traz exposição que lembra que a luta pela liberdade de expressão e pelo fim de preconceitos não é tema novo

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Há uma semana do ataque terrorista na sede da revista francesa Charlie Hebdo, o Blog AZ mistura arte e luta social em defesa dos direitos humanos livre de qualquer preconceito. O Charlie Hebdo é conhecido por publicações de humor crítico ao fundamentalismo religioso, chegando a ser acusado de islamofóbico. A revista foi alvo, na última quarta-feira (8), do atentado que deixou 12 mortos entre jornalistas e policiais.

O mundo se dividiu entre ser Charlie pelo simples fato de repudiar a violência ou não ser Charlie por acreditar que, mesmo com violência injustificada, a liberdade de expressão deve ser limitada. Sem entrar nesse mérito, o Blog AZ lembra que este tema está longe de ser novo ou superado.

Durante a ditadura militar, que assombrou o Brasil por mais de 20 anos, se expressar era um direito mitigado. Após o Ato Institucional número 5, que endureceu ainda mais o regime dos militares, todo e qualquer veículo de comunicação deveria ter a sua pauta previamente aprovada e sujeita a inspeção local por agentes autorizados.
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O período conhecido como “anos de chumbo” ficou marcado na cabeça de tantos que foram censurados e torturados. Para não esquecer esta triste memória, as lutas não pararam. A arte não precisa de tragédias como a que ocorreu em Paris para lembrar que violência não pode calar ou amedrontar uma sociedade, seja ela por religião ou por poder.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) mesclou fotografias tiradas em julho de 2013 – quando o Brasil saiu às ruas para pedir mudanças sociais e políticas – com àquelas tiradas durante a ditadura militar. O intuito é propagar a recusa da lógica ainda intrínseca da exclusão e do preconceito.
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“A frase-estandarte “seja marginal, seja herói”, escrita por Oiticica no começo da ditadura, não fazia apologia ao crime. Era uma convocação à resistência, à necessidade de cada um enfrentar a naturalização de um estado de exceção que se tornara norma. Ser marginal era optar pela margem, pela não acomodação, pela dissidência. Se a ordem é perversa, é uma exigência ética enfrenta-la. Sempre.”, escreveu na entrada da exposição o curador Luiz Camillo Osório.

A ida de milhares de pessoas às ruas europeias e, principalmente francesas, em defesa da liberdade e da paz é a demonstração de que quando a ordem é perversa, precisamos lutar. Foi assim que lutaram aqueles que resistiram ao período ditatorial e que foram homenageados por esse belo ensaio fotográfico exposto no segundo pavilhão do museu carioca. Confira algumas fotografias.
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A arte de brincar com a arte

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro expôs pela primeira vez o projeto Caneta, Lente & Pincel, trabalho artístico criado especialmente para a internet

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A escrita não surge apenas das mãos habilidosas do interlocutor ao se deparar com uma folha em branco. Colocar as letras, uma ao lado da outra, para que juntas formem um texto com algum sentido demanda inspiração e foi em busca de se inspirar que o projeto Caneta, Lente & Pincel surgiu.

O projeto, que nasceu há mais de cinco anos por meio de plataforma online – um badalado Blog criado pelos integrantes do coletivo –, se desenvolve através de rodadas sucessivas em que uma obra visual ou uma fotografia servem de inspiração para a criação de um texto, em prosa ou em verso. Em outras rodadas, a situação se inverte e o texto é que inspira a criação da imagem.

A brincadeira entre imagem e palavra deu jogo e o projeto está hoje exposto no térreo do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. A exposição foi a materialização do trabalho que era feito apenas no espaço multiforme da Internet. Para o museu foram criadas obras inéditas, atualizando a dinâmica do blog no espaço da galeria.
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Para a exposição, o primeiro artista recebeu um tema secreto (jogo) e os seguintes criaram suas obras se inspirando nas anteriores. O resultado foi um turbilhão de sentimentos. Visto de longe, a exposição é apenas uma coleção de peças artísticas sem muito sentido, mas o olhar atento nos conta o que cada artista quis narrar com suas imagens e textos.

O blog é alimentado com textos e imagens assinadas por Carlos Monteiro, Fernanda Franco, Fernanda Lefevre, Gilson Beck, Leticia Hasselmann, Magali Rios, Magda Rebello, Marcelo Damm, Marcos Sêmola, Maria Matina, Pacha Urbano, Paula Sancier, Pilar Domingo e Rudy Trindade, mas aceita a participação do público por meio de e-mails enviados aos artistas do coletivo.

Acesse e descubra esse mundo e imagem, som e palavras.
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