Art Deco goiana é destaque no New York Times

O apogeu e declínio da Art Deco em Goiânia é destaque no jornal norte americano The New York Times

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Fica no vizinho norte americano, os EUA, a cidade com o maior acervo Art Deco do mundo: Miami, mas Goiânia não fica muito atrás nesse ranking. Temos a segunda maior cidade em termos de representatividade da arquitetura francesa e esta característica não passou despercebida pelo jornalista Simon Romero do The New York Times.

O estilo arquitetônico dos anos 1930 que movimentou as artes decorativas, arquitetura, design de interiores e o desenho industrial e serviu de inspiração para Atílio Correa Lima quando o arquiteto desenhava os traços da mais nova cidade planejada do País surpreendeu o jornalista de passagem por Goiânia.

Em matéria publicada ontem (9) na versão digital do periódico, Romero se mostrou surpreendido pelo que viu na capital, algo como uma joia escondida no coração do país ou, como chamou, no meio do “cinturão de fazendas do Brasil”.

Mas a matéria não trouxe apenas elogios à arte surgida na França de um movimento artístico que visa o progresso – assim como Pedro Ludovico Teixeira via a nova capital – escondida no centro-oeste brasileiro.  Com o título “The Fading Art Deco Dreams of Brazil’s Heartland”, algo como “O desaparecimento do sonho da art deco no coração do Brasil”, a matéria não deixa de destacar o descaso das autoridades pelo tesouro arquitetônico que possuem em mãos.
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“Marcos arquitetônicos foram colocados a baixo para darem espaço a edifícios indescritíveis, e grafites envolvem muitas estruturas art deco”, destacou o periódico. A publicação conta como foi o planejamento da cidade durante a marcha para o oeste de Vargas e a ideia de criar um projeto urbano para apenas 50 mil habitantes, mas que atualmente abriga mais de 1.4 milhão de pessoas.

O jornalista continuou lembrando que Lévi-Strauss, antropólogo belga, em visita a Goiânia nos primeiros anos da capital não compreendia a razão de se criar uma nova sede para o governo estadual no lugar de apenas melhorar aquela já existente, a Cidade de Goiás. O antropólogo desconhecia as implicações políticas que levaram Pedro Ludovico Teixeira, com o apoio de Vargas, a transferir a capital.

Em seguida Simon Romero se pergunta: “O que ele [Lévi-Strauss] poderia dizer agora de Goiânia, com os desenvolvedores demolindo edifícios Art Deco, substituindo-os com os altos algarismos indescritíveis que ocupam cidades ao redor do Brasil?”. Para o jornalista, as inspirações brasileiras deixaram de olhar para a França e, em alguns aspectos, se voltaram muito para o país norte americano.

Ao final encerra com um questionamento que é também nosso – dos goianos apaixonados por história, arquitetura e preservação: “Não pude deixar de me perguntar como seria Goiânia se tivesse preservado mais de suas primeiras criações arquitetônicas. Poderia se assemelhar a Asmara, a capital da Eritréia localizada no chifre da África, conhecida pelos seus preservados tesouros Art Deco construídos pelos ocupantes italianos nos anos 30? Ou como uma Miami Beach no cerrado brasileiro?”

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