Paulo Alves + Hugo França

Os designers se uniram para trabalhar o que mais amam: a madeira

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A madeira é o fio condutor dos trabalhos dos artistas Hugo França e Paulo Alves, por isso decidiram manusear a matéria-prima a quatro mãos. Ambos têm relação muito íntima com a natureza e o ecodesign e, percebendo isto, Paulo Alves convidou o colega de profissão para lancarem juntos o “Projeto 2: Paulo Alves + Hugo França” DW! 2016 que aconteceu em agosto deste ano.

O “Projeto 2: Paulo Alves + Hugo França” tem como foco trazer formas inovadoras e perspectivas intrigantes ao mobiliário tradicional. “Esse projeto é só um pretexto para trabalhar com um amigo. Hugo França tem um trabalho incrível, admirado e reconhecido internacionalmente. Cruzamos nossas características para criar desenhos únicos que, certamente, nenhum dos dois faria sozinho”, disse Paulo Alves em seu site.
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Madeiras como pequi, garapeira, roxinho e ipê foram as selecionadas pelos designers. Aliás, trabalhar com árvores raras fez com que Hugo França escalasse roedores para seu time de produção. É que algumas das madeiras utilizadas por ele, o pequi-vinagreiro entre elas, apenas cresce depois que suas sementes passam pelo estômago de roedores, como as pacas.

O resultado do trabalho conjunto foi a criação de inéditas e limitadas – bancos, mesas, poltronas, chaises, estantes. “Estou muito satisfeito os resultados dessa iniciativa. Ela estabeleceu uma conexão entre duas artes distintas, mas que, ao mesmo tempo, possuem uma sinergia. Para mim, o design é livre e, quando desafiador, traz resultados surpreendentes”, explicou Hugo França.

As peças compõem mostra itinerante ao longo do Brasil, mas foi recentemente exposta em Miami durante a Art Basel, que aconteceu na última semana.
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Informações e imagens: Estúdio Paulo Alves

Hugo França inaugura mostra “Resgate na Natureza” no Museu Casa Brasileira

Conhecido por seu trabalho com a transformação da madeira, Hugo França inaugura mostra inédita no Museu Casa Brasileira, em São Paulo

(Foto: Adrés Otero)

(Foto: Adrés Otero)

Hugo França trabalha há mais de 20 anos com madeira e o grande chame de sua arte está na palavra “reaproveitamento”. O designer é conhecido por criar peças mobiliárias e decorativas utilizando-se de madeira descartada pela natureza ou pela ação humana. A partir deste sábado (16), o Museu Casa Brasileira abre suas portas para mostrar aos amantes do design trabalhos inéditos de França.

A mostra traz 15 peças criadas exclusivamente para o espaço. A exposição é composta por esculturas, mesas e bancos confeccionados com madeira de pequi que irão decorar o jardim do museu até o dia 19 de outubro. “Tento manter a textura, a forma e os registros da árvore para preservar os traços naturais. Hoje, 90% dessa madeira é coletada em áreas de plantações”, explicou o designer em entrevista para a Folha de S. Paulo.

(Foto: Adrés Otero)

(Foto: Adrés Otero)

Erradicado da faculdade de engenharia, Hugo França começou sua carreira há 15 anos quando desenvolveu uma relação muito íntima com a natureza e o ecodesign. Como nosso cérebro que vê forma nas nuvens, Hugo vê forma e utilidade em tudo que a natureza produz. O designer transforma troncos semi-queimados, canoas abandonadas e raízes de grandes árvores em objetos de decoração e peças de mobiliário.

Segundo o próprio designer, tudo começa e termina na árvore. Gaucho de nascença e baiano de vivência, Hugo se mudou para Trancoso na década de 1980 onde começou a desenvolver suas “esculturas mobiliárias”, produção que ele executa a partir de resíduos florestais e urbanos. São árvores condenadas naturalmente por ação das intempéries ou pela ação do homem que dentro de uma casa passam a ter uma função.

Na abertura da exposição será lançado também um catálogo de mesmo nome da mostra com ensaios fotográficos de Adrés Otero em Trancoso (BA). as fotos exibem os primeiros paços de Hugo na construção de sua arte: a busca pela madeira descartada pela natureza.

(Foto: Adrés Otero)

(Foto: Adrés Otero)

Serviço

Local: Museu Casa Brasileira (São Paulo)
Data: de 16 de agosto a 19 de outubro
Hora: terça a domingo, das 10h às 18h
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Pareidolia do design

Árvores condenadas passaram a ter muito valor nas mãos e mente criativas de Hugo França

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É comum olharmos para o céu em um dia ensolarado e enxergamos formas, rostos e objetos em nuvens brancas que passam por nós e nos lembram padrões como pessoas ou animais e plantas. A ciência logo tratou de dar um nome para esse desejo do cérebro humano de buscar forma para aquilo que parece um contorcido sem significado. Nosso cérebro é programado para reconhecer faces e silhuetas com agilidade em diversas situações, e esta falha recebe o nome de pareidolia. Mas o que essa aula de ciências tem a ver com design?! Bom, tem tudo a ver com o design de Hugo França.

Erradicado da faculdade de engenharia, Hugo França começou sua carreira há 15 anos quando desenvolveu uma relação muito íntima com a natureza e o ecodesign. Atualmente, Hugo é considerado um dos maiores designers contemporâneos com trabalho exposto e bem representado em Nova York pela R20th Century Gallery. “Sua relação com a natureza é algo extraordinário. Hugo tem um talento nato para saber exatamente como manipular as formas naturais”, resume Zesty Meyers, diretor da galeria.

Como nosso cérebro que vê forma nas nuvens, Hugo vê forma e utilidade em tudo que a natureza produz. O designer transforma troncos semi-queimados, canoas abandonadas e raízes de grandes árvores em objetos de decoração e peças de mobiliário. Aqui, mais uma vez, a linha entre arte e design é quase invisível. Hugo usa sua percepção e a pareidolia para criar objetos que vão desde esculturas até pia de banheiro e tudo em resíduos florestais e materiais lenhosas.

Segundo o próprio designer, tudo começa e termina na árvore. Gaucho de nascença e baiano de vivência, Hugo se mudou para Trancoso na década de 1980 onde começou a desenvolver suas “esculturas mobiliárias”, produção que ele executa a partir de resíduos florestais e urbanos. São árvores condenadas naturalmente por ação das intempéries ou pela ação do homem que dentro de uma casa passam a ter uma função. As peças criadas pelo designer nascem de um diálogo criativo com a matéria-prima em um trabalho extraordinário.

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