Hanazaki: o crescimento da flor

Alex Hanazaki, um dos maiores nomes do paisagismo brasileiro, e seu trabalho poético com as plantas

 

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Paulista de descendência japonesa, Alex Hanazaki formou-se em arquitetura, mas transformou-se em paisagista – por vocação. O profissional atribui à sua infância e juventude em Presidente Prudente, local de muita agricultura, a capacidade que possui de transfazer o simples em algo sofisticado.

Alex extrai da natureza  formas, cores e texturas que pelas suas mãos se traduzem em paisagem moderna. Jardins particulares de alma e linguagem poética. Seus ambientes são minimalistas, no conceito e no cuidado, feitos de detalhes que flertam com o purismo e seus significados. “O desafio de criar o jardim é fazer com que a pessoa permaneça nesse espaço”, explica o paisagista.

Por uma coincidência do destino, seu nome e profissão possuem uma forte ligação. “Hanazaki”, na origem japonesa, significa flor (hana) e crescimento (zaki). Não é atoa que Hanazaki é considerado  um dos grandes nomes do paisagismo moderno no Brasil. Exemplo disso é que o jardim desenhado pelo paisagista para a casa da arquiteta Debora Aguiar, em São Paulo, foi eleito o mais bonito do mundo pela Sociedade Americana de Arquitetos e Paisagistas (Asla) em 2014.

Seu objetivo é criar jardins como obra de arte, sem deixar de lado a importância desses espaços na vida das pessoas. “Questões como acessibilidade e harmonia botânica nas calçadas são preocupações que se os novos empreendimentos hoje tiverem, já é uma mudança de cenário, isso só tende a deixar a cidade muito mais bonita, muito mais permeável e muito mais acolhedora”. A frente de um escritório em São Paulo afinado com seu perfeccionismo, Alex trabalha com projetos comerciais e residenciais.
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Tidelli e Butzke no jardim do Eleonora Hsiung Ateliê

O Eleonora Hsiung Ateliê abriu suas portas sábado para receber convidados em seu jardim ambientado pelo estúdio Leão Arrais com peças da Tidelli e Butzke

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A tarde de sábado mostrou que esse calor pode ser prazeroso. Não estamos falando da sensação térmica, pois esta nunca é prazerosa em uma primavera 40 graus. Estamos falando de decoração. O estúdio Leão Arrais, comandado pelos arquitetos W. Leão Ogawa e Heitor Arrais, combinou peças da Tidelli com a Butzke para ambientar uma bela varanda – que você pode levar para a sua casa.

Como todos sabem a Tidelli é In&Out. A marca combina cores com um estilo despojado e qualidade que permite que suas peças durem quando atacadas pelas intempéries do tempo (até no calor goiano). A empresa está há mais de duas décadas no mercado e uma de suas características mais marcantes é a diversidade dos produtos que cria. Com muita cor, e corda, seus móveis combinam com um jardim, uma varanda ou mesmo uma sala fechada.

Acompanhando as cores da marca dos jardins, Ogawa e Arrais aproveitaram a madeira da Butzke. A empresa existe há mais de cem anos, mas nas mãos da Guido Otte ganhou novo fôlego e entrou com tudo no mercado moveleiro. A Butzke se especializou na produção de produtos com eucalipto certificado e a madeira é a alma do negócio.

A composição das peças cheias de identidade deu identidade para o atelier de Eleonora Hsiung no ultimo sábado. Com música, arte e amigos, o evento mostrou que um jardim cumpre seu objetivo quando serve para servir de aconchego um ambiente e aproximar os amigos nos dias quentes de verão ou nas noites frescas de inverno.

As plantas do Brasil

O design brasileiro ganha força com o projeto de João Paulo Florentino para o Jardim da Casa Cor 2015

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Moramos em um país onde o próprio nome se remete à vegetação, então para trazer a brasilidade para dentro de um jardim, o veterano de Casa Cor João Paulo Florentino apostou no que a flora brasileira tem de melhor. A aposta deu certo. Em sua terceira participação na mostra goiana, o arquiteto paisagista desenvolveu um ambiente simples, belo e muito acolhedor.

O jardim do Brasil possui 63 m² e foi inspirado na brasilidade do paisagismo nacional, revelado no início dos anos 1960 por Roberto Burle Marx e continua a ser descoberta a cada novo projeto, como no de João. Segundo o arquiteto, o jardim contemporâneo possui uma forte influência do paisagismo europeu, por isso trazer a brasilidade para o ambiente não foi tarefa fácil.

“Fizemos um passeio pelo estudo da vegetação brasileira até encontrar as plantas que trouxemos para a Casa esse ano”, contou João. A mistura da vegetação possibilitou que João recriasse um cenário natural no espaço reservado para o jardim esse ano. As cores, neutras, compuseram o ambiente para combinar com a vegetação e os móveis complementaram de forma harmoniosa a escolha cuidadosa de tudo que compôs o espaço.

O arquiteto explicou que o projeto debruçou em três linguagens distintas. A primeira delas foi a linguagem da vegetação, claro. As plantas de climas tropicais foram selecionadas com diferentes tipos de folhagem e colorações vibrantes. A cascata colocada num espelho d´água em uma das pontas do ambiente conseguiu ressaltar a exuberância de cada planta que compôs o jardim, recriando uma natureza aberta dentro de uma casa.

A segunda linguagem é a dos materiais e texturas em que a escolha de pisos e revestimentos foi norteada para imprimir características de rusticidade e heterogeneidade ao ambiente. Entretanto, foi a terceira linguagem que recebeu um toque AZ.

A terceira linguagem é a do mobiliário e iluminação, cujos materiais de fabricação refletem a homenagem do espaço à cultura brasileira. A Poltrona Astúria, de Carlos Motta, projetada em madeira de Itaúba com pés de balanço, é o toque final na força do design brasileiro dentro do ambiente de João Paulo Florentino.

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Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

Entre a casa e o muro

O jardim por Benedito Abbud

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O impacto do verde na vida tanto de uma casa quanto de uma cidade fez com que a arquitetura criasse, dentro de sua linha de estudo, toda uma nova maneira de se pensar o bem estar e Benedito Abbud entendeu bem sua importância. Para o arquiteto e paisagista brasileiro, o verde deixou de ser um elemento meramente estético e se transformou em uma solução para as cidades.

Bom, como essa afirmação não é difícil imaginar que o trabalho paisagístico de Abbud envolve diferentes produtos e escalas, que vão desde cidades, bairros, parques, praças, condomínios verticais e horizontais, residências e até empreendimentos corporativos e comerciais, hotéis e flats, habitações compactas, shoppings centers e áreas especiais. Seu escritório já desenvolveu mais de 5.200 projetos em todo Brasil e em outros países como Argentina, Uruguai e Angola.

Com 40 anos de profissão, Benedito Abbud é arquiteto paisagista formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, na qual atuou como professor. Arte, técnica, bom senso, bom gosto e criatividade são as principais ferramentas de trabalho do paisagista. Desde a escolha de uma planta ou um piso até a disposição de cada um dos elementos em sintonia com a arquitetura do ambiente fazem toda a diferença e um belo jardim – tanto em um espaço público, quando em espaços privados – é sinônimo de qualidade de vida.
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“Hoje, a presença do verde e da natureza em centros urbanos é sinônimo de qualidade de vida, motivo para os profissionais, assim como eu, valorizam o verde nas cidades”, afirma o paisagista que dá cada vez mais valor para o verde que anda sumindo das grandes cidades. “Acredito que a atual conscientização da população para a importância de conviver junto à natureza e respeitá-la impacta em uma vida melhor para todos”.

Para Abbud, paisagismo não é um simples jardim. O arquiteto gosta de trabalhar com o conceito de acupuntura paisagística que defende que, a partir do momento em que se melhoram pontos estratégicos do local, esses benefícios se espalham por toda a região onde são aplicados. “O paisagismo é como a acupuntura, que vê seus efeitos se espalhar pelo corpo humano, mesmo sendo aplicada apenas em determinados pontos”. Os cinco sentidos também não são esquecidos pelos trabalhos de Benedito Abbud, que explora sabores, cheiros e barulhos em seus jardins.

O reconhecido trabalho paisagístico de Benedito Abbud não passou despercebido. O arquiteto já viu seu escritório ser premiado diversas vezes e assina alguns livros sobre a qualidade de vida do verde. É também de autoria de Abbud o desenvolvimento dos projetos para a candidatura do Rio de Janeiro à Olimpíada de 2016.

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