Quem conhece a Espanha sabe que a Catalunya é uma região à parte, tão à parte que reivindica a independência em face da Espanha e da França. No mundo da arte e da arquitetura, o nacionalismo Catalão ganhou fortes representantes no modernismo e nas transformações sociais e culturais que marcaram o final do século 19 e início do século 20. Na arquitetura, este representante é famoso no mundo e muito bem representado em Barcelona: Antoni Gaudí.
O arquiteto desprendeu-se de influências e estilos para enveredar em uma arquitetura marcada pela intensa relação com a técnica construtiva e com os materiais. Sua linguagem única é marca da Catalunya e por isso ganhou fama em todo mundo. Foi por toda a sua importância que o Instituto Tomie Ohtake levou a São Paulo a obra universal de Antoni Gaudí, trazendo trabalhos oriundos do Museu Nacional de Arte da Catalunha, Museu do Templo Expiatório da Sagrada Família e da Fundação Catalunya-La Pedrera.
A exposição Gaudí: Barcelona, 1900, que fica em cartaz na capital paulista até o dia 5 de fevereiro, reúne 46 maquetes, quatro delas em escalas monumentais, e 25 peças entre objetos e mobiliário criados pelo mestre catalão – muitos não sabem, mas Gaudí também foi um designer de móveis. Completam a mostra cerca de 40 trabalhos de outros artistas e artesãos que compunham a avançada cena de Barcelona nos anos 1900.
“Originalidade é voltar à origem; de modo que original é aquele que, com novos meios, volta à simplicidade das primeiras soluções. Portanto, é original resolver a simplíssima basílica com a complexidade da estabilidade individual das abóbadas”.
Gaudí foi o arquiteto das escalas bem montadas e da matemática bem calculada. O resultado, entretanto, não foi cartesiano. O que chamou a atenção no trabalho de Gaudí foram suas soluções estruturais, testadas com modelos em escala, que se desdobraram em uma linguagem ornamental e inusitada.
O monumental templo católico da Sagrada Família, no coração da cidade de Barcelona, é um clássico da arquitetura de um estilo que não se encaixa em nenhuma corrente conhecida da arte e da arquitetura do século passado – ou de qualquer outro. A igreja, ainda inacabada, possui uma fachada rebuscada com desenhos que representam importantes passagens bíblicas.