Rio de Janeiro é a última cidade a receber exposição sobre Basquiat

A mostra reúne mais de 80 obras de um dos maiores nomes das artes plásticas nas últimas décadas

A exposição sobre o pintor Jean-Michel Basquiat está em sua última parada no Brasil, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, onde permanece até o dia 07 de dezembro. A retrospectiva inédita no Brasil, conta com mais de 80 quadros, desenhos e gravuras de Basquiat, que se tornou um dos destaques da retomada da pintura figurativa na década de 1980. Continue lendo…

Bale da Cidade propõe uma reflexão sobre a cidade e o grafite

A temporada 2017 do Bale da Cidade de São Paulo subiu ao palco com o espetáculo “Risco” para refletir acerca de temas como dança, combate, cidade e grafite

(Imagens: Arthur Costa/ Divulgação)

(Imagens: Arthur Costa/ Divulgação)

O grafite e a ocupação de espaços públicos são temas que se tornaram espinhosos nos últimos anos. De um lado, parte da sociedade não aceita o grafite nas ruas – embora esta percepção venha se alterando na última década – e de outro, o pessoal do Pixo, movimento de pichadores que usam seu spray para subverter – não aceita o grafite como um arte limpa de rua.

Este tema se tornou polêmico em algumas cidades, incluindo Goiânia, como foi mostrado pelo Blog AZ na matéria Um giro pela arte Urbana. Em São Paulo, a polêmica continua. Mas é difícil não ver o grafite como parte integrante do cotidiano das maiores cidades do mundo.

Foi pensando nisto que o Balé da Cidade, em São Paulo, subiu ao palco do Teatro Municipal em uma apresentação que, segundo seu diretor, pretende refletir acerca de temas como dança, combate, cidade e grafite. É que o grafite foi o fio condutor de “Risco”, coreografia inaugural da temporada 2017.

Dirigido pelo consagrado bailarino Ismael Ivo, o novo espetáculo usou a cenografia do diretor cênico Sérgio Ferrara para fazer um elogio ao grafite. No centro do palco, uma imagem do artista americano Jean-Michel Basquiat destacou a figura de um grande grafiteiro  e neo-expressionista.

Cenas filmadas por drones também deram o tom do cenário. Elas projetaram imagens urbanas da capital paulista. Durante a apresentação, os corpos dos bailarinos vão sendo pintados, uma aliança entre o corpo – que representa a dança – e o grafite – que representa São Paulo.

Ismael Ivo explica que “Risco” significa se arriscar na busca por novas soluções artísticas. Quem passar por São Paulo pode conferir a solução encontrada por Ivo para a nova temporada do Bale da Cidade no Teatro Municipal até o dia 1º de Abril.

“Minha tela são os muros da cidade”

A arte acessível de Eduardo Kobra já atravessou fronteiras e agora faz sucesso nos Estados Unidos e na Europa

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A arte, quando está na rua, é verdadeiramente democrática. É assim que pensam aqueles que têm no muro sua tela em branco e, de fato, quando na rua pode realmente ser vista – pelos que têm e também pelos que não tem acesso às caras galerias de arte. Da mal vista pichação até a recém celebrada street art, muitos nomes brasileiros ganharam o mundo, Kobra é um deles.

Eduardo Kobra nasceu em 1976, mas tornou-se conhecido em 2005. Seu trabalho data de mais de uma década antes. Foi em 1987 que iniciou suas rondas de rua pichando muros. Seu talento para o desenho fez com que o artista aliasse subversão à arte. Cerca de dois anos depois substituiu os rabiscos por grafites.

“Eu queria buscar uma identidade para o meu trabalho, algo que tivesse mais haver com a minha realidade. Eu sou um cara que gosto de livros antigos e fotografias históricas, então passei a fazer releituras deste tipo de imagem”, conta o artista em seu site.

Foi com essa identidade que Kobra lançou seu nome no mercado. Ele criou o projeto Muro das Memórias, em 2005, retratando imagens antigas da cidade de São Paulo. Cerca de 50 trabalhos com imagens da antiga capital foram espalhadas por toda a cidade “A ideia foi criar portais para uma cidade que não existe mais”, explicou.

Outro projeto seu de destaque foi com as pinturas anamórficas, conhecidas como pinturas 3D. Eduardo Kobra foi pioneiro em trazer esta forma de arte para o Brasil e criou desenhos em que seus elementos parecem possuir vida própria.
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Internacionalmente, seu trabalho ficou conhecido com os projetos de releituras de grandes imagens, como a fotografia do beijo da Time Square tirada no fim da Segunda Guerra Mundial, pintada em Nova York. Aliás, seu trabalho pode ser visto também na Europa, em países como a Inglaterra, França, Estados Unidos, Rússia, Grécia, Itália, Suécia, Polônia e, mais recentemente, Holanda – o artista inaugurou no último dia 2 um mural com a imagem de Anne Frank, a adolescente judia vítima do Holocausto.

O mural “Etnias”, pintado pelo artista para as Olimpíadas Rio 2016, foi reconhecido no dia 22 de agosto deste ano como o maior grafite do mundo pelo “Guiness world records”, o livro dos recordes. Detido pela polícia por três vezes, enquanto realizava seu trabalho, Kobra comemora o sucesso de suas obras. “O grande barato de pintar na rua é justamente você levar esse trabalho a milhões de pessoas, independente da classe social”.
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Goiânia recebe 2ª Mostra de Arte Urbana do Centro-Oeste

Goiânia recebe 2ª Mostra de Arte Urbana com o intuito de promover o trabalho artístico feito nas ruas

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A Vila Cultural Cora Coralina abriu suas portas na tarde deste sábado (13) para a abertura da 2ª Mostra de Arte Urbana do Brasil Central, que acontece de hoje até o dia 31 de março de 2016. Este ano, a exposição presta uma homenagem simbólica ao grafiteiro Testa, um dos pioneiros da linguagem do grafite no estado.

A mostra acontece no salão principal da Vila Cultural Cora Coralina, no Centro de Goiânia. Toda a programação, preparada pela produtora executiva Wanessa Cruz com artistas de rua, estará aberta ao público de segunda à sexta-feira das 9 às 17 horas e, no sábado, das 9 às 13 horas.

Rafael Plai, grafiteiro, designer, tatuador e produtor cultural, está responsável pela curadoria da mostra, que conta também com a coordenação geral do artista visual Sandro Tôrres. O projeto reúne uma lista de 17 artistas, outros colaboradores, que compõem a exposição do salão. A mostra surgiu de pulsões de ideias no intuito de promover iniciativas que fomentem a cultura. O projeto promove o debate sobre a inclusão das pessoas na arte, levando-a às ruas.

 

Serviço
2ª Mostra de Arte Urbana do Centro-Oeste
Onde: Vila Cultural Cora Coralina
Quando: de 13 de fevereiro a 31 de março

 

“Diga não à intolerância”

Projeto convida grafiteiros para alterar as frases de intransigência religiosa pichadas nos muros do Rio por inscrições que pregam a tolerância e o respeito à diversidade

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Certo dia, no início da década de 1960, um empresário do ramo dos transportes acordou decidido a largar o capitalismo e todo apego material para seguir seu caminho como profeta da paz. Conhecido por José Agradecido, ou Profeta Gentileza, sua vida virou filme, livro e até tese universitária. Mas sua fama veio mesmo de suas marcas deixadas nas paredes da capital carioca.

José Agradecido pintou diversas mensagens de paz, amor e gentileza nas pilastras do Viaduto do Caju, mas “apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só ficou no muro tristeza e tinta fresca”. Isto mesmo, a história do Profeta Gentileza foi parar na voz de Marisa Monte quando a prefeitura da cidade mandou apagar as frases pintadas no muro pelo profeta.

Mesmo após a ação das autoridades para pintar cinza as frases do Profeta Gentileza, os muros das cidades continuam sendo pintados. São desenhos de grafite, pichação de torcidas organizadas, ou manifestos ideológicos. Mas nem tudo que vai para o muro prega a mesma paz que as palavras de José Agradecido.

Algumas inscrições de cunho religioso ganharam versões que ofendem outras profecias e, assim como as palavras do Profeta Gentileza, têm sido apagadas dos muros do Rio de Janeiro – mas desta vez a tinta não é cinza, são novos coloridos que pregam o respeito às diversidades.

A ideia do projeto partiu de uma mãe de santo que se incomodava ao passar todos os dias por inscrições ofendendo a sua religião. Com o auxílio de grafiteiros, os lugares onde antes estampavam frases de intransigência religiosa agora ilustram inscrições como “Diga não à intolerância”.

Arte ao alcance de todos

A arte urbana deixou de ser marginal para conquistar o apoio das prefeituras das grandes cidades

Imóvel abandonado
O mundo urbano vem acolhendo os artistas como um espaço natural de apresentação de seus trabalhos e foi seguindo essa tendência que grandes metrópoles como São Paulo e Nova York passaram a encher suas paredes com os grafites. Do marginal ao natural, a entrada da arte urbana no badalado circuito cultural permitiu que seus artistas ganhassem como importes aliados os chefes das prefeituras das cidades.

Em Nova York, o Departamento de Transporte (DOT) conta com o DOT ART, um programa criado pelo departamento em associação com organizações dedicadas à arte urbana. O intuito do programa é oferecer aos jovens talentos oportunidade de transformar as ruas, praças, pontes e calçadas da cidade por meio de instalações, esculturas, pinturas de muros e estêncis.

São Paulo não fez diferente. A prefeitura da cidade está abrindo espaços cada vez maiores para que os artistas grafitem seus trabalhos. Na Vila Madalena, o Beco do Batman virou atração turística. Os Arcos do Jânio, monumento histórico esquecido pela capital, entrou recentemente na mira dos pinceis. “Sempre que restaurávamos as paredes do arco, pichadores acabavam com o trabalho da prefeitura, então decidimos inovar”, explicou o prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

GRAFITE
O assunto é sério e a prefeitura da capital não poupa política para preservar a arte urbana. “Governos mais truculentos lidam com esses artistas a base de bala de borracha, decidimos explorar o que eles podem oferecer à cidade”, explicou o prefeito. No fim de 2014 a Coordenadoria da Juventude da Prefeitura de São Paulo determinou que os alunos do curso de medicina da USP deveriam pagar por uma nova intervenção de artistas após apagarem um muro de grafite para divulgar evento da faculdade. Os responsáveis pelo evento se desculparam com os artistas e a comunidade.

Em Goiânia a arte urbana também está crescendo e se espalhando. Nos muros da cidade, os grafites enfeitam lojas e prédios oficiais do governo. Uma ação conjunta da prefeitura da cidade com empresas privadas possibilitou que as ruas do centro da capital ficassem mais coloridas. Os becos esquecidos do Setor Sul foram lembrados por esses artistas. As praças do bairro dividem o espaço entre as arvores e os desenhos do grafite. É assim que arte e design podem chegar ao alcance de todos.

Lembrando o esquecido

A arte urbana de Zezão leva cor a locais marginalizados pela sociedade

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Uma pequena intervenção, geralmente pintada de azul, avistada pelos esgotos de São Paulo e pronto! está identificado o trabalho de José Augusto Amaro Capela, conhecido como Zezão. Zezão começou a conquistar crítica e público na década de 1990 com os seus grafites espalhados pelos espaços subterrâneos da capital paulista. O interessante em seu trabalho é a abordagem: o artista sempre traz os aspectos políticos, sociais e ecológicos para sua intervenção urbana.

A arte de rua de Zezão, que ganhou também as galerias, chama a atenção para temas urbanos urgentes como violência, abandono, poluição e pobreza. Pintando paredes de canais de esgoto e galerias de águas pluviais, casas abandonadas, becos desertos e vãos de viadutos, tudo pode se transformar em arte e toda arte pode tocar o homem e instigar seu senso crítico. Os desenhos abstratos de Zezão estão estampados nos locais mais esquecidos pelo poder público justamente para serem lembrados, mas acabam fazendo uma composição com o ambiente.
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Ao levar cor a locais marginalizados pela sociedade, seu trabalho ganhou uma dimensão político-social reconhecida por críticos e curadores ao redor do mundo. Os grafites de Zezão podem ser vistos em muros, paredes de esgotos e viadutos de cidades como Nova York, Paris, Londres, Hamburgo, Basileia, Los Angeles, Florença, Frankfurt e Praga.

O artista expõe seus trabalhos de grafite e colagens também em galerias de arte e museus com mostras individuais e coletivas realizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e em países como Alemanha, Suíça, Argentina e Inglaterra. Atualmente, seu trabalho está exposto na Zipper Galeria com uma linha de abordagem que esbarra entre o rude e o poético, a obra de Zezão fica exposta na galeria de São Paulo até o dia 9 de agosto.
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Artes plásticas nas ruas

A arte mural do artista urbano Rafael Sliks saiu das mesas da escola e chegou até as paredes dos museus

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Mais um nome da arte mural pinta nosso poste dessa quarta-feira. Rafael Sliks começou novo com intervenções típicas de alunos rebeldes nas cadeiras e mesas da escola e atualmente busca questionar a apropriação do ambiente urbano por meio do grafite.

Nascido na capital paulista no início da década de 1980, Rafael (32) costumava desenhar quadrinhos e pixar muros durante a adolescência. Hoje em dia o artista urbano leva sua arte para grandes exposições em galerias e museus do Brasil e do mundo afora. A criatividade de Sliks não tem limites.

Para os que analisam de perto, percebem que o trabalho de Rafael é o resultado da influência da Art Nouveau, Surrealismo, Expressionismo e Concrete Art. Seu trabalho é uma mistura do grafite com texturas abstratas. Outra marca registrada da arte criada por Sliks são suas Tags.
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“Tag” é o nome popularmente conhecido para a palavra assinatura quando falamos em arte de rua. Rafael Sliks imprime suas tags sobre fotos de rostos de pessoas famosas, modelo, artistas e imagens publicitárias com o propósito de quebrar a estética perfeita da ilusão criada por essas fotografias. O propósito é transformar a identidade real, causando impacto e um certo desconforto. Rafael Sliks trabalha também com Throw-up Bory, grafites que têm como tela o corpo humano.
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Pelos muros da capital

Por diversão ou arte, os street artists de rua colorem os muros da capital

Marginal Bota Fogo

Marginal Bota Fogo

O começo foi tímido, mas pouco a pouco a capital foi ficando colorida. As paredes e muros escondidos eram os antigos alvos dos artistas de rua, hoje, seus trabalhos podem ser vistos nas regiões mais badaladas da cidade e até em prédios públicos.

Em 2012 a Secretaria Municipal de Defesa Social (Semdef), em parceria com a Prefeitura de Goiânia, convidou 20 grafiteiros para desenharem os muros da Semdef em comemoração à semana do grafite. Na época o secretário municipal de Defesa Social, Allen Viana, explicou que o objetivo do projeto era incentivar a conservação do patrimônio e utilização do grafite como forma de manifestação artística e não de depredação dos prédios da cidade. A Semdef não é a única. Os grafites podem ser vistos em outros prédios oficiais da cidade, como o da Faeg na Avenida 87 e até nas paredes internas do prédio da Justiça Federal.

Por Santhiago Selon

Por Santhiago Selon

Por Santhiago Selon

Por Santhiago Selon

Segundo alguns historiadores da arte contemporânea, a street art chegou a Goiânia juntamente com o maior acidente radiológico do mundo, o césio 137. Foi nessa época que surgiu o Pincel Atômico, formado por Nonatto Coelho de Oliveira e Edney Antunes. A dupla descobriu o spray após um encontro com o grafiteiro Alex Vallauri, em São Paulo, e viu aí uma possibilidade de fazer arte, que a princípio eram pinturas irônicas relacionadas ao acidente com o césio.

Os grafiteiros encontraram nas ruas o espaço ideal para manifestarem sua arte e no fim da década de 1980 começaram a pintar grandes baratas nos principais prédios públicos da capital – segundo a lenda, a barata é o animal que não morre com a exposição à radiação. O grupo Pincel Atômico se desfez nos anos 1990, mas a cena grafiteira goianiense permaneceu ativa. Por diversão ou com intenções estéticas, os jovens da cidade não perderam o fio da meada desde os primeiros trabalhos da dupla Edney e Nonatto.

Entre esses garotos com spray nas mãos e uma ideia na cabeça, alguns se destacaram. O goiano Kboco, que vive em São Paulo há quase dez anos, fez nome e já expôs seu trabalho individual na Art Basel da Suíça, maior feira de arte do mundo. Continuam no centro-oeste alguns nomes que transitam entre as ruas e as galerias como Mateus Dutra, Santhiago Selon, Wés, Ebert Calaça, André Morbek, Oscar Fortunato e outros.

Para mostrar a força desse trabalho artístico em nossa capital, o Blog AZ continua na próxima semana nossa série de reportagens sobre a Arte Urbana entrevistando alguns desses artistas e mostrando seus trabalhos. Aguardem…
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