Arte com utilidade

Cidade no interior da Noruega instala placas de espelho para trazer luz solar

Fotos: Kyrre Lien

Fotos: Kyrre Lien

Parecem três enfeites brilhando no meio da natureza na cidade norueguesa de Rjukan, mas os espelhos meticulosamente instalados na montanha têm uma função muito mais científica do que artística. A pequena cidade industrial de Rjukan, no interior na Noruega, nasceu enterrada no meio de montanhas e por culpa da natureza – os morros escondem o sol da cidade – Rjukan não vê luz solar durante metade do ano nas terras que abrigam seus 3500 habitantes.

Rjukan foi fundada entre 1905 e 1916 pelo industrial Samuel Eyde a 180 quilómetros a oeste de Oslo, capital da Noruega. O empresário viu nas cachoeiras do entorno das montanhas ótimas fontes geradoras de energia elétrica. Eyde entendia, porém, os anseios da população pela luz do sol e construiu um telégrafo para que seus empregados pudessem subir até o topo da montanha para ter acesso aos raios solares durante o inverno.

Mais de cem anos se passaram e a falta de luz do sol ainda incomodava os moradores da cidade. O artista forasteiro Martin Andersen foi um dos que sofreu com a falta de sol desde sua chegada a Rjukan em 2002 e partiu dele a ideia de instalar enormes espelhos na montanha ao norte da cidade para refletir alguns raios sobre Rjukan. O telégrafo continua fazendo sua viagem até o topo da montanha, mas o espelho passou a trazer o sol até a praça central de Rjukan.
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Os espelhos estão situados no topo de um dos montes e estão programados para direcionar os raios de luz para a praça à frente da prefeitura da vila, 450 metros abaixo. A experiência foi inaugurada em 2013 e deu certo. Os três espelhos são alimentados por energia solar e eólica movendo-se no mesmo ritmo do sol.

O novo experimento trouxe mais ânimo para uma cidade que ficou mais sociável. “Já éramos uma cidade de alta tecnologia há cem anos e agora usamos a alta tecnologia para trazer um pouco de sol ao nosso vale”, contou o prefeito de Rjukan, Steinar Bargsland em entrevista ao New York Times. O investimento custou aos cofres públicos cerca de R$1,86 milhões.

Kyrre Lien