Arquitetura pelo mundo: Georg van Gass

Os cliffs de Westcliff Ridge, na cidade de Johannesburgo, escondem a beleza discreta da casa de vidro, aço e rochas projetada por Georg van Gass

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Quando Philip Johnson projetou sua casa, criou mais que um lugar para morar, criou um inegável patrimônio histórico e cultural responsável por inspirar outros profissionais em seus projetos. Foi o que aconteceu com o refúgio em Johannesburgo projetado por Georg van Gass.

Acontece que Philip Johnson se inspirou, por sua vez, na residência Farnsworth – também conhecida como a casa de vidro de Mies van der Rohe – de modo que o livro mais antigo já escrito no mundo tem razão quando diz que nada há de novo debaixo do sol.

O importante é que, independentemente de quem se inspirou em quem, todas essas construções merecem a atenção do Blog AZ. E a sua. A casa de vidro de Philip Johnson já foi protagonista de nossas matérias há uns meses atrás, hoje é a vez do projeto arquitetônico que Georg van Gass levantou em Westcliff Ridge na cidade de Johannesburgo, na África do Sul.

Entre árvores, rochas, pedra e cimento a estrutura de aço integra a casa à natureza. Escondida nos cliffs e possuidora de uma das vistas mais belas da região, a casa de Georg van Gass se vale de transparências e das rochas dos arredores. Algumas pedras de granito garimpadas no próprio local foram aproveitadas pela casa, já que uma das características do trabalho de Gass é a sustentabilidade. Outro marco de sua obra é o modernismo clássico, visível no resultado final da construção que mistura aço, vidro e pedra.

“Nós queríamos uma estrutura que fosse a mais leve possível combinada com uma estética elegante e atemporal que nos permitisse usar os elementos de aço não só como principais elementos estruturais, mas também como o motivo principal da arquitetura”, esclareceu o arquiteto ao falar de sua obra. Na verdade a construção parece flutuar, já que a estrutura de aço permitiu com que as paredes ficassem a alguns centímetros do chão.

O escritório de Georg van Gass responsável pela obra foi premiado com uma menção honrosa na categoria de arquitetura na reunião anual Instituto Sul-Africano para os Prêmios de aço estrutural para a sua concepção. Atualmente, seu projeto é referência da arquitetura moderna que esconde belíssimos projetos mundo a fora.

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A linguagem arquitetônica de Daniel Libeskind

“A arquitetura é o complexo êxtase que no qual o futuro pode ser melhor”, Daniel Libeskind.

Museu Judaico, Berlim

Museu Judaico, Berlim

Nossas ideias são capazes de criar tantas coisas e, no fim, estamos presos ao mesmo. Parece uma afirmação contraditória, mas o profissional que a proferiu logo explica o porquê de sua angustia: a arquitetura tem um poder que não é utilizado. “Quando eu olho para o mundo lá fora, eu vejo o quanto a arquitetura é resistente às mudanças”, desabafa durante uma palestra um dos nomes mais aclamados da arquitetura mundial, Daniel Libeskind.

Daniel Libeskind conta que a arquitetura nos conta uma história. Não por meio de letras ou papel, mas pelos materiais sólidos. E sua história nos conta um pouco mais da história da arquitetura.  Daniel Libeskind é polonês nascido em um país recém-saído da segunda guerra mundial e entrando na bipolarização que levou capitalistas e comunistas à beira de um ataque.

Em 1957 sua família imigrou para Israel fugindo da pressão política de não pertencer ao partido comunista. Foi no novo país o local onde Daniel começou a estudar música e se dedicar à arte. O próximo passo da família Libeskind foi ainda mais longo. Aterrissaram nos Estados Unidos em 1965 e Daniel se tornou um cidadão americano. Em terras americanas, Daniel decidiu deixar a música de lado. Em 1970 recebeu o diploma de arquiteto e seguiu para uma pós-graduação na Inglaterra. Ainda hoje a música é presente em sua vida quase tanto quanto a arquitetura.

Royal Ontario Museum, Canadá

Royal Ontario Museum, Canadá

Após caminhar tanto mundo a fora, aprendeu a linguagem do mundo. Sua arquitetura não tem cidadania e suas ideias desconstrutivas o transformaram em um exímio professor universitário capaz de tocar e influenciar uma geração de jovens aspirantes à profissão. Aos 52 anos de idade, passou a projetar com mais frequências e o resultado é um número incontável de prêmios e homenagens.

Atualmente, Daniel Libeskind mantém um escritório em Nova York cercado de 70 pessoas, na maioria jovens profissionais responsáveis pelos projetos que levam seu nome e suas ideias para o mundo inteiro. Com ângulos imponentes, espaços grandiosos, geometrias quase inalcançáveis, seus projetos são desenvolvidos em diversos países espalhados pelos quatro continentes, e tudo isto ao mesmo tempo.

Na verdade, falar das ideias de Daniel Libeskind exigiria mais que apenas algumas linhas. O arquiteto se emociona com uma profissão capaz de criara espaços que apenas existem na nossa mente. A arquitetura não tem como base o projeto ou o concreto, mas a ideia e a criatividade. Segundo Libeskind, arquitetura é a única profissão que você exerce acreditando no futuro. “Você pode ser um general, um político, um economista deprimido, um músico em uma clave menor, um pintor em cores escuras. Mas a arquitetura é o complexo êxtase que no qual o futuro pode ser melhor”.

Memory Foundations, World Trade Center

Memory Foundations, World Trade Center

Museu Judaico, Berlim

Museu Judaico, Berlim

Caminhar no vidro

China inaugura primeira ponte com piso de vidro do mundo no Parque Geológico Nacional de Shiniuzhai

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A arquitetura esconde grandes preciosidades espalhadas pelo mundo e o Blog AZ tenta descobrir algumas delas e mostrar o que a criatividade humana é capaz de criar. Vamos combinar que não é de hoje que o homem desafia as forças da natureza e da física para dar vida aos projetos que viram sonhos nas folhas de um papel. No Egito, por exemplo, os escravos ergueram três pirâmides que mesmo com os recursos atuais não seria de fácil construção.

Em um contexto histórico e arquitetônico muito distinto daquele que moveu as construções do Antigo Egito, os chineses acabam de inaugurar, na província de Hunan, uma atração turística que vai abalar o emocional dos visitantes: uma ponte de vidro. Erguida a 180 metros do chão no Parque Geológico Nacional de Shiniuzhai, a ponte é a primeira suspensa com piso de vidro do mundo.

O cânyon do parque já tinha ganhado, pelas telas de cinema, uma ideia de cenário meio futurista quando foi usado para as filmagens do filme Avatar. Agora ganhou uma estrutura com seis grossos cabos de aço e uma camada dupla de vidro com 24 milímetros de espessura, 25 vezes mais forte que o vidro comum.

Batizada de Haohan Qiao, que em chinês significa a Ponte do homem corajoso, a construção tem extensão de 300 metros entre dois picos rochosos que de cima só se vê o que está embaixo, ou seja, o precipício sob seus pés. Os chineses prometeram que essa é apenas a primeira. Outra ponte de vidro está sendo erguida na região do Grand Canyon de Zhangjiajie e promete superar sua antecessora e ganhar o título de ponte com mais alta e longa passarela de vidro no mundo.

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Fotos: Divulgação

O mexicano universal

Luis Barragán e sua arquitetura mexicana mundial

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“A arquitetura popular dos povos de qualquer parte do mundo vemos que é sempre bela e resolve o problema da vida comunitária. O interessante seria analisar em que consistirão essas soluções tão boas. Para poder dar, na vida contemporânea, ao ser humano essas doses de sabor que lhe evitem a angústia das cidades modernas”. É nessa clara explicação de Luis Barragán que podemos entender a importante da arquitetura no bem estar social.

Luis Ramiro Barragán Morfin foi um dos mais importantes arquitetos mexicanos da história moderna, tendo sido o único de sua nacionalidade a ganhar um Prêmio Pritzker de arquitetura. Nascido em Guadalajara em 1902, ele formou-se em engenharia hidráulica pela Escola Livre de Engenheiros de Guadalajara em 1919 e em arquitetura alguns anos depois sem nunca ter retirado seu diploma.

Como presente por sua graduação, ganhou de seu pai uma viagem pela Europa, para que ele tivesse “uma visão do Velho Mundo” e foi no velho mundo, mais especificamente na Espanha, que ele encontrou aproximações com a arquitetura mexicana – muros altos, janelas pequenas, pátios internos e casas voltadas para o interior. Em Paris, visitou a Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes, um evento que popularizou o Art Déco – estilo usado por ele no Parque Revolução de Guadalajara.

Barragán uniu o estilo arquitetônico e urbanístico que conheceu na Europa, com suas próprias ideias do que deveriam ser as soluções alternativas para a angústia das cidades modernas. Nesse interim, encontrou o que acabou conhecido como arquitetura mexicana universal. Seu maior legado está em um enorme número de residências particulares que tridimencionalizou seus traços e imortalizou seus projetos.

A casa de Luis Barragan House, construída em 1948, representa atualmente uma das obras arquitetônicas contemporâneas de maior importância no contexto internacional. Tombada pela UNESCO em 2004 como património histórico mundial, é a única propriedade privada na América Latina que alcançou tal distinção. O título é merecido, pois sua influência na arquitetura mundial continua a crescer.

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Arquitetura pelo mundo: Foundation Pathé

Foundation Pathé é mais um edifício que expõe a criatividade dos arquitetos contemporâneos das capitais europeias

Michel Denancé

A Torre Eifel, estrutura de ferro erguida no Champs de Mars em Paris no século XIX, é ainda o edifício mais alto da cidade, mas não é preciso ser o prédio mais alto para chamar atenção. O edifício da Foundation Pathé, localizado no 13º distrito da capital francesa, não disputa atenção com o monumento mais visitado do mundo, mas com certeza não passa despercebido entre os prédios antigos e históricos da capital.

Primeiro que de antigo o Pathé não tem nada. Sim, o Velho Continente está abrindo suas portas para o novo e os arquitetos contemporâneos estão sendo recebidos de braços abertos nas famosas cidades europeias. Londres sedia o prédio mais alto da Europa ocidental e seus edifícios contemporâneos podem ser vistos de todos os ângulos da cidade. Barcelona, Praga, Madrid e Moscou são outros exemplos de cidades antigas que se abriram para o novo.
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Paris ainda está engatinhando, mas não deixa de exibir prédios bastante chamativos por sua arquitetura contemporânea. O Centro Pompidou, inaugurado em 1977, causou estranheza nos parisienses mais acostumados com os prédios tradicionais. Do alto do Arco do Triunfo, La Defense mais parece um bairro futurista, ainda que não tenha erguido todos os arranha-céus que foram projetados para o setor financeiro de Paris.

O Pathé é outro exemplo da arquitetura contemporânea em meio aos edifícios tradicionais. De longe, o prédio parece um inseto gigante, de perto é um criativo edifício exprimido entre dois blocos históricos da cidade da luz. O Pathé é uma presença inesperada, um volume curvo flutuante no meio de um pátio, ancorada em apenas alguns apoios. O projeto requeria a demolição dos dois edifícios existentes, ao contrário, entretanto, sua fachada foi restaurada e conservada devido ao seu valor histórico e artístico – ela foi esculpida por Auguste Rodin.

A Fundação Jérôme Seydoux-Pathé foi inaugurada em setembro do ano passado encarregada de apresentar ao público o patrimônio cinematográfico da Pathé. O responsável por toda essa originalidade foi Renzo Piano, que assina também o já mencionado Centro Pompidou.

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Fotos: Michel Denancé

O incrível vazio de Lloyd Wright

Wright projetou, na década de 50, um de seus trabalhos mais espetaculares, as mansões da Ilha particular de Petra, criando um verdadeiro paraíso na terra

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Organismo é tudo aquilo que tem vida e vida é a palavra de ordem para os profissionais da arquitetura orgânica. Pai desse movimento, Frank Lloyd Wright trabalhava no vazio de suas obras. Para o arquiteto estadunidense, o vazio é o ponto culminante da arquitetura, já que é no vazio das paredes que vivemos. Na arquitetura orgânica, uma casa deve nascer para atender às necessidades das pessoas como se realmente fosse um organismo vivo.

O famoso arquiteto americano de ascendência galesa Frank Lloyd Wright começou sua carreira em 1886. Wright via vida na arquitetura e viveu a sua para ela. Influenciou os rumos da arquitetura moderna com suas ideias irreverentes e se consagrou pai da arquitetura do século XX e um dos maiores arquitetos de todos os tempos. Foi com todo esse background que Wright projetou, na década de 50, as mansões da Ilha de Petra criando um verdadeiro paraíso na terra.

Dentre os vários organismos vivos de Lloyd Wright, um em especial chamou nossa atenção. Antes de sua morte, Wright deixou um de seus projetos mais espetaculares construído em uma ilha particular há pouco mais de 80 quilômetros da cidade de Nova York, as mansões da Ilha de Petra.São também de sua autoria o Museu Guggenheim de Nova York e a lendária Casa da Cascata, na Pensilvânia.
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A casa da ilha dos sonhos, construída em 1950, foi um dos últimos projetos do afamado arquiteto que morreu nove anos mais tarde. O projeto possui 1200 metros quadrados de convivência harmônica entre natureza e concreto. Em 2008, a segunda residência da ilha, uma mansão de 5000 metros quadrados, foi levantada tendo como base um projeto que Wright deixou apenas papel. Hoje a ilha encanta com suas duas casas, uma pista de pouso para helicóptero e seus mais de 110 mil metros quadrados de natureza.

Wright abusou ao máximo do que a ilha poderia lhe oferecer e as casas integram a natureza ao seu interior de concreto. O projetofoi construído com mais de 1500 metros quadrados de claraboias e vastas extensões de pedra, cimento e mogno. É como se a mansão tivesse nascido de dentro das pedras e crescido pela força da luz solar. Com três suítes, seis lareiras e a sala principal carcada por janelas em mogno africano, a mansão principal virou sinônimo de sossego e descanso.

A sonífera ilha fica a apenas 80 quilómetros de barco da agitada cidade de Nova York. Após mais de 5 anos a venda no mercado por valores estimados em U$19,9 milhões, saiu em 2013 um boato de que Angelina Jolie arrematou a ilha para presentear Brad Bitt em seu aniversário de 50 anos. Baita presente, não?

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