Paulo Mendes da Rocha é um ícone da arquitetura nacional assim como as obras que levam a sua assinatura e uma delas está no meio de uma polêmica em Goiânia, já que corre o risco de ser demolida. Estamos falando da sede social do Jóquei Clube de Goiás, localizado no centro da capital.
O Jóquei foi o primeiro clube a ser construído na nova capital, ainda no ano de 1937, e viveu tempos áureos até atingir sua crise em meados da década de 1990. Sua inauguração, três anos após o início das obras, que ocorreram em 1940, contou inclusive com a presença do então presidente da república, Getúlio Vargas.
Em 1962 o clube precisou passar por uma transformação para enfrentar a concorrência, já que novos espaços iguais estavam sendo criados na cidade. A direção convidou nada menos que o ganhador do Pritkzer Paulo Mendes da Rocha para projetar a nova sede.
Paulo Mendes desenvolveu os trabalhos durante a década de 1960 e no ano de 1970 a sede é inaugurada seguindo o estilo modernista do arquiteto. Linhas retas e geométricas com muito cimento e simetria deram vida ao novo clube da cidade.
Acontece que o clube está em crise financeira que vem se agravando nos últimos 20 anos e sua atual diretoria, eleita no final do ano passado, apresentou uma proposta de venda, em outubro deste ano, que foi aprovada pela assembleia dos sócios.
A diretoria foi eleita com a proposta de fazer renascer o clube, mas para arcar com as dívidas acumuladas pela sede atual, pretendem vender o espaço localizado na Rua 3 do Centro para construir o novo dentro do Hipódromo da Lagoinha, na Cidade Jardim. Segundo o presidente da associação, Manoel de Oliveira Mota, para fazer frente às dívidas do clube é preciso realizar a venda do lote e não do edifício, o que permitirá aos novos donos demolir a construção atual.
As negociações já estão avançadas e a possível compradora é a Igreja Universal, que pretende demolir o prédio histórico para dar espaço a construção de um templo religioso no local, algo que vem sendo muito criticado por arquitetos. A hashtag “Salve o Jóquei” e “Somos todos Jóquei” vem sendo compartilhada desde a tarde de ontem e um manifesto, já com 500 assinaturas, foi criado no site Avaaz pedindo que o edifício não seja demolido. Os organizadores preparam um ato em prol da manutenção do prédio para o próximo domingo (3) em frente ao Jóquei Clube.
Em sua rede social, Léo Romano explicou que não se trata de uma disputa entre clube e igreja, mas sim da preservação de um patrimônio arquitetônico. “Trata-se de um patrimônio arquitetônico que, em minha singela opinião, deve ser tombado pelo IPHAN e transformado para alguma finalidade cultural e pública”, explicou o arquiteto.
Imagens: Acervo Paulo Mendes da Rocha