Rosembaum projeta escola no Tocantins a partir do resgate cultural

Com a ajuda dos alunos, Marcelo Rosembaum e escritório Aleph Zero projetaram nova sede da escola Formoso de Araguaia, na zona rural do Tocantins

Quando propagandas de governo soltam jargões do tipo “a escola é para todos”, Marcelo Rosembaum levou a sério. Na verdade, o arquiteto levou tão ao pé da letra que a escola de todos foi projetada por todos. Estamos falando do projeto da Fundação Bradesco na zona rural de Formoso de Araguaia, no Tocantins (320 km de Palmas), que Marcelo desenvolveu com a ajuda dos alunos.

A Fazenda Canuanã abriga um internato que acolhe 800 alunos da zona rural, onde não há qualquer acesso à educação. A entidade, mantida pela Fundação Bradesco, precisava de uma sede nova para os grandes pavilhões onde dormiam os 540 alunos do Ensino Fundamental 2 e decidiram convidar Marcelo Rosembaum para tocar o projeto.

O arquiteto foi indicado à fundação em decorrência de seu trabalho em outro projeto, A gente transforma, um movimento de divulgação do design da cultura dos povos de cada região, com desenvolvimento sustentável. Afinal, o olhar atento do arquiteto e designer para a brasilidade e a união com a valorização da cultura popular formam a base de seu trabalho.

Para recriar a escola no Tocantins, Marcelo Rosenbaum convidou o escritório Aleph Zero, de Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes, para desenvolver com ele o projeto de arquitetura. O primeiro passo foi conhecer de perto os verdadeiros clientes da empreitada: os estudantes. Marcelo, Gustavo e Pedro elaboraram tarefas para as crianças se expressarem com “O que faz de Canuanã minha casa?”.

Os estudantes elaboraram textos, desenhos, pinturas e encenações num festival criativo, com dinâmicas entre alunos e profissionais. Foi dai que o trio tirou inspiração para a nova escola. “Por mais que cada um manifestasse seus desejos individuais, nossa leitura buscava o que era universal”, explicou Gustavo.

A referência foi a regionalidade. Segundo Rosenbaum, os alunos muitas vezes não se reconhecem na cultura a qual pertencem e era preciso mudar isto. Muita madeira e verde foram selecionadas para a criação desse projeto de resgate da cultura das construções nas aldeias. Segundo o diretor da escola, o resultado da nova construção é perceptível no comportamento dos alunos, que após a inauguração dos novos pavilhões estão mais calmos e mais felizes.

Imagens: Divulgação