Blog AZ encerra Ação Alphabeto AZ

Encerramos no fim de 2014 a ação que listou os grandes nomes e peças do design nacional e internacional

AZ O Blog AZ termina essa semana a Ação Alphabeto AZ. O nosso Alphabeto começou a listar o design de A a Z para brindar a 5ª edição do Encontro de Arquitetura e Design 2014 – EARQ, que aconteceu em setembro de 2014 e encerra o ano com uma lista que contou com grandes nomes da arquitetura e do design nacional e internacional. O Armazém da Decoração é design de A a Z e o Alphabeto foi criado para expressar, de forma literal, nossa paixão pela arte e pelo mobiliário.

Desde agosto de 2014, selecionamos designers e peças para cada letra do alfabeto para mostrar, de uma forma lúdica, um material colecionável de design assinado. “O Armazém da Decoração representa um universo de produtos e designers em diferentes linhas de criação, mas que expressam bem a multiplicidade do design nacional e mundial”, explicou a empresária Daniela Mallard. “O Alphabeto AZ contempla toda essa diversidade criativa para valorizar e respeitar sempre o design autoral”, completou.

Foram 26 nomes de peças, marcas e designer que representam o mobiliário autoral e artístico. Arthur Casas, Calos Motta, Philippe Starck, Sérgio Rodrigues, Henrique Steyer, Tom Dixon e outros tantos não deixaram de ganhar um importante espaço nessa brincadeira. “A ideia foi dar ao alfabeto uma nova roupagem, onde o centro das atenções é a criação”, disse Daniela.

Como design é nosso mundo, confira todas as letras desse requintado Alphabeto AZ:

 

A de ATOA

B de BIK

C de Carlos Motta

D de Dixon

E de Etel Carmona

F de Fernando Mendes

G de Guilherme Torres

H de Henrique Steyer

I de Irmãos Campana

J de Jorge Zalszupin

K de Kiko

L de LinBrasil

M de Moooi

N de Napoleon

O de Omar

P de Paulo Mendes da Rocha

Q de Quilombo

R de Rippa

S de Sérgio Rodrigues

T de Terpins Design

U de Useche

V de Vick

X de Xibó

Y de Ylla

Z de Zanini de Zanine

Z de Zanini de Zanine

Cadeira Tiss

ALPHABETO AZ (redes sociais) Z
Se a teoria de que criatividade é passada de pai pra filho precisar de comprovação, Zanine de Zanini é prova material importante do fato. Filho de e José Zanine Caldas, um dos grandes designers de móveis do modernismo brasileiro, Zanine de Zanini seguiu os passos do pai só que pelo caminho contemporâneo. Enquanto o pai promoveu a integração entre o design tradicional e os traços modernistas, o filho mergulhou em um estilo contemporâneo.

Ninguém pode negar que o trabalho do jovem é irreverência pura. Além do talento de berço, Zanine já trabalhou com figuras ilustres como Sérgio Rodrigues quando ainda estava na faculdade. Em 2002 graduou-se em Desenho Industrial pela PUC-Rio. No ano seguinte, Zanine já inovou. Com madeira de demolição ele investiu na “Carpintaria Contemporânea”, nome dado aos móveis que produziu naquele ano.

Com apenas 35 anos, Zanine chamou a atenção do mercado brasileiro e mundial. Seu talento atravessou o oceano e foi parar nas grandes marcas europeias como as italianas Slamp e Cappellini e a francesa Tolix. A fama de tímido não esconde seus talentos, dentro e fora do ateliê. Zanine, além de designer, é também surfista e já recebeu inúmeros prêmios ao longo da carreira. O surfista coleciona também uma coleção de publicações sobre seu trabalho espalhada por revistas italianas, russas, francesas e inglesas.

Um exemplo claro da irreverência do jovem design é a Cadeira Tiss. Pensada na madeira, apenas um dos materiais com que trabalha, a Tiss é uma releitura das antigas cadeiras lusitanas em palinha, ainda bastante comuns no Brasil. Zanini partiu para uma forma bem ousada: bipartida. Dividida literalmente em duas, a cadeira tem palinha tanto no assento como no encosto e foi pensada para acompanhar uma mesa de jantar.

Y de Ylla

Aristeu Pires

ALPHABETO AZ (redes sociais) Y
Foi criando pautado na máxima de que obra de arte na decoração de uma casa é aquela que a gente carrega para toda a vida é que Aristeu Pires conquistou a fama de mago das cadeiras. Seu trabalho, desenvolvido para a marca que leva seu nome, possui traços simples e um resultado bastante sofisticado.

Seu respeitado trabalho com linhas, que vão do design de mesas e bancos à bancadas e poltronas, acabou dando vida a uma maior quantidade de bancos e cadeiras; todas batizadas com nomes de mulheres.

Sem a volatilidade do modismo ou o rebuscado do romantismo, as peças são concebidas com maior preocupação no conforto. Funcionalidade é a palavra chave de seu design. As moças de Aristeu Pires, em madeira maciça, exibem charme sem ostentação. Uma de suas damas da decoração entrou hoje para nosso Alphabeto AZ. Ylla é um banco em madeira maciça desenvolvido em jequitibá, imbuia e freijó.

X de Xibó

Sérgio Rodrigues

ALPHABETO AZ (redes sociais) X
O mestre do design abre mais uma letra no Aphabeto AZ, porque não tem outra peça tão perfeita para caber em nosso X. Design sofisticado e traços modernistas é escola de Sérgio Rodrigues. O carioca direcionou seu trabalho para o design mobiliário quando começou a dar mais atenção à arquitetura feita no interior. O designer dizia que um prédio que não se preocupa com as partes internas é apenas uma escultura.

Ao contrário dos que desenham apenas por desenhar, Rodrigues o fazia por paixão. O carioca orgulhava em dizer que nunca criou um móvel por encomenda, já que todas as suas peças tinham que lhe emocionar. A inquietação do designer ajudou seu lado criativo e Sérgio transformou seu trabalho em uma das mais admiráveis expressões do design nacional.

Entre os trabalhos da década de 1960 e as releituras dessas peças produzidas nos anos 2000 pela LinBrasil nasceu a Poltrona Xibó. A peça, que começou a ser esboçada na década de 1990, é uma versão masculina da Poltrona Killin. A finalização da poltrona contou com o auxílio luxuoso de seu primo e discípulo Fernando Mendes que pegou os antigos desenhos de Rodrigues e os trouxe à vida. A poltrona foi estruturada em freijó natural ou tonalizado, mas o chame ficou mesmo por conta do couro. O assento e encosto foram revestido de soleta e couro natural preto.

W de Wood

Tidelli

ALPHABETO AZ (redes sociais) W
Já somam 25 anos a história de amor da Tidelli com produtos específicos para a área externa. As bodas de prata comemoram essa união tão perfeita entre a marca e um seguimento do design que precisa de muito mais que apenas charme e criatividade, precisa de produtos de qualidade para resistirem às intempéries do tempo. E resistir ao sol, chuva frio e calor intenso com beleza e elegância é realmente trabalho para a Tidelli.

Uma das características mais marcantes da empresa é a diversidade nos produtos que cria em colaboração com uma seleta lista de designers e arquitetos. Foi o trabalho com fibras sintéticas e alumínio que rendeu à empresa o título de pioneira, ainda em 1989, no seguimento de mobiliários para a área externa. Com sua diversidade a Tidelli virou In & Out, passando a desenvolver produtos voltados também para os ambientes indoor.

Tecnologia aliada ao design de luxo foram as ferramentas utilizadas pela Tidelli para a criação de peças confortáveis e com estilo único. O comprometimento da marca com o design nacional vai muito além de apenas seguir uma linguagem brasileira. Com sua fábrica instalada, desde 1996, numa comunidade carente em Salvador, participa de um projeto social do governo da Bahia que prioriza a contratação de mão-de-obra local – atualmente a marca conta com mais de 300 colaboradores.

Um resultado de todo esse trabalho, autoral e social, que ganhou espaço em nossa coluna Alphabeto AZ de hoje foi a Chaise Wood, da designer Maria Cândida Machado. A espreguiçadeira é parte de uma família de móveis da marca inspirada em temas náuticos. O encosto da espreguiçadeira, em várias cores, lembra os traçados de uma rede de pesca, trazendo ao ambiente um descontraído ar de varanda de praia.

V de Vick

Bernardo Figueiredo

ALPHABETO AZ (redes sociais) V
O universo do Design possui algumas figuras de ouro e Bernardo Figueiredo é uma delas. Influenciado pelo design modernista de Joaquim Tenreiro, o carioca dedicou parte da sua vida para a criação de móveis. Ao lado de peças do próprio Tenreiro e do outro mestre do design nacional Sérgio Rodrigues, poltronas e cadeiras de Bernardo estão desfilando pelas salas e corredores do Itamaraty.

Bernardo Figueiredo é formado em arquitetura pela antiga Faculdade Nacional de Arquitetura (atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ) e na década de 1960 o designer se encantou pelo design e encantou o design com suas peças. No auge da sua carreira, Figueiredo criou sua própria linha de móveis residenciais e desenvolveu 80 peças em menos de seis anos.

Nos anos seguintes Bernardo Figueiredo se voltou para a arquitetura à frente de seu escritório Arquitetura Espacial, no Rio de Janeiro, e seu trabalho no ramo moveleiro acabou sendo reeditado pela Schuster em 2011, um ano antes da sua morte. Foram 75 peças dos trabalhos mais emblemáticos de sua obra reeditadas pela empresa gaúcha. “Procuramos Bernardo para ser o curador da linha de móveis a ser lançada em 2011. Mas, quando soubemos que sua obra estava fora de produção, não tivemos dúvida. Decidimos relançar alguns dos móveis desenhados por esse profissional, que faz parte da história do design nacional”, revelou Mila Rodrigues, diretora de criação da Schuster, em entrevista à época.

Bernardo deu ao seu trabalho um forte toque de brasilidade e sua trajetória como designer foi marcada pela valorização dos materiais brasileiros, como o jacarandá e a palha. Um exemplo claro dessa valorização, em linhas retas e sóbrias, é a poltrona Vick. Vick ganhou hoje nosso V, no Alphabeto AZ. Porque Design é Nosso Mundo.

U de Useche

Banqueta TAK

ALPHABETO AZ (redes sociais) U
O design nacional é representado por grandes nomes, inclusive por aqueles que não são nacionais. Um desses internacionais que adotou o Brasil como pátria e a brasilidade como inspiração foi Pedro Useche. Pedro se mudou para o Brasil em 1984 após se formar em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Central da Venezuela, em Caracas.

No Brasil, Pedro abriu um Atelier em São Paulo e começou a produzir peças de mobiliário. Para o designer, beleza e funcionalidade devem sempre estar aliadas por isso desenvolveu um trabalho por meio do casamento harmônico entre estética e funcionalidade. Seu objetivo é não se apegar ao modismo e o resultado é um trabalho ousado e irreverente.

Pedro Useche já foi premiado em diversas participações em mostras e museus de design no mundo, como a Bienal de Design em Saint-Etienne na França, a Feira Internacional de Móveis de Milão, e, no Brasil, o Instituto Tomie Ohtake e o Museu da Casa Brasileira, além de outras três Bienais nacionais de design.

O design de Useche explora a madeira em suas formas e moldes mais versáteis e essa versatilidade transcende no mobiliário. Um exemplo do bom gosto de Pedro Useche é a Banqueta TAK. A peça é fabricada em eucalipto maciço com certificação FSC, a mais respeitada no seguimento.

Tak possui acabamento em verniz PU e os assentos, em laminado moldado, podem receber revestimento colorido feito de PET reciclado nas cores bege, vermelha, amarela, preta, azul, verde e prata. É por seu design versátil e sustentável que nosso Alphabeto AZ reservou o U para Pedro Useche. Design é Nosso Mundo.

T de Terpins Design

Mesa de Centro Tapete Voador

ALPHABETO AZ (redes sociais) T
Ao se consagrar com o trabalho em cristal soprado, a designer Jacqueline Terpins ficou conhecida pelas peças que realçam o movimento original do cristal e abusam das formas do vidro. Foi assim com temperaturas acima de 900ºC que a designer conquistou não só o mercado mobiliário como os curadores de museus e sua peça deixou de ser apenas um objeto de decoração e se tornou arte.

Com mais de 25 exposições coletivas e outras sete individuais no currículo, Jacqueline Terpins se destaca também na criação de figurinos para peças teatrais e conquistou vários prêmios durante a carreira. Para a designer, o movimento original do cristal é fundamental no trabalho criativo das peças. “Eu respeito o material e aceito as formas que ele sugere no momento em que é dada a liberdade através do calor”, explica.

O trabalho com o cristal chega a temperaturas que variam entre 900º e 1440º e fazem com que o vidro literalmente dance. De longe, as peças de Jacqueline parecem estar flutuando. Foi assim que em 2009 a designer lançou uma mesa de centro que mais parecia voar. A forma deu nome ao objeto e a Mesa de Centro Tapete Voador tomou emprestado as formas do vidro em novo material.

Produzida em madeira corian, cuja fluidez e flexibilidade permitem criar suas curvas, a peça é uma prima irmã daquelas criadas em alta temperatura. Jacqueline decidiu voltar seu olhar para outros materiais sem restrições e o resultado foi incrível. A designer formada em Comunicação Visual pela Escola de Belas Artes da UFRJ manteve suas criações de mobiliário muito próximas do meio artístico e ter um móvel de Jacqueline Terpin em casa é ter uma beça peça de arte.

S de Sérgio Rodrigues

Poltrona Mole

ALPHABETO AZ (redes sociais) S
O Alphabeto AZ volta a falar dele, mas como não dar mais de uma letra no nosso design de A a Z para um designer tão completo como Sérgio Rodrigues? Carioca, Sérgio foi arquiteto e construiu uma carreira brilhante como designer de móveis com peças ícones do design nacional. Um homem a frente de seu tempo, Sérgio é dono de uma imensa coleção de móveis atemporais que não se rendeu a modismos.

O designer nos deixou este ano, vítima de um câncer terminal, mas suas peças estão casa vez mais vivas. Seu interesse pelo espaço interno não deixou Sérgio longe do design de móveis por muito tempo. Convicto de que “a arquitetura em que o planejamento do espaço interno não é estudado adequadamente não é arquitetura, é escultura”, o designer saltou da arquitetura para a criação mobiliária quando fundou a Indústria Oca em 1954, um dos estúdios de arquitetura de interiores e cenografia mais importantes do mobiliário brasileiro.

Desde a década de 1950, Sérgio passou a colocar o design nacional em destaque no mundo. Das suas criações, a Poltrona Mole se sobressaiu. O carioca fez nome no Brasil e internacionalmente com a icônica poltrona. Mole é a representação do conforto ao estilo brasileiro, com a elegância ao estilo de Sérgio. Em 1957 o designer deu vida à poltrona que marcaria sua carreira. Produzida em madeira jacarandá e revestida em couro, a peça faz parte do acervo do Museum of Modern Art de Nova York (MoMA).

 

R de Rippa

Decameron

ALPHABETO AZ (redes sociais) R
Não é estranho associarmos a palavra “sofisticação” com o mobiliário produzido pela Decameron. Desculpem-me parecer meio clichê, mas realmente não consigo fazer uma associação mais irreverente – e mais verdadeira – do que esta. O trabalho da marca criada por Marcos Ferreira realmente externaliza a modernidade sofisticada em trabalhos conceituais… e com muito conforto.

A vontade de criar uma marca capaz de desenhar e produzir pequenos objetos de desejo foi colocada em prática em 1995, quando o designer Marcus Ferreira fundou a Decameron. A marca nasceu completa. Mais que um escritório de design, Marcus Ferreira decidiu criar um ateliê onde as peças pudessem ser feitas passo a passo pelas mãos dos artesãos.

Cada peça é única e cada desenho, feito sob medida para servir direitinho em cada casa. A Decameron aliou o trabalho manual dos antigos artesãos ao design atemporal, que mistura o moderno e o contemporâneo na exata medida de cada produto. Foi nessa linha que Marcus Ferreira desenhou a Chaise Rippa.

Vencedora do prêmio Idea Brasil de 2008, a chaise se destaca por sua sofisticação, conforto e modernidade. Com capa de linho branca e linhas conceituais, a Rippa chama a atenção por sua base de madeira cedro certificada com formato pouco comum. É como se a leveza do estofado estivesse presa à terra somente pelas finas ripas na base. Esse é nosso design, esse é nosso mundo, então R é de Rippa.