A arte, quando está na rua, é verdadeiramente democrática. É assim que pensam aqueles que têm no muro sua tela em branco e, de fato, quando na rua pode realmente ser vista – pelos que têm e também pelos que não tem acesso às caras galerias de arte. Da mal vista pichação até a recém celebrada street art, muitos nomes brasileiros ganharam o mundo, Kobra é um deles.
Eduardo Kobra nasceu em 1976, mas tornou-se conhecido em 2005. Seu trabalho data de mais de uma década antes. Foi em 1987 que iniciou suas rondas de rua pichando muros. Seu talento para o desenho fez com que o artista aliasse subversão à arte. Cerca de dois anos depois substituiu os rabiscos por grafites.
“Eu queria buscar uma identidade para o meu trabalho, algo que tivesse mais haver com a minha realidade. Eu sou um cara que gosto de livros antigos e fotografias históricas, então passei a fazer releituras deste tipo de imagem”, conta o artista em seu site.
Foi com essa identidade que Kobra lançou seu nome no mercado. Ele criou o projeto Muro das Memórias, em 2005, retratando imagens antigas da cidade de São Paulo. Cerca de 50 trabalhos com imagens da antiga capital foram espalhadas por toda a cidade “A ideia foi criar portais para uma cidade que não existe mais”, explicou.
Outro projeto seu de destaque foi com as pinturas anamórficas, conhecidas como pinturas 3D. Eduardo Kobra foi pioneiro em trazer esta forma de arte para o Brasil e criou desenhos em que seus elementos parecem possuir vida própria.
Internacionalmente, seu trabalho ficou conhecido com os projetos de releituras de grandes imagens, como a fotografia do beijo da Time Square tirada no fim da Segunda Guerra Mundial, pintada em Nova York. Aliás, seu trabalho pode ser visto também na Europa, em países como a Inglaterra, França, Estados Unidos, Rússia, Grécia, Itália, Suécia, Polônia e, mais recentemente, Holanda – o artista inaugurou no último dia 2 um mural com a imagem de Anne Frank, a adolescente judia vítima do Holocausto.
O mural “Etnias”, pintado pelo artista para as Olimpíadas Rio 2016, foi reconhecido no dia 22 de agosto deste ano como o maior grafite do mundo pelo “Guiness world records”, o livro dos recordes. Detido pela polícia por três vezes, enquanto realizava seu trabalho, Kobra comemora o sucesso de suas obras. “O grande barato de pintar na rua é justamente você levar esse trabalho a milhões de pessoas, independente da classe social”.