“O design está se tornando algo complexo”

“Essa mistura de sensações que uma peça de mobiliário desperta é o que me encanta”

(Foto: Marcus Camargo)

(Foto: Marcus Camargo)

Foi em meio às batidas do som e o tilintar das taças de champanhe, em uma noite de Papo Design, que Fernando Mendes reservou tempo para um papo sobre design com nosso Blog AZ. O design faz parte da vida e inspira Fernando na hora de mergulhar nas possibilidades da forma e do encaixe da madeira. “Essa mistura de sensações que uma peça de mobiliário desperta é o que me encanta”, confessou.

Fernando descobriu quando era ainda jovem que seu ídolo do design era também seu primo. Unidos pelos laços familiares e pela paixão ao design, Sergio Rodrigues e Fernando Mendes trabalharam juntos por mais de 20 anos, parceria que se encerrou com a morte de Sérgio no fim do ano passado. Todas essas histórias foram relembradas na entrevista que o designer concedeu ao Blog AZ:

 

Quando você fala em design, sempre defende o trabalho de uma marcenaria de verdade, o que seria essa marcenaria?

Quando eu faço referência a essa marcenaria, me aludo ao uso das técnicas de marcenaria milenares por meio do encaixe na produção do design de móveis contemporâneo. A marcenaria é atenda a uma construção artesanal antiga ou nova, basta saber usar. A utilização do encaixe da madeira com o mínimo de intervenção de outros materiais, como o prego, é o que chamamos de uma marcenaria de verdade.

 

É possível usar essa marcenaria de verdade em um atelier de grande produção?

Sim, é possível desde que o atelier desenvolve uma série de mecanismos para poder produzir utilizando a marcenaria artesanal. Hoje, existe no mercado o CNC, comando digital para operar uma fresa, que cria o formado e faz o encaixe da madeira. A [máquina] CNC não é uma tecnologia nova, desde o início da década de 1930 os escandinavos já utilizavam esse mecanismo para fazer os encaixes da madeira de forma seriada para uma produção de maior escala. Quer dizer, os escandinavos já utilizavam esses gabaritos para produzir os móveis de forma muito sofisticada há mais de 70 anos atrás, produzindo peças extremamente elaboradas com um suporte fabril bastante tradicional. É uma tecnologia que não se utiliza uma interface digital e sim a inteligência.

 

Você costuma criticar a questão de o trabalho manufaturado ser relegado à segunda categoria. Essa desvalorização é uma tendência mundial ou é recorrente apenas no Brasil?

Acho que desconsiderar o trabalho artesanal e manufaturado ainda é uma tendência mundial, mas que está mudando. Ainda acho que aqui no Brasil é um pouco pior. Os brasileiros tem a cultura, herdada da colonização portuguesa, de acreditar que é preciso ter um nível universitário para se dar bem na vida e como a arte da manufatura é ligada a um setor mais técnico, a gente desprestigia. Em razão do preconceito, falta no mercado brasileiro pessoas com maior formação técnica e essa tendência acaba inclusive por atrapalha a nossa economia. É muito difícil contratar pessoas do setor técnico no mercado. Eu já tive um funcionário alemão com formação no setor técnico na Alemanha e ele achava estranho esse desprestígio. Seus amigos brasileiros, de nível universitário, não entendiam como um alemão que falava inglês não tinha uma formação superior, como se essa ausência deixasse o seu trabalho menos importante. As pessoas não compreendiam como ele estava se ‘sujeitando’ ao trabalho de marceneiro, como se fosse uma profissão que exigisse pouca inteligência – o que não é verdade. A marcenaria dá a oportunidade de a pessoa desenvolver trabalhos incríveis que exigem inteligência e muito estudo elaborado. É uma profissão que não fica a dever nada para nenhuma outra.

 

Algumas pessoas acreditam que o design mobiliário e o design de modo geral são uma espécie de arte, já outros a tratam como uma profissão. Qual é a sua opinião a respeito desse debate?

O design hoje em dia tem uma característica interessante de se tornar uma área de interesse que abriga um monte de inteligência. Ele surgiu como uma maneira de aliar forma, função, fabricação e emoção para despertar interesses e criar algo que tenha um lado artístico e outro funcional. Ou seja, deve unir a beleza da arte com a funcionalidade do produto comercial, pois não adianta criar algo belo que não possa ser levado para a fábrica ou ser de fácil produção fabril e não ter nenhuma beleza atrativa. O design hoje em dia está abraçando cada vez mais áreas, já que tem essa peculiaridade de ir agregando inteligências e interesses. Um cabeleireiro, por exemplo, se tornou um hair designer. O design está se tornando algo mais complexo.

 

Tanto seu trabalho como o de Sérgio Rodrigues são bastante modernistas. Como você abraçou esse tipo de criação e, junto com Sérgio, produziu peças bastante atemporais?

O design atemporal é aquele que cria objetos com uma expressão tão forte que passa pelo tempo e continua agradando, sendo interessante e atual. É o que chamamos de clássico. Claro que o clássico não nasce com essa característica, ele se torna clássico de acordo com o tempo e sua aceitação. Meu trabalho é muito ligado às décadas de 1950 e 1960 em razão do meu interesse por essa tecnologia escandinava da marcenaria de encaixes. Como os escandinavos ficam muito tempo dentro de casa, já que os países nórdicos são muito frios, eles se preocuparam em desenvolver peças atentas ao aconchego dos móveis e a uma beleza limpa, minimalista e sem muito rebuscamento. São móveis confortáveis, duráveis e gostosos de usar. Essa mistura de sensações que uma peça de mobiliário desperta é o que me encanta. Outro fator que despertou meu interesse foi o trabalho de marcenaria com o encanto da textura e dos cheiros. A marcenaria tradicional é uma atividade que mexe muito com os sentidos. Espero até um dia conseguir descolar disso, mas esse vínculo não é uma preocupação pra mim. Eu crio inspirado pelo trabalho da marcenaria e pelo fascínio de desenhar as peças à mão. Aprendi com o Sérgio [Rodrigues], que tinha uma paixão pelo desenho, a importância da criação inicialmente manual do trabalho moveleiro.

 

Dentro dessa criação mais tradicional ou industrial e da criação autoral, você acredita que podemos distinguir o bom do mau design?

Eu não sou um crítico de design, mas acredito que o bom design venha da sensibilidade de se gostar de criar e produzir. Existem coisas que são boas e outras que não; que têm uma estrutura equivocada para a sua fabricação ou uma estética sem inspiração, copiada ou sem conforto. O conforto não deve ser desprezado em nenhum momento. O design tem que abraçar a arte, o conforto, o saber fazer e a beleza do mobiliário.

 

Você fala muito na questão do encanto e de gostar do design e todos que falam em Sérgio Rodrigues lembram dessa mesma característica apaixonada que ele tinha de encarar o design. Como foi trabalhar com ele?

Depois de mais de 20 anos de convivência com Sérgio que percebi o que foi a maior influência dele na minha vida e no meu trabalho e essa influência foi exatamente essa paixão e emoção que ele teve com o ofício. O Sérgio batalhou em um momento que não existia um design brasileiro. Tinham poucas pessoas fazendo alguma coisa que expressasse uma cultura nacional dentro da fabricação de mobiliário e dos espaços institucionais. Ele começou a se dedicar ao mobiliário com uma crença e uma vontade tão forte de fazer acontecer que foi em frente atravessando bons e maus momentos sem nunca abandonar o entusiasmo.

 

Praticamente tudo que ele criou teve uma força grande e uma enorme repercussão no mundo do design.

Sim, e essa conquista veio da ligação que ele tinha com a emoção. Acho que ele queria tocar as pessoas com a sua criação. Sérgio foi um homem muito carismático, mas tinha essa coisa de atingir e provocar o outro. Seu é muito sedutor já tudo que ele criou foi feito para projetos específicos e pessoas específicas. Ele estudava o cenário da vida da pessoa e fazia um casamento entre o lugar e o sujeito criando peças perfeitas para cada ocasião. Ele conseguiu, ao mesmo tempo, ter uma variedade imensa de modelos que são distintos e uma linguagem única que é marca registrada do seu design. Ele conquistou umas coisas que acho muito difícil de serem alcançadas.

 

Seu trabalho foi muito importante para mostrar ao mundo que o Brasil tem design. Você acredita que ele foi um marco nessa questão da afirmação nacional dentro do design moveleiro mundial?

A motivação dele veio disso. Sérgio foi estudar a arquitetura e percebeu que na arquitetura de meados do século XX existiam varias representações da expressão brasileira. O Brasil já aparecia no cenário mundial da arquitetura, entretanto não tinha muito nomes no campo do mobiliário. Ele olhava para dentro dessa arquitetura e via somente o design europeu, já que não tinha uma identidade brasileira para colocar dentro das casas. O mote de Sérgio com o design foi o de justamente querer preencher esse espaço interno com algo que se comunicasse com a nossa cultura.

 

Design gráfico em alta

Trabalho de designers como Marina Willer mostra a força que o design digital tem ganhado no mundo contemporâneo

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Marina Willer (Fotos: Divulgação)

A arte pode ser expressa sobre várias plataformas, mas o mundo digital está colocando em alta os artistas que dominam as plataformas virtuais. Um exemplo de competência no campo é a paranaense Marina Willer. Com um rico currículo, a artista conquistou o design gráfico e fez nome também no audiovisual.

Nascida em Curitiba, Marina Willer fez mestrado em design gráfico e cinema no Royal College of Art quando a profissão ainda estava ganhando terreno, entre os anos de 1993 e 1995. No currículo, adiciona a experiência que ganhou ao trabalhar na Wolff Olins em Londres, entre 1998 e 2001 – uma das mais importantes empresas de design gráfico.
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Com o grupo da Wolff Olins, Marina desenvolveu os projetos que marcaram sua carreira: a identidade visual da Tate Gallery, do South Bank Centre e da Oi Telecomunicações. Atualmente Marina é sócia da Pentagram, localizada em Londres e com sede também nas cidades de Nova York, São Francisco, Berlin e Austin. A empresa é a maior representante independente de consultoria digital do mundo.

No campo do cinema Marina não ficou para trás. Também dirige curtas metragens independentes. Seu trabalho como cineasta já foi exibido na Fundação Cartier, em Paris, no Instituto de Arte Contemporânea, em Londres e em vários outros festivais de cinema, incluindo o Clermont Ferrand e o Festival de Cinema de Roterdã. Em 2004, ela recebeu o prêmio de melhor curta metragem na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo pelo documentário “Cartas da mãe”, uma crônica sobre o Brasil contada através das cartas do cartunista Henfil escreveu à própria mãe.
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Inquietude delicada

Nina Pandolfo se destacou no street art e levou suas bonecas meigas e expressivas dos muros das ruas para as paredes das galerias

Butantã, SP 2008
É lúdico, fantástico e bastante expressivo o trabalho da artista plástica Nina Pandolfo. Nina começou em 1992 como grafiteira colorindo as ruas da capital de São Paulo, cidade onde nasceu, e foi uma das responsáveis por trazer o street art para dentro das paredes das galerias. Atualmente a artista se dedica ao trabalho com telas, bonecas e esculturas usando diferentes tintas e materiais.

A relação de Nina com a arte urbana é antiga. Foi por meio das telas das paredes das ruas que a artista começou a se expressar. Casada com Otávio Pandolfo, um dos integrantes da dupla de grafiteiros Os gêmeos, a paixão pela arte é vivida dentro e fora de casa. Nina Pandolfo é conhecida por suas bonecas de olhos grandes, expressivos e inquietantes. São meninas meigas com o olhar que diz mais que qualquer boca.

"Onde toda beleza se esconde"

“Onde toda beleza se esconde”

Seu trabalho pode ser visto nas salas dos museus e nas ruas de cidades como Atenas, Barcelona, Buenos Aires, Tóquio, Los Angeles, Havana e Munique. Em sua última exposição, chamada Serendipidade, a artista convidou seu público para se encantar em um mundo que mais parecia faz de contas. As portas da galeria eram abertas ao som de uma caixinha de música composta pelos DJs Tony Beatbutcher e Roger Dee.

Além dos quadros, pintados quase que em três dimensões, Serendipidade contou com grandes esculturas como a de um gato de três metros de comprimento que ronronava ao receber carinho. Tudo foi feito como uma descoberta, em referência ao nome da exposição. Serendipidade é uma adaptação da palavra em inglês Serendipty, termo criado pelo britânico Horace Walpole, em 1754, em referência ao conto persa infantil Os três príncipes de Serendip, que significa “descobertas ao acaso”.

"Mais sobre ontem"

“Mais sobre ontem”

Toda a obra de Nina é uma Serendipty, tanto para ela quanto para seu público. Além de Serendipidade, Nina já participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, como Feelings, na Galeria Lazarides em Londres e Life’s Flavour, na Carmichael Gallery of Contemporary Art de Los Angeles, nos Estados Unidos.

Para Nina existem muitas formas de se fazer arte e é por isso que a artista é tão plural. Graduada em comunicação visual, durante a adolescência Nina trabalhou com teatro de rua como atriz, figurinista e cenógrafa. Atualmente, além das artes plásticas e da pintura, Nina Pandolfo lançou um livro sobre sua obra e carreira.

"Então ela se fez bonita"

“Então ela se fez bonita”

"Pausa"

“Pausa”

 

O artista que iluminou Brasília

Athos Bulcão abandonou a carreira médica, se dedicou às artes e fez nome colorindo Brasília

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Da infância em Teresópolis para as artes no mundo. É esse o resumo bem breve da vida de Athos Bulcão. Pintor, escultor, decorador, desenhista e professor, Athos perdeu a mãe, Maria Antonieta da Fonseca Bulcão, de enfisema pulmonar antes dos cinco anos e foi criado por seu pai, Fortunato Bulcão, amigo e sócio do escritor Monteiro Lobato. Sua família tinha um interesse particular pela arte, então não é de se estranhar que Athos Bulcão tenha largado a Faculdade de Medicina para se dedicar à criação.

Frequentador de teatros, salões de artes, espetáculos de companhias estrangeiras e óperas, Athos Bulcão, aos quatro anos de idade, já ensaiava desenhos. Aos 21 anos, em 1939, desistiu da carreira de médico para se dedicar às artes visuais, mesmo ano que foi apresentado a Candido Portinari, com quem aprendeu a aprimorar suas habilidades. Portinari e Bulcão trabalharam juntos no mural de São Francisco de Assis na Igreja Pampulha em Belo Horizonte.

Athos Bulcão se mudou para Paris na década de 1940, mas se encontrou mesmo quando pousou na capital brasileira quase 20 anos depois. Em 1943, Bulcão conheceu Oscar Niemeyer, que lhe encomendou um projeto para os azulejos externos do Teatro Municipal de Belo Horizonte. A obra ficou inacabada e o painel não foi realizado, mas da amizade com Oscar nasceu a paixão por Brasília. Niemeyer convidou Atos para se mudar para a nova capital ainda em construção e o artista a transformou em seu museu de céu aberto.

Suas criações e figuras geométricas estão espalhadas por vários prédios e obras arquitetônicas de Brasília como a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, Parque da Cidade Sarah Kubitschek, Torre de TV, Teatro Nacional Cláudio Santoro , Instituto de Artes da UnB, Escola Classe, Mercado das Flores, Hospital Sarah Kubitschek, Gran’ Circo Lar, Palácio da Alvorada , Escola Francesa de Brasilia, Aeroporto Internacional de Brasília Presidente Juscelino Kubstichek e no Congresso Nacional.

Como desenhista gráfico, Athos Bulcão fez as ilustrações de vários livros e revistas literárias, além de trabalhar em cenários para peças de teatro como Tia Vânia (de Tchekov) e o Dilema de um Médico (de Bernard Shaw). Como escultor, realizou obras de integração arquitetônica, algumas complementares para prédios projetados por Oscar Niemeyer, Helio Uchoa, Sergio Bernandes e Israel Correira, entre outros arquitetos.

O artista faleceu em 2008 aos 90 anos de idade no Hospital Sarah Kubitschek devido a complicações do mal de Parkinson. Grande parte de seus trabalhos encontra-se em Brasília, mas a Organização da Sociedade Civil do Interesse Público (OSCIP) Fundação Athos Bulcão trabalha na preservação e difusão da obra do artista plástico desde sua criação, em 1992.

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O insaciável artista goiano

Naturalizado em Goiânia, Pitágoras Lopes Gonçalves é um dos grandes nomes da nossa arte contemporânea

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Para os que não conhecem Goiânia, aqui vai mais uma razão para atraí-los ao centro-oeste: Pitágoras Lopes Gonçalves. Pitágoras é mais um goiano que vem mostrando que arte não se faz apenas no eixo Rio – São Paulo. Autodidata, Pitágoras satiriza a estética humana por meio de suas pinceladas.

Insaciável, porque o artista nunca cansa. Aos quase 50 anos de idade, Pitágoras não parou e nem seu sucesso. No currículo coleciona uma vasta lista de exposições em diversas cidades brasileiras, além de uma participação luxuosa na Feira Internacional de Arte Contemporânea de Nova York, em 2008.

O trabalho do artista se aproxima muito ao que era feito pelos expressionistas. Se você não sabe quem realmente é, dê uma olhada para a obra de Pitágoras e nela encontrará sua essência revelando sincronia com a produção do circuito artístico contemporâneo.

Sombras, seres fantasmagóricos e pinceladas fazem nascer uma obra que não deixa o espectador imune. Confira um pouco desse trabalho na Armazém da Decoração.
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“Nunca parei de desenhar”

Crônicas do Dia-a-Dia fala hoje sobre o artista Goiano que vêm fazendo sucesso fora de sua terrinha, Marcelo Solá

Marcelo Solá (Fotos: Blog da Mariah)

Marcelo Solá (Fotos: Blog da Mariah)

É em sua chácara que Marcelo Solá concentra seu trabalho. A pulsação das metrópoles contemporâneas e sua natureza caótica e pulverizada são impressas em sua obra que saiu do centro do país e conquistou galerias de arte em várias partes do Brasil e do mundo. Aos 42 anos de idade, Marcelo continua se dedicando ao desenho como fazia quando ainda era um menino. “A criança, na fase escolar, até aprender a escrever, se comunica por desenhos. Eu aprendi a escrever, mas não deixei de me comunicar por desenhos”, conta Marcelo.

O desenho-pintura de Solá nasceu da sua criatividade e da ânsia de se expressar. Autodidata, Marcelo não frequentou a faculdade. O artista conta que até tentou entrar para cursos como artes visuais e arquitetura, mas o plano não deu certo. “Eu sempre desenhei, desde criança. Acabei me envolvendo em todo o processo e as coisas foram acontecendo para mim, quando vi já estava sendo convidado para exposições e mostras fora de Goiás”.

O artista plástico não se limita ao papel. Marcelo usa e abusa da arte em todos os seus sentidos e o desenho é apenas um deles. Algumas obras de Solá são o que o próprio artista chama de desenho-instalação com a participação de objetos como uma atividade ampliada. Marcelo é íntimo da arte, mas ainda está se adaptando ao mercado. “O mercado é uma novidade para mim, de uns dois ou três anos para cá as exposições têm vendido meus quadros”, conta o artista.

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São as divagações e percepções do artista acerca do mundo que o cerca as suas principais inspirações. Marcelo dedica 24 horas do seu tempo à arte e são as pequenas coisas que Marcelo transforma em grandes desenhos. “Faço reflexões sobre temas que, as vezes, passam despercebidos na vida das pessoas e esses temas viram obras de arte”, explica o artista. Quando decide enumerar os temas, arquitetura, sexualidade, religião não ficam de fora.

Entre as suas exposições, destacam as realizadas na Funarte, Brasília, em 2005, na Celma Alburquerque Galeria de Arte em Belo Horizonte, no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e na Galeria Casa Triângulo e Centro Cultural São Paulo. Este ano, Marcelo Solá foi convidado para mais um exposição internacional, desta vez em Massachusetts, Estados Unidos.

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Crônicas do Dia-a-Dia: Um quê de poesia

Crônicas do dia-a-dia entra no mundo de Giovanni Borges e descobre como o arquiteto projeta os sonhos de seus clientes

Giovani Borges

Giovanni Borges

Aos 40 anos de idade Giovanni Borges já comemora 20 de carreira. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela antiga Universidade Católica de Goiás e atual PUC-GO, o arquiteto entrou em uma sala universitária pela primeira vez aos 15 anos e já como estudante. Nascido no interior, Giovanni veio cedo para a capital goiana e por aqui se firmou. A cada novo projeto, o arquiteto encontra uma nova aventura. É em seu escritório no Setor Bueno, que Giovanni recebe convites para mergulhar nos novos desafios que a carreira que ele ama lhe proporciona a cada dia e são essas aventuras que ele conta um pouco mais para o Blog AZ.

 

Porque a arquitetura?
É uma paixão de infância. Eu não tinha muita noção entre a diferença da engenharia para a arquitetura, meu pai me deu um livro sobre as profissões e eu acabei escolhendo pela segunda opção. Não gostei do trabalho técnico que descrevia a engenharia, eu queria criar, usar meu feeling.

O que te inspira?
É difícil mensurar tudo em uma coisa só, mas eu tento me inspirar no desejo do meu cliente. Eu não sou um arquiteto formal, mas eu fico preocupado com o problema que eu tenho que resolver. Eu acho que arquitetura é um pouco arte. Nós temos um dom criativo grande que tem tudo a ver com arte.

Uma cidade e uma viagem que te marcaram?
Cidade? Rio de Janeiro, sem dúvida. Mas cada lugar me encanta de uma maneira diferente. Gostei muito da África e da Austrália. Eu me encanto pelo novo, pelo diferente.

Sua profissão secreta?
Arquiteto!

Um luxo essencial?
Tempo para mim mesmo! Hoje em dias estamos sempre correndo contra o tempo, que ter tempo para investir em mim acabou se tornando um luxo.

Seu lugarzinho preferido dentro de casa?
O home para assistir filmes e meu quarto pelo conforto do meu cantinho.

Projeto dos sonhos?
Eu tenho vontade de fazer algo de uso público. Ter mais de um cliente satisfeito com um mesmo trabalho, como um teatro ou um grande restaurante.

Em seus projetos, o que nunca pode faltar?
Essência! Eu gosto do desafio e do novo.
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“O trabalho do arquiteto tem um quê de poesia … Afinal, quando desenvolve um projeto, ele é responsável pela realização de um sonho, do desejo de ser feliz das pessoas.” (Giovanni Borges)

 

 

Crônicas do Dia-a-Dia: Projetando novos mundos

Crônicas do dia-a-dia entrevista hoje Elaine Saliba e aprende como a arquiteta aprendeu a projetar novos mundos na vida de cada novo cliente

Eliane Saliba

Elaine Saliba

Paulistana de nascença e goiana de paixão, a arquiteta Elaine Saliba abriu as portas da sua vida profissional e pessoal para nosso blog AZ entrar. Com 20 anos dedicados à harmonia das formas e ao conforto dos espaços, Elaine trabalha lado a lado com a expectativa dos seus clientes para conseguir criar o mundo que eles desejam quando a procuram em seu escritório da Rua 28, no Setor Marista. A percepção interior de Elaine Saliba é sua maior aliada na hora de criar. Entender o que o cliente quer e transformar esse sonho em realidade faz parte da construção não apenas de um novo projeto, mas também da sua vida. E como a vida é dela, nada melhor do que ela mesma para nos contar um pouco mais.

O que te inspira na hora de criar e projetar?
Acho que a empatia com o cliente é o início desta inspiração. Suas expectativas e seus anseios juntamente com meus conhecimentos técnicos me inspiram na hora da criação, para que eu consiga criar o mundo dele… e o meu também.

Qual é o ideal de melhor viagem?
Aquela que te leva às viagens mais internas e profundas. Amo viajar, por isso são nestes momentos que tenho contato com outros lugares, outras pessoas e vou me conhecendo mais. São em minhas viagens que agrego valores e experiências para minha profissão.
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Sua profissão secreta?
Psicóloga….

Um artista?
Kandinsky.

Um luxo essencial?
Ter em sua vida aquilo que te deixa feliz.

Seu lugarzinho preferido dentro de casa?
Meu quarto.

Qual peça de design que você mais admira?
Adoro o design brasileiro, pois tem elegância e muita bossa nova.

Um projeto dos seus sonhos?
Conceber um espaço onde as pessoas possam entrar em contato consigo mesmas… Talvez uma igreja.

Como funciona o seu processo criativo?
Acredito que todo processo criativo depende de muita pesquisa, assim o que não falta em minha vida são viagens e muita leitura, que são coisas fundamentais para criar qualquer projeto. A cada novo trabalho, associo estes conhecimentos com o perfil e expectativas do cliente, é assim que todo meu trabalho flui.

Em seus projetos, o que nunca pode faltar?
Funcionalidade, mas com a personalidade de quem irá usar o espaço.

Quais lojas ou marcas que se comunicam com você?
Aqui em Goiânia, AZ, claro… Pela pesquisa que fazem e nos oferecem tantas opções deste mundo do design.

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Crônicas do Dia-a-Dia: Sarah Rúbia Andrade

Sarah Rúbia Andrade conta um pouco mais sobre sua carreira e vida para a coluna crônicas

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A vida é feita de detalhes e são eles que completam os espaços entre os grandes eventos ou entre uma mesa de jantar e o sofá da sala. Na vida e no trabalho de Sarah Rúbia Andrade detalhes são fundamentas. Nascida em Quirinópolis, interior de Goiás, em 1970, Sarah é designer de interiores e aos 43 anos seu status continua sendo o mesmo que era no início da década de 1990 quando entrou para o curso de Design na Universidade Federal de Goiás: apaixonada pela profissão.

De início nada era obvio. Sarah começou o curso de design gráfico e pretendia seguir a profissão. No meio do caminho os interesses mudaram e o destino também, Sarah completou o curso de design, mas com especialização em Interiores. O design gráfico ficou no meio do caminho entre o que era para ser e o que acabou se tornando e Sarah se tornou uma profissional de sucesso com vários projetos no currículo, em Goiás e outros Estados.

O caminho de Sarah se cruzou o da Armazém da Decoração ainda nos primeiros anos de vida da loja em Goiânia. Quando a AZ completava seu primeiro aninho, a designer passou a fazer parte de time em uma parceria que duraram nove anos. Junto com a AZ Sarah consolidou sua paixão pela decoração. Para definir seu trabalho, a designer diz que sua inspiração é o sonho do seu cliente “Eu tento me basear no que o cliente quer e encaixar o projeto no sonho dele”, explica Sarah.

O aconchego é a base sobre a qual Sarah ergue o seu trabalho. A designer tenta fugir de ambientes frios e busca imprimir a alma do cliente em cada projeto que assina. “Eu adoro a transformação, quando crio um projeto eu vejo nascer um lugar novo; é como se eu tivesse criado um filho”, explica a designer que busca sempre encontrar a identidade pessoal do cliente quando constrói com ele o sonho de uma casa nova.

Já dentro de sua própria casa Sarah se identifica com a sala e é em seu ambiente preferido que a designer recebe o luxo essencial de sua vida: as amizades. Quando se lembra de uma viagem, a primeira que bate logo na memória da designer são os seis meses que viveu na velha e bela Paris estudando história da arte durante os tempos de faculdade. Mas a emoção na voz de Sarah aparece mesmo quando ela fala na profissão. “É uma paixão, se pudesse escolher outra profissão ainda assim escolheria o design de interiores”, conta.

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Crônicas do Dia-a-Dia: Fernando Parrode

Conhecido por sua elegância, criatividade e estilo marcante o arquiteto e designer Fernando Parrode possui vários talentos e um carisma de dar inveja

(Fotos: Divulgação Facebook)

(Fotos: Divulgação Facebook)

Ele tinha apenas 15 anos de idade quando pôs os pés na universidade pela primeira vez. Já como universitário, desses precoces, mas um universitário, Fernando Parrode iniciou suas aulas no curso de engenharia. Fernando nasceu em São Paulo da união de duas famílias bem peculiares, pelo menos entre si. Do lado paterno Fernando aprendeu a gostar da cultura goiana. O pai fazendeiro trouxe a família para a capital quando o filho tinha apenas 8 anos de idade. Mas foi com a avó materna, de sangue inglês, que o menino pegou gosto pela arte.

No Rio de Janeiro passavam os dias em leilões, tomavam o chá da tarde no Café Colonial e as noites assistiam belas peças e operas no Teatro Municipal. O despertar para a arte veio cedo, mais não o influenciou na escolha do curso e da carreira profissional. Ainda novo nas aulas de cálculo Fernando não se encontrou. Ainda novo, teve uma segunda chance quando foi aprovado no curso de Arquitetura e Urbanismo da antiga Universidade Católica de Goiás (atual PUC-GO), e lá se apaixonou.

Como arquiteto, gosta de desenhar um projeto desde as primeiras vigas até a escolha das últimas poltronas para sua decoração, mas a sede pela criação não parou por aí. O resultado de seu trabalho pode ser visto não apenas durante visitas às casa de seus clientes. É que Fernando Parrode, ou apenas Parrode para os mais íntimos, é também designer de joias. E com uma nova coleção a caminho. “O arquiteto vê em tudo uma fonte de inspiração, sempre gostei de arte, desenho, fotografia e criar coisas diferentes não me deixa cair na rotina”, explica o arquiteto.

Vida

Na hora de projetar Fernando não tem preferência, topa trabalhar em qualquer formado e adora um desafio. Na vida também. Sua preferência pela MPB não afasta seu gosto pelo rock ou o blues, mas na hora de escolher um cantor marcante não hesitou: Cazuza. Sua maior fonte de inspiração são as viagens que faz mundo a fora. Foi em uma delas que conheceu a cidade entre as cidades, sua preferida, a bela Florença.

Com apenas 14 anos Fernando saiu do País pela primeira vez. Entre os passeios agendados para conhecer a Argentina, lojas de antiquário entraram na sua rota. Lá, no início da adolescência, Fernando comprou suas primeiras contribuições para a coleção que herdaria da avó e que é atualmente seu principal hobby. Fernando é colecionador de peças de antiguidade e porcelana oriental.

Durante a conversa na qual Fernando narrou um pouco mais sobre sua vida, o que mais chamou a atenção da entrevistadora não foi seu incrível trabalho e sim o seu doce carisma e atenção; o que a deixou ansiosa por um próximo Papo Design com o arquiteto. Quem sabe comendo uma paella, seu prato preferido, e tomando um bom vinho, sua bebida preferida… e de preferência em Florença!
Joia FP Arquitetura FP

Decor FP