É já com muita saudade que o Blog AZ fala sobre um dos maiores designers que o Brasil teve a honra de conhecer. Sérgio Rodrigues faleceu na manhã desta segunda-feira (1), aos 86 anos de idade, em decorrência de um câncer terminal. Carioca, Sérgio foi arquiteto e construiu uma carreira brilhante como designer de móveis com peças ícones do design nacional.
Ao lado de nomes como Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, Sérgio Rodrigues levou o design brasileiro para o exterior com seu traço modernista e suas peças de sucesso dos anos 50 e 60. A inquietação do designer ajudou seu lado criativo e Sérgio transformou seu trabalho em uma das mais admiráveis expressões do design nacional. Foi também pelo trabalho de Sérgio Rodrigues que o mundo descobriu que o Brasil tem designers, grades designers.
Sua carreira começou nas cadeiras da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se formou em 1952. Como arquiteto, Sérgio trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba, bairro da capital que concentra os principais prédios do governo do Paraná.
Seu interesse pelo espaço interno não deixou Sérgio longe do design de móveis por muito tempo. Convicto de que “a arquitetura em que o planejamento do espaço interno não é estudado adequadamente não é arquitetura, é escultura”, o designer saltou da arquitetura para a criação mobiliária quando fundou a Indústria Oca em 1954, um dos estúdios de arquitetura de interiores e cenografia mais importantes do mobiliário brasileiro. A Oca foi responsável por expor mais de mil criações de móveis ao longo dos anos.
O conceito de brasilidade está estampado na obra de Sérgio Rodrigues. Carlos Motta, ao falar sobre o jeito brasileiro, logo se lembrou de uma das maiores obras do designer: a Poltrona Mole. “O design internacional muitas vezes é engessado, já o design brasileiro mostra as características de seu povo. Um ótimo exemplo disso é a cadeira Mole, de Sergio Rodrigues. Sérgio aproveitou esse jeito informal do brasileiro para fazer uma cadeira perfeita para se escorar”, brincou Carlos em uma palestra no anfiteatro do Armazém da Decoração em uma visita à capital.
De seu trabalho com o mobiliário, os maiores ícones do design nacional são a Cadeira Oscar (1956), Poltrona Mole (1957), Poltrona Aspas “chifruda” (1962), Poltrona Killin (1973), Banco Sonia (1997) e Poltrona Diz (2001). A Poltrona Mole é hoje parte do acervo do Museum of Modern Art de Nova York (MoMA) e seu sucesso fez com que a enciclopédia Delta Larousse atrelasse seu nome à imagem de “o criador do móvel brasileiro”.
O Brasil perdeu o mestre do design, mas suas peças atemporais imortalizaram Sérgio Rodrigues ao entrarem para a história. É com muito carinho que o Blog AZ dedica esta semana ao mestre para apresentar um especial com suas principais peças de mobiliário.
“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.” (Sérgio Rodrigues).
Sérgio Rodrigues em sua última visita ao Armazém da Decoração
Texto: Bárbara Alves
Fotos: Elton Rocha