São Paulo 462 anos

A capital paulista completa mais um ano de idade e fotógrafos da Folha se reúnem para homenagear a maios cidade do país

Nove de Julho e Viaduto do Cha - Eduardo Anizelli/Folhapress

Nove de Julho e Viaduto do Cha – Eduardo Anizelli/Folhapress

A cidade de São Paulo soprou neste dia 25 de janeiro mais uma velinha e comemora suas 462 primaveras. Mesmo com todos esses anos de história, a capital paulista não herda o título de cidade mais antiga do país, porém seus mais de 11 milhões de habitantes a titularizaram como a maior cidade do Brasil e a sétima maior do mundo.

Grande metrópole, a cidade é conhecida em todo mundo. Reduto da cultura, da arte e da diversidade, tudo pode ser encontrado em São Paulo. Quem por lá vive não mantém o olhar atento para realmente ver tudo o que São Paulo pode oferecer, desde a beleza de sua arquitetura antiga até a repugnância de seus edifícios esquecidos e tomados pela força devastadora do tempo.

Pensando nisto, e em homenagear uma das principais cidades do mundo, a equipe de arte da Folha de S. Paulo preparou a série de fotografias Olhares de SP. A série reuniu 18 fotógrafos e divulgou entre os dias 19 e 21 de janeiro 18 ensaios que mostram a cidade em quadros a partir do olhar dos artistas.

Cada fotógrafo escolheu um tema e saiu às ruas da capital para capturar imagens que resumissem a cidade. Na série Enquanto Você Dorme, o fotógrafo Eduardo Anizelli decidiu olhar como São Paulo acontece de madrugada. A câmera clicou uma cidade deserta.

Os túneis da capital, que não são poucos, foi o tema escolhido por Marcelo Justo no ensaio Debaixo. Como os grafites têm invadido com mais força as paredes públicas de São Paulo, os desenhos dos artistas urbanos foi o pano de fundo para o ensaio Grafites SP, de Eduardo Knap. Os temas e os resultados podem ser conferidos na íntegra no site da Folha de S. Paulo. Uma bela homenagem à terra da garoa.

Túnel presidente Jânio Quadros - Marcelo Justo/Folhapress

Túnel presidente Jânio Quadros – Marcelo Justo/Folhapress

Artistas Cris e Rodrigo na Clímaco Barbosa - Eduardo Knap/Folhapress

Artistas Cris e Rodrigo na Clímaco Barbosa – Eduardo Knap/Folhapress

Crítica ao racismo no pincel de Kehinde Wiley

Kehinde Wiley revisita obras primas com modelos negros em uma crítica aos estereótipos racistas

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Ao contrário do racismo velado que se esconde atrás do mito da igualdade racial brasileira, acima da linha do equador nosso vizinho norte-americano vive uma realidade um pouco diferente. Em entrevista ao programa de rádio WTF com Marc Maron, em meados de 2015 o presidente Barack Obama, primeiro presidente negro da história do país, afirmou que os americanos não estão “curados do racismo”. O presidente não é o único que se preocupa com a questão de raça.

Kehinde Wiley, filho de mãe afro-americana e pai nigeriano, levantou esta mesma bandeira desde que estourou no meio artístico. O nova-iorquino ficou conhecido por seus porta retratos pintados para criticar os estereótipos racistas. Nascido justamente na cidade mais conhecida por perpetuar as desigualdades raciais, Los Angeles, Kehinde Wiley (39) se especializou em pinturas de portratos ao estilo tradicional de artistas como Reynolds, Gainsborough ou Titian.
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A diferença veio nos protagonistas. No lugar da europeia aristocracia branca e heterossexual, Wiley pinta retratos de mulheres e homens negros em poses opostas aos estereótipos pré-estabelecidos pela sociedade. “Eu sei como os jovens negros são vistos. São meninos muitas vezes assustados. Eu fui um deles”, explica.

No lugar de meninos assustados, seus quadros retratam pessoas vibrantes. Seus personagens são a exata substituição dos brancos que eram pintados em portratos na idade média e moderna. São homens e mulheres em roupas contemporâneas retratados em cenários e poses pouco vistas para modelos negros: atravessando os Alpes suíços a cavalo ou olhando para o alto como um profeta.

Em 2008 Kehinde Wiley visitou o Brasil para fazer 22 pinturas de jovens brasileiros. “Existe uma ressonância óbvia entre a pobreza das favelas do Rio e a exclusão em South Los Angeles, onde cresci”, contou em entrevista `Folha de S. Paulo. O resultado de seu trabalho no Brasil foi a imagem de jovens negros vestidos com roupas de marca pintados sobre um fundo colorido.

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O brilho da dança

Após 25 anos de carreira a Quasar Cia. de Dança mostrou ao mundo o trabalho artístico feito em Goiás

Espetáculo "Por 7 vezes"

Espetáculo “Por 7 vezes”

O brilho de um quasar pode ser até um milhão de vezes superior ao de uma galáxia e esse brilho deu nome a uma das mais importantes companhias de dança do Brasil. Mais um representante da arte feita no centro-oeste, a Quasar Cia. De Dança representa nosso estado fora de Goiás e nosso corpo fora da mente. O Blog AZ conta um pouco mais da história dessa companhia, que é um corpo celeste em movimento.

Fundada em 1988 por Vera Bicalho e ex dançarinos do Grupo Energia, a Quasar Cia. de Dança nasceu da combinação da paixão pela dança com a vontade de criar um grupo profissional. “Veio com a paixão, mas a proposta inicial era formar um grupo independente e profissional”, relembra Vera Bicalho, dançarina desde os 15 anos.

A casa de uma das bailarinas do Grupo Energia e amiga de Vera foi palco para o nascimento da companhia. Numa tarde de 1988, o recém nascido grupo foi batizado. “Foi muito legal, uma festa com bailarinos e amigos, todo mundo lá pra dar um nome à companhia. Um deles falou ‘gente, vocês sabem o que é quasar? É uma estrela…’ Ele começou a falar, a gente começou a viajar e pronto. Nós batizamos o grupo como Quasar” lembra a ex bailarina da Quasar e professora de dança Simone Magalhães.

A estrela da festa daquela tarde já tinha nome próprio, bailarinos, espaço para ensaiar e um talentoso coreógrafo, o então estudante de educação física Henrique Rodovalho. Nascia a Quasar Cia. de Dança e já nascia com Asas, espetáculo que estreou em 5 de fevereiro de 1988 marcando o nascimento oficial da companhia. Desde que esse dia foi registrado na carteira de identidade do grupo até hoje foram 25 espetáculos em uma jornada que trouxe à companhia grande reconhecimento.

O balé contemporâneo, não muito íntimo do público goiano do final da década de 80, não ganhou muitos adeptos. A companhia se apresentava para plateias que não chagavam a dez espectadores. A dificuldade dentro de casa foi um obstáculo para as viagens do grupo para fora do estado e do País e repercutiu na consolidação da Quasar como empresa estável. Vera e Rodovalho, coordenadores da companhia, se dividiam em várias funções e sobreviviam de outros trabalhos fora do grupo. Em 1992, a Quasar recebeu o primeiro convite para se apresentar no exterior, na abertura do XXV Festival de Arte e Dança de Manizales, na Colômbia.

Espetáculo "Sobre isto, meu corpo não cansa"

Espetáculo “Sobre isto, meu corpo não cansa”

Nove espetáculos e seis anos após a estreia da companhia, Rodovalho coreografou Versus, espetáculo responsável pelo reconhecimento internacional da companhia antes mesmo de ela ser conhecida no Brasil. O grupo levou Versus para um festival na Alemanha e ao som das poesias concretistas de Arnaldo Antunes a companhia alcançou o sucesso com a sonoridade brasileira do espetáculo. “O público ficou extasiado com a apresentação”, relembra Vera Bicalho. A peça foi premiada em Tel-Aviv e na Alemanha abrindo os olhos do Brasil para o trabalho que estava sendo feito há quase dez anos em Goiás.

A partir de então, as notícias de prêmios e do reconhecimento do grupo não pararam de estampar os jornais locais. Seus fundadores não esperavam atingir o reconhecimento que a Quasar desfruta hoje, já que se trata de um grupo que surgiu sem grandes pretensões, fora do badalado circuito cultural brasileiro. “Estou um pouco assustado. Quando começamos, eu não tinha na cabeça que chegaríamos até aqui. Nossa preocupação era fazer um trabalho de qualidade” avaliou Rodovalho.

Atualmente a Quasar se apresenta no país todo e fora do Brasil. Com uma lista extensa de premiações e uma equipe de professores, dançarinos e cenógrafos, a Quasar não deixou suas raízes. Sempre estreia seus novos espetáculos em Goiânia e aqui mantem seu espeço de ensaio. Tudo para manter viva uma dança que se alimenta da paixão pela arte.

Espetáculo "No singular"

Espetáculo “No singular”

Fotos: Divulgação / Quasar Cia. de Dança

Museu Whitney de Arte Americana

Em 2015 o Museu Whitney abriu suas portas em novo bairro com edifício projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano

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A badalada cidade que nunca dorme abriga diversos museus e o mais comentado deles nos últimos meses é o Museu Whitney. É que a cidade de Nova York encontrou um novo canto para que o museu pudesse se estabelecer e o projeto arquitetônico, cheio de curvas e linhas tortuosas, assinado pelo italiano Renzo Piano no bairro Meatpacking District é a nova sede do museu.

Para quem ainda não associou o nome à obra, Renzo Piano é o mesmo arquiteto que projetou o Centro Georges Pompidou, em Paris. No mês de maio do ano passado, Piano inaugurou também a nova sede do Museu Whitney com nove andares, sendo oito deles dedicados exclusivamente à arte americana contemporânea.
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O mais interessante do projeto é que – além de estar localizado ao lado do Hudson River – sua enorme estrutura não é cortada por colunas e suas paredes, de madeira, se movem. Todo este espaço é dedicado à arte americana. O Museu veio ao mundo para mostrar os trabalhos dos artistas que interagem com a cultura do país.

São 22 mil peças, assinadas por mais de mais de 2.900 artistas, entre fotografias, instalações, filmes e obras de grandes nomes das artes plásticas como Edward Hopper, Jasper Johns Jackson Pollock e, claro, Andy Warhol. Quem estiver passeando por pela Big Apple, é um passeio que vale a pena.

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A fotografia de Rogério Mesquita

O goiano Rogério Mesquita bateu assas e seu trabalho é destaque dentro e fora do Brasil

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Quando um trabalho é bom voa para o mundo, atravessa continente e faz carreira internacional. Um deles é do goiano Rogério Mesquita. Rogério Mesquita nasceu em Goiânia, mudou-se para São Paulo e vive a vida entre a capital paulista e a Big Apple, a cidade de Nova York.

Fotógrafo, Mesquita estudou na Califórnia em 1991 e começou sua carreira em 1993. Homem de muitas vertentes, conseguiu estabelecer-se como fotógrafo de moda, arte e publicidade. Na moda assina a inúmeros editoriais e capas para revistas como Elle, FFWMAG, L’Officiel, Trip e TPM. Na publicidade, seu nome circula por grandes agências trabalhando com campanhas para L’Oreal, Semp Toshiba, Riachuelo, LG entre outros.
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Mas na arte é que seu talento encanta. O trabalho artístico de Rogério Mesquita apresenta toda a experiência do artista com o universo da moda mesclado a uma sensibilidade estética e sensorial que permite ao espectador adentrar na intimidade da obra.

Em 2011, Rogério Mesquita estudou cinema em Buenos Aires e o resultado dessa sua nova vertente foi premiada em Lisboa. É que em 2014 o fotógrafo dirigiu e filmou um comercial de tv para o Instituto Maria da Penha, inspirado em seu projeto artístico “Imagéticas”.

O filme foi uma campanha pelo fim do silêncio sobre violência domestica e recebeu o Prêmio Lusos de Publicidade. Em Nova Iorque, a campanha foi eleita um dos dez melhores comerciais do mundo pelo Best Ads On TV.

 

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Fotos: Rogério Mesquita

Arquitetura do Amanhã

Foi inaugurado este mês o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com projeto monumental assinado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava

Foto: Luis Marcelo Mendes /Facebook

Foto: Luis Marcelo Mendes /Facebook

Embora dezembro de 2015 fique marcado no calendário da história dos museus brasileiros como o mês que incendiou o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, não temos motivos apenas para chorar. Foi também em 2015 que ganhamos mais um importante representante da cultura, das artes e da tecnologia: o Museu do Amanhã.

O Amanhã chegou e todos aqueles prédios futuristas que desenhávamos em nossa imaginação ganhou forma em um terreno ao lado da Praça Mauá, zona portuária do Rio de Janeiro. O museu foi inaugurado no último dia em 17 (quinta-feira) na capital carioca e recebeu, somente no primeiro fim de semana, um público de mais de 25 mil pessoas.

E como o Amanhã já chegou, o museu foi pensado para que possamos refletir o hoje. “O Museu do Amanhã surgiu a partir de uma visão grandiosa, de uma visão de que seria possível criar um equipamento público e de educação fora daquela base curricular em um ambiente no qual as pessoas pudessem ter experiências culturais, sensoriais e artísticas únicas” explicou Luiz Alberto Oliveira, curador do museu.

A atração se define como um novo tipo de museu de ciências onde o visitante é convidado a examinar o passado, conhecer as transformações atuais e imaginar cenários possíveis para os próximos 50 anos por meio de ambientes audiovisuais imersivos, instalações interativas e jogos disponíveis ao público. “O museu é um ambiente em que uma experiência vívida, concreta, coletiva e pessoal pode ser realizada e só pode acontecer ali que é um mescla de uma arquitetura poderosa, com ideias profundas”, concluiu seu curador.

Foto: Cesar barreto / Facebook

Foto: Cesar barreto / Facebook

A arquitetura é um assunto a parte. O rito futurista não é apenas tema do museu, mas toda a sua estrutura física. O edifício é um verdadeiro monumento criado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava inspirado em elementos da fauna e da flora brasileira. Seus pontos de criação foram o Jardim Botânico, o parque Lage e o sítio Burle Marx.

Calatrava faz parte da linha de arquitetos que exploram a chamada arquitetura-espetáculo. O profissional possui em seu currículo mais de 100 projetos espalhados pelo mundo, mas não deixou de ver a importância do trabalho erguido em um prédio de 18 mil metros no Rio de Janeiro. “Foi uma honra projetar esse museu, porque não se trata apenas de erguer um prédio, e sim de criar um marco da revitalização de uma região importante da cidade”, contou Calatrava em entrevista no Brasil.

O Museu do Amanhã faz parte do conjunto de obras da prefeitura do Rio de Janeiro por meio da iniciativa do próprio município em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Banco Santander. O museu fica aberto de terça-feira a domingo, das 10h ás 18h. A entrada é de R$10,00 a inteira. Às terças-feiras a entrada é gratuita.

Foto: Divulgação / Facebook

Foto: Divulgação / Facebook

Foto: Divulgação / Facebook

Foto: Divulgação / Facebook

A arte da saudade

Casal de artistas sul coreanos cria coleção de fotografias que documentam a distância

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A arte vive dos sentimentos de seus criadores. Cazuza dizia temer a análise por medo de perder a inspiração. Transformar os sentimentos em um projeto criativo foi a forma encontrada pelo casal coreano Li Seok e Danbi Shin para espantar a saudade.

Li Seok (28) vive na cidade de Seul, na Coréia do Sul, enquanto sua noiva Danbi Shin (23) habita o outro lado do globo, em Nova York. Os artistas criaram o projeto Half&Half (metade e metade) em que são fotografados na mesma hora em situações semelhantes – ainda que com 14 horas de fuso horário e milhares de quilómetros de distância – e depois juntam os imagens.
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O projeto viralizou. O nome ShinLiArt adotado pelo casal para divulgar o resultado de seus trabalhos foi tema para diversas matérias em jornais de várias partes do mundo e seu  Instagram já chegou a marca de 77 mil e 300 seguidores.

Driblar a saudade de um relacionamento à distância não é fácil, mas a maneira encontrada pelos coreanos foi bastante criativa. O casal escolhe uma atividade parecida e a montagem lhes dá a sensação de estarem juntos, ainda que bem distantes.

“Nós estávamos tristes de estarmos separados. Eu só queria ter os momentos românticos e normais de um casal comum”, explicou Danbi ao site BuzzFeed. O documentário da vida separada do casal acontece em razão do trabalho, já que Danbi Shin viaja devido seu calendário de exposições.

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Fotos: Facebook ShinLiArt

Dois continentes, uma nação

O multiculturalismo nas lentes não ocidentalizadas de Pierre Verger é tema de exposição no Ibirapuera

Pierre Verger (1952)

Pierre Verger (1952)

A fotografia de Pierre Verger construiu uma ponte entre dois mundos que, após o fenômeno histórico conhecido como diáspora africana, passaram a formar uma única nação com a imigração forçada de africanos para o Brasil. O elo entre estas culturas é tema da exposição As Aventuras de Pierre Verger, em cartaz até o fim de dezembro no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Pierre Edouard Leopold Verger nasceu na França em 1902, morreu no Brasil em 1996, mas viveu no mundo entre essas duas datas. Adotou o nome Fatumbi, que significa aquele que veio unir dois mundos na língua africana Yorubá. Pierre Verger trabalhou como fotojosnalista e desenvolveu um verdadeiro trabalho antropológico documentando diversas culturas que logo desapareceriam sob o impacto da ocidentalização.

Nascido em uma família tradicional francesa, não fincou seus pés nas altas rodas parisienses. Seu interesse por movimentos de cultura alternativa foi o verdadeiro responsável por colocar seus pés na estrada após a morte de sua mãe. Viajou os quatro continentes até se apaixonar pelo Brasil.

Com o olhar voltado exclusivamente para o aspecto humano, registrou os povos nativos da região de Cusco após uma imersão cultural de quatro anos na região. Alguns anos mais tarde, já com interesse exclusivamente antropológico, volta à África para registrar com suas lentes uma visão cultural muito distante daquela compactuada em seu continente de origem – racial e paternalista.

No Brasil conheceu a cultura Afro-brasileira quando aterrissou em Salvador. Aproximou-se do Candomblé, uma religião que, segundo o fotógrafo, “se pode ser verdadeiramente como se é, e não o que a sociedade pretende que o cidadão seja”. A exposição em cartaz no Ibirapuera traz 270 fotografias de todas as fases artísticas e jornalísticas do fotógrafo e antropólogo apresentando os momentos e evoluções da trajetória de seu trabalho.

 Kidal, mali, 1935 (Pierre Verger)

Kidal, mali, 1935 (Pierre Verger)

Alger, Argélia, 1935 (Pierre Verger)

Alger, Argélia, 1935 (Pierre Verger)

Festa Santiago, Cusco, Peru, 1941-1946 (Pierre Verger)

Festa Santiago, Cusco, Peru, 1941-1946 (Pierre Verger)

Cerimonia Érémonie Sogbadji, Ouidah, Bénin, 1948 (Pierre Verger)

Cerimonia Érémonie Sogbadji, Ouidah, Bénin, 1948 (Pierre Verger)

Brasília recebe exposição de fotomontagens de Athos Bulcão

O resultado da influência dos surrealistas europeus no trabalho Athos Bulcão pode ser visto até 30 de dezembro na AB Galeria em Brasília

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Surrealismo é a cena desordenadas dos filmes de Luis Buñuel, a pintura emocionada de Frida Kahlo ou as fotomontagens inusitadas de Athos Bulcão. Criadas durante a década de 1950, as fotomontagens surrealistas de Athos estão desembarcando na capital federal para uma exposição na AB Galeria da fundação que leva o nome do artista.

A exposição “Athos em preto e branco” reúne 26 fotomontagens de Athos Bulcão que poderão ser conferidas de segunda a sexta, das 9h às 18h, e de sábado, das 10h às 17h até 30 de dezembro na Fundação Athos Bulcão.

O trabalho apresenta uma série feita com colagens criadas a partir de recortes de revistas da época, colados em um fundo comum, e o resultado era fotografado pelo artista logo após o feito. Perturbadoras e criativas, as fotomontagens trouxeram o trabalho de Bulcão para uma linha bem próxima a das vanguardas surrealistas do início da década de 20.

As fotomontagens não se assemelham em nada aos conhecidos azulejos que deram nome e fama ao artista. Athos Bulcão não se amarrava a um estilo único e nem mesmo a uma arte única. Pintor, escultor, decorador, desenhista e professor, Bulcão largou a Faculdade de Medicina para se dedicar ao universo da criação.

Em suas fotomontagens, Bulcão acabou criando um jogo de associações inusitadas entre cabeças, corpos, edifícios, animais e paisagens diversas, na lógica aparentemente ilógica da vanguarda surrealista que conheceu em sua passagem pela Europa.

Pouco conhecida, a série de fotomontagens integra o acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que cedeu à Fundação Athos Bulcão o direito de realizar cópias para complementar o acervo da instituição.

Serviço

Exposição “Athos em Preto e Branco”
Onde: Fundação Athos Bulcão – CLS 404 Bloco D loja 01, Brasília – DF
Quando: até dezembro de 2015, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e sábado, das 10h às 17h
Entrada gratuita

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O design nos pequenos espaços

A arquitetura pode fazer a diferença também nos lugares onde os padrões preestabelecidos parecem dominar seu design

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Na economia criativa, muitas vezes o segredo do sucesso é ser diferente. O mercado está cheio de promissores jovens com muita força de vontade para trabalhar e criatividade para inventar, então muitas vezes uma ideia inovadora que surge na cabeça em um canto do país já virou há tempo realidade do outro lado do Brasil (ou do mundo).

Em São Paulo o mundo encantado da leitura fez com que a jornalista Cecilia Arbolave juntamente com João Varella, que comandam a editora independente Lote 42, criassem uma banca de revista. Tá, banca de revista não é novidade alguma, principalmente na capital paulista que abriga uma em cada esquina. Acontece que a Banca Tatuí não é igual às outras.

Localizada na esquina das ruas Barão de Tatuí e Imaculada Conceição, no centro de São Paulo, esta banca diferente convida quem passa a um momento de pausa.  A ideia foi a de resgatar a magia das bancas de revista – que perderem seu charme quando se tornaram lugar mais procurado como ponto de recarga de cartão único – por meio da leitura.

Mas o charme mesmo ficou por conta do design. Os arquitetos Mario Figueroa e Letícia Tamisari foram os responsáveis pela criação do ambiente. Para os arquitetos, urge uma necessidade de melhor aproveitamento das cidades e transformar estes espaços em ambientes abertos e agradáveis é uma forma de suprir essa demanda. João Varella compartilha dessa ideia e acredita que as bancas são um importante espaço de interação urbana e convívio social.

A legislação municipal da cidade padronizou as cores das bancas de revistas, que devem estampar o cinza em sua faixada. Os designers não descumpriram a lei, apenas utilizaram diversos tons de cinza para construir uma faixada diferente e atrativa. Dentro da banca, os nichos não estão entupidos de publicações. Para não poluir visualmente o espaço, apenas as principais publicações ficam expostas nas prateleiras da charmosa banca de Tatuí.

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