Léo Romano atravessou as fronteiras da Casa Cor Goiás há um tempo e participa também da Casa Cor Brasília e da Casa Cor São Paulo. Principal filial da mostra no país, a Casa Cor São Paulo foi pioneira e completa este ano 31 edições. Tradicionalmente localizada no Jockey Club de São Paulo, a mostra abre hoje suas portas ao público com a terceira participação de Léo.
O que mais chama atenção no trabalho de Léo Romano na mostra é que o arquiteto se permite brincar. Para ele uma mostra de arquitetura não pode parecer um ambiente planejado de uma loja de móveis, deve ser um espaço de experimentação. É por isso que Léo conquistou tantos fãs em sua passagem por São Paulo, se tornando um dos poucos nomes de fora a ser convidado para expor na edição nacional do evento.
O espaço do arquiteto em 2017 chama Casa Brasil, que ganhou estruturas aparentes em ripas de madeira pinus suspensas por barbantes que emolduram todo o ambiente. “Pegamos o espaço original e nele fizemos uma construção paralela através dos tarugos”, explicou Léo. “A gente insinua o berço de uma nova construção e esta nova construção representa dois brasis”, conclui o arquiteto sobre seu espaço, que além de trazer muito design, traz também uma provocação que convida o visitante a refletir.
Os brasis a que se refere Léo Romano são, de um lado, um Brasil que é belo e possui o melhor do design brasileiro. Do outro, um Brasil que se constrói na ambição, representado por obras de arte feitas por ele em parceria com a artista Iêda Jardim utilizando moedas e notas de todo o mundo abordando a ganância do homem. Nada mais apropriado para o momento vivido pela política brasileira.
“A ideia é chamar a atenção para esse momento que pode ser um momento de reflexão. É usar a decoração para registrar esse momento político e social que estamos vivendo”, explica o arquiteto. Léo diz que todo o projeto se baseia na pergunta feita pelos Titãs na música Comida, “você tem fome de quê?”, e esta pergunta é respondida pelo ambiente de forma bastante provocativa e reflexiva.
Grandes nomes do design estão representando o lado belo do ambiente de Léo, como a icônica chaise Rio de Oscar Niemeyer, as cadeiras Lúcio, de Sergio Rodrigues, a mesa em vidro de Jacqueline Terpins, o carrinho de bar Jorge Zalszupin e os objetos da série Chuva e Bailarina, bem como um tapete inspirado nos jardins do Burle Marx do próprio Léo – uma verdadeira declaração à brasilidade. O lado da ganância também está representado pela arte da melhor qualidade, com peças criadas pelo arquiteto em parceria com Iêda Jardim.