(Foto: Getty imagens/ Divulgação)
A ideia de andar livremente em meio às obras de arte é pouco aplicada dentro dos protocolares museus espalhados pelo mundo. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) adotou uma forma diferente de apresentar a arte.
Inaugurado em 1947, o Masp foi desenhado pela ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. A arquiteta encontrou a rara oportunidade de atuar profissionalmente em vários campos profissionais e em um deles teve a chance de assinar o projeto do museu paulista.
Quando desenvolveu a planta do Masp, Lina pensou no museu como um grande vão aberto onde as pessoas circulavam no meio das obras de arte. Para isto, desenvolveu os icônicos cavaletes de cristal – formados por uma base de concreto com grandes chapas transparentes.
O arquiteto Marcos Ferraz explicou, em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, que os cavaletes de cristal faziam parte de um modelo único integrado ao museu. “Assim como o museu, com seu vão livre, flutua pela cidade, as obras flutuam sobre a pinacoteca numa ousadia expográfica que ainda hoje arrepia”, disse.
Os cavaletes tinham sido esquecidos desde 1996, quando foram retirados do museu. De volta ao seu local de origem na tarde de ontem (quinta-feira), os cavaletes rastreiam com a exposição permanente “Acervo em transformação” que comemora seu retorno com 119 obras da coleção, que vão do século 4 a.C até os anos 2000.
Lina Bo Bardi tinha consciência de seu papel social e trabalhava no sentido de descultuar a arte e aproximá-la do público – os cavaletes nasceram para cumprir essa função. “Não existem homens absolutamente incultos, a linguagem do povo não é sua pronúncia errada, mas sua maneira de construir o pensamento”, disse uma vez Lina Bo Bardi no início da década de 1970.