A arte em suas várias facetas

O artista, fotógrafo e designer Marcus Camargo conta um pouco mais sobre seus trabalhos na Casa Cor Goiás 2016

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A arte ganha forma no papel de Marcus Camargo assim como ganhou em sua vida. O designer é formado em Artes Visuais/Design de Interiores pela Universidade Federal de Goiás e atua como fotógrafo, cenógrafo e designer de produtos. Mas as artes sempre estiveram presente na vida de Marcus desde a sua infância com a pintura, a fotografia e a dança. Bailarino, Marcus Camargo dançou por três anos no elenco jovem da Quasar Cia. de Dança e no Grupo DasLos. Atualmente, seu trabalho que ganha maior destaque está nas linhas do desenho e da pintura.

“O desenho começou pra mim como um diário pessoal, nele eu desenhava tudo que estava vivendo e queria colocar para o mundo”, explicou o designer em entrevista ao Blog AZ. Com o desenho, Marcus conquistou uma forma de libertação pessoal. “A estética do desenho vinha em forma de signos, tudo muito “abstrato”, orgânico e intuitivo. Quando percebi que esse meu desenho ultrapassou o meu diálogo pessoal e começou a comunicar com outras pessoas, vi que realmente a minha arte era capaz de tocar”, concluiu.

Quando o trabalho artístico se aproxima do design, podemos encontrar uma conexão desta arte com a arquitetura. No trabalho de Marcus Camargo esta conexão se materializou em quatro ambientes da Casa Cor Goiás 2016. Não é a primeira vez que Marcus expõe suas criações na mostra. Em 2012, criou a mesa Reflexus e uma instalação de vidro no bar projetado por Larissa Maffra e Marina Bastos e o revisteiro Asa para bilheteria de Ozair Riazo e Vanessa Garcia. No ano passado, participou da mostra em Goiás, com painel de quase 7m pintado manualmente no ambiente de Adriana Mundim e Fernando Galvão, e Brasília – projetou uma parede pintada no restaurante projetado por Marcela Passamani. Desde 2012, o profissional fotografa ambientes para arquitetos durante a Casa Cor.

Este ano, Marcus teve o privilégio de mostrar suas várias facetas em uma só edição da mostra, pois em três trabalhos usa o desenho de formas diferentes – na parede, em pratos e em quadros – e outro que trabalha com instalação artística.
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Loft da Fazenda

No Loft da Fazenda, projetado pela arquiteta Mariela Romano, Marcus projetou uma escultura em 3D usando sua identidade de desenho. “A arquiteta já queria uma cabeça de boi na entrada do ambiente, mas não sabia qual e não encontrava algo diferente, foi aí que ela me chamou para conversar”. Da conversa, surgiu a ideia de tridimensalizar o trabalho de Marcus na forma de uma cabeça de boi. “Topei na hora o desafio, pois sempre quis mostrar meu desenho aplicado em outro formato, agora em escultura, que é a evolução de uma técnica que teve início em 2014 com a série de desenhos que criei intitulada Desenho Táteis”, explicou. O boi tem 2m de largura, feito em aço corten, e dividido em três camadas recortadas a laser, criando um volume que se modifica dependendo de onde a pessoa o observa.
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50 Tons Urbanos

Para o ambiente de Giovanni Borges, o loft 50 Tons Urbanos, Marcus criou um desenho na parede com caneta permanente. “Sinuoso e sensual, o desenho vem para unir os ambientes, começando pelo dormitório e terminando na varanda”, explicou o designer. O objeto Crânio King, também projetado por Marcus está no ambiente.

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Refúgio do Benjamin

Para o espaço Refúgio do Benjamin de Karla Oliveira, Marcus produziu uma série de 12 quadros intitulada “Cardíaco”. Os quadros, que foram desenhados para o ambiente de um médico que ama as artes, tem o coração como elemento inspirador em todas suas variações, tanto no lado científico quanto poético. “O coração é visto em estéticas diferentes, assim como a reverberação do movimento de pulsação do sangue no corpo”, analisou o artista.
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Sala de Almoço

Na Sala de Almoço de Andreia Carneiro, Marcus Camargo criou uma instalação de pratos esmaltados populares, com algumas fotografias de viagens da nutricionista Carol Moraes, que serviu de inspiração para o projeto. “A ideia era usar esses registros de viagens da nutricionista. Selecionei somente fotos que mostrava a mão dela segurando algum elemento da gastronomia popular de cada região que passou”. O resultado, segundo o artista, é um grande mapa orgânico que ilustra esse passeio sensorial na diversidade cultural.

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A poesia do rústico e do requinte

Casa Cor Goiás 2016: a arquiteta, urbanista e designer de Interiores Mariela Romano aproveita sua nona participação na mostra para criar o Loft Fazenda

 

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Estratégia, negócios, holding, investimentos, mercado… A vida de um empresário pode ser muito agitada, mas a vida de seu arquiteto é transformar essa agitação em conforto.  Mariela Romano organizou, no espaço de 105,33m², três ambientes em homenagem ao empresário José Batista Júnior e sua família – um lugar perfeito para quem trabalha muito na cidade, mas não abandona suas raízes no campo.

A arquiteta, urbanista e designer de interiores participa pela nona vez da mostra e sempre que tem a oportunidade, aproveita seus espaços para homenagear clientes – um norte para seus projetos. Este ano, Mariela conseguiu misturar dois importantes elementos em um mesmo ambiente: o luxo da cidade com o aconchego da fazenda.

Seu homenageado não esconde a paixão pela vida no campo, então Mariela Romano não poderia ignorar um elemento não importante na vida do empresário da JBJ. O ambiente ganhou o nome de Loft Fazenda, mas poderia muito bem ser um espaço residencial urbano ou mesmo um escritório. É a sofisticação da cidade levada para o interior – ou o aconchego do interior trazido para a cidade.
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A elegância e contemporaneidade do espaço são evidenciadas pelas peças de designers renomados presentes no Loft. Os detalhes fazem a diferença. Obras de arte, como a enorme escultura 3D de dois metros de altura feita em aço corten da cabeça de um boi que recepciona os visitantes na entrada do ambiente, dialogam com o mobiliário escolhido por Mariela. As peças, todas vindas do Armazém da Decoração, demonstraram a habilidade da profissional em mesclar estilos.

A profissional se inspirou no conforto e poesia das casas de fazenda para conceber um ambiente que comunica com o rústico e o requinte. As paredes revestidas em mármore também ganharam detalhes personalizados pela profissional. O porcelanato claro no piso interno dá destaque ao suntuoso tapete de pele que contrasta com o aconchego da madeira do deck, resultando na simetria perfeita do luxo e despretensão.
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Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

Memória do que foi

Casa Cor Goiás 2016: o arquiteto, designer e artista plástico Leo Romano assina a Santa Casa Leo em sua 20ª participação na mostra

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Os primeiros passos de Goiânia como “futura capital” do estado de Goiás foram dados ainda no século XIX, mas a capital virou definitivamente “Goiânia” em 2 de agosto de 1935, com o decreto estadual que deu o nome à capital. A história do prédio que habita a Casa Cor 2016 é tão antiga quanto a chegada da administração do estado para a nova cidade. É essa história que o arquiteto, designer e artista plástico Leo Romano quis contar com seu ambiente na mostra.

Desde seus primeiros anos de vida, os três mil metros quadrados que hoje hospedam a Casa Cor serviram à saúde.  Datado de 1930, a construção de número 777 abrigou o primeiro posto de saúde da capital, estrategicamente localizado ao lado da única unidade hospitalar da cidade, a Santa Casa de Misericórdia. Posteriormente o edifício se transformou na Central de Medicamentos de Alto Custo (CMAC) Juarez Barbosa.

O edifício, desocupado desde 2013, traz consigo uma estética de dor e abandono. A dor vem de sua antiga função: receber doentes na tentativa de curá-los; e foi ela, a dor, um dos principais elementos utilizados na construção do espaço. “Eu queria que as pessoas entrassem no ambiente e se interessassem pela história do lugar e para contar essa história, escolhi a linguagem poética”, contou Leo. Para superar a “dor”, o arquiteto se inspirou nos elementos de cura.
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O ambiente é como um ambulatório fantasiado com a beleza do design e da arquitetura e protegido pela poesia que cada um de seus elementos transmite ao visitante. Uma melodia triste, ao fundo, resgata o visitante para os anos que aquele edifício servia de anexo à Santa Casa de Misericórdia. “Eu quis resgatar as memórias que este prédio histórico carrega como algo que representasse, ao mesmo tempo, angústia e leveza”, explicou Leo Romano em entrevista ao Blog AZ.

Inspirado pela aparência das enfermarias pós-guerra, a “Santa Casa Leo” possui uma atmosfera que remete aos ambientes de uma casa, um escritório ou mesmo um hospital. O objetivo do arquiteto não foi criar um espaço com função definida, mas sim um conceito que ultrapassasse um cômodo ou um jeito de morar cotidiano e capaz de despertar sensações. “Você pode me perguntar se isso é um quarto ou uma sala e eu vou te responder que esse espaço é, na verdade, uma referência”, explicou.

O profissional aposta na ressignificação da memória e conserva características originais da construção, somando a elas uma interferência arquitetônica precisa entre volumetrias, revestimentos, iluminação, mobiliários e objetos. Para Leo Romano, nenhuma escolha é feita ao acaso na montagem de uma exposição como a Casa Cor, “todos os elementos que estão aqui servem para despertar um questionamento”.

Leo, que completa juntamente com a Casa Cor Goiás, 20 anos de mostra em 2016, acredita que a exposição serve para mostrar um conceito e não apenas criar um lugar bonito. Esta sua filosofia o levou também para a mostra da Casa Cor de SP (pelo segundo ano consecutivo). Este ano Leo aproveita a exposição – em Goiás e em São Paulo – para fazer o lançamento de sua nova linha de mobiliário Bailarina. Inspirado na dança de um grande balé clássico, os objetos foram construídos com pés que remetem ao formato das bailarinas de ponta. A linha dialoga com seu ultimo lançamento, da colação Chuva.
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Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

Encontro no Café

Casa Cor Goiás 2016: o designer de interiores Genésio Maranhão ficou responsável pelo Lounge Café na mostra desde ano

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As cafeterias se tornaram um lugar de convivência, pelo menos foi isso que descobriu o designer de interiores Genésio Maranhão em suas pesquisas sobre a importância dos cafés na vida dos goianos. Amigos, amantes, negócios, esquemas… muitos “contratos sociais” são feitos e desfeitos dentro dos cafés. Foi por isso que a Brasal Incorporações patrocinou e Genésio executou o café Casa Cor, com menu servido pela Confeitaria Doce Doce, que recebe o público durante a 20ª edição da mostra em Goiás.

Já veterano de Casa Cor, Genésio Maranhão dedicou-se a desenvolver um lounge café sofisticado e convidativo ou, como ele mesmo definiu, “elegante sem ser sisudo”. “Em Goiânia as pessoas estão criando o hábito de frequentar cafés, então eu fiz um espaço pensado nesses personagens e em como seria um café perfeito para todos os tipos de encontros”, explicou o designer em entrevista para o Blog AZ – momento que confessou fazer parte da turma dos amantes do café.

Partindo de estudos sobre a atmosfera desses estabelecimentos, o designer identificou que a função dos locais tem mudado nos últimos anos. O local é muito mais que uma oportunidade para a pausa do dia a dia, por isto que o ambiente foi dividindo internamente deixando um espaço exclusivo para os leitores – algo como uma biblioteca café. “As cafeterias se tornaram espaços de leitura, de reuniões e até de happy hours”, contou Genésio ao explicar que seu ambiente é um espaço que comporta vários tipos de públicos.
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Deve ser por isto que o Lounge Café explora um estilo bem cosmopolita, onde tudo se encaixa. “Onde está esse café? Em Goiânia? São Paulo? Nova York? Ele poderia estar em qualquer lugar”, brincou o designer. São 195m² de uma cafeteria que, não podemos negar, é puro luxo. O mobiliário, todo vindo do Armazém da Decoração, recebe assinatura de grandes designers, como Sérgio Rodrigues, Aristeu Pires, Paulo Mendes da Rocha, entre outros.

Para criar um espaço intimista e reservado, Genésio Maranhão utilizou-se de um gesso com revestimento acústico. Nas paredes, o revestimento cimentício se inspirou em pedras naturais. O ambiente foi dividido em um lounge, duas salas tradicionais de café, sala de atendimento e varanda, com mais de 20 metros de extensão.

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Texto
: Bárbara Alves

Fotos: Marcus Camargo