Certo dia, no início da década de 1960, um empresário do ramo dos transportes acordou decidido a largar o capitalismo e todo apego material para seguir seu caminho como profeta da paz. Conhecido por José Agradecido, ou Profeta Gentileza, sua vida virou filme, livro e até tese universitária. Mas sua fama veio mesmo de suas marcas deixadas nas paredes da capital carioca.
José Agradecido pintou diversas mensagens de paz, amor e gentileza nas pilastras do Viaduto do Caju, mas “apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só ficou no muro tristeza e tinta fresca”. Isto mesmo, a história do Profeta Gentileza foi parar na voz de Marisa Monte quando a prefeitura da cidade mandou apagar as frases pintadas no muro pelo profeta.
Mesmo após a ação das autoridades para pintar cinza as frases do Profeta Gentileza, os muros das cidades continuam sendo pintados. São desenhos de grafite, pichação de torcidas organizadas, ou manifestos ideológicos. Mas nem tudo que vai para o muro prega a mesma paz que as palavras de José Agradecido.
Algumas inscrições de cunho religioso ganharam versões que ofendem outras profecias e, assim como as palavras do Profeta Gentileza, têm sido apagadas dos muros do Rio de Janeiro – mas desta vez a tinta não é cinza, são novos coloridos que pregam o respeito às diversidades.
A ideia do projeto partiu de uma mãe de santo que se incomodava ao passar todos os dias por inscrições ofendendo a sua religião. Com o auxílio de grafiteiros, os lugares onde antes estampavam frases de intransigência religiosa agora ilustram inscrições como “Diga não à intolerância”.