Nas lentes de Joao Castilho

Conheça o trabalho fotográfico do mineiro Joao Castilho

João Castilho Zoo 2

Marcel Duchamp disse na primeira metade do século 20 que seria “arte tudo o que eu disser que é arte” e coroou estas palavras com a exposição A fonte, um urinol rejeitado como obra artística pelo júri de um museu em Nova York por não haver indícios de trabalho artístico em sua peça final. Foi neste momento que o mundo começou a se questionar sobre as novas formas de arte.

Enquanto os mais conservadores fechavam as portas para as novas formas de se criar, artistas ousados passaram a ganhar espaços daqueles que viam o mundo além de seu temo. A fotografia se enquadra neste contexto. Quando descoberta pelo francês Daguerre, a fotografia foi recebida como uma ameaça para a pintura, mas hoje ambas convivem harmoniosamente no meio artístico.

Entre os trabalhos de documentação e os mais autorais, temos diversos fotógrafos artistas que merecem destaque por suas obras. O mineiro Joao Castilho é um deles. Nome recorrente nas listas de destaques da fotografia brasileira, Castilho foi vencedor de quatro prêmios do meio.
joao-castilho-jornal-fotografia-tempero-1_4-770x513

Formado em comunicação e artes em 2001, João se especializou nas Artes Plásticas e aplica este seu talento na fotografia. Quando se comunica, suas imagens não passam uma mensagem pronta. Ela deixa com que o observador retire do conteúdo de sua obra a ressignificação de acordo com suas próprias referências.

Ao longo dos 15 anos de carreira, o fotógrafo já participou de dezenas de exposições coletivas e outras tantas individuais com seus mais de 25 ensaios fotográficos. Em entrevista, Castilho já reafirmou seu desejo de sempre se transformar.

“Não quero que meu trabalho seja a mera e eterna repetição de uma fórmula, não quero que ele se anestesie. Por isso, é preciso tensionar, ampliar, recriar pouco a pouco nosso próprio universo”.  Em cada um de seus ensaios, vemos esta ampliação. João tem a capacidade de se inventar e reinventar nas sombras e nas luzes de suas fotografias.

redemunho_11 redemunho_10 redemunho_09 lotevago_03 João Castilho Zoo

 

Fotos: João Castilho

Jornal britânico inclui Brasília na lista dos dez destinos de turismo arquitetônico

O jornal britânico The Guardian incluiu Brasília na lista das dez cidades que devem ser visitadas por turistas que buscam rotas arquitetônicas

Sem título

No meio do cerrado brasileiro, lá onde não havia muita coisa, uma cidade se levantou praticamente do nada. Seu nome? Brasília. A capital federal, uma jovem de apenas 55 anos de idade, carrega em sua história a fama de sua arquitetura. Nascida fora de seu tempo, e de qualquer tempo, Brasília destaca-se no meio das outras 26 capitais brasileiras e chama a atenção do mundo. Quem conhece, se espanta. Por isso o jornal britânico, The Guardian, incluiu a cidade entre os dez melhores destinos de turismo de arquitetura do mundo.

Segundo a lista, divulgada no final de 2015, a capital modernista deve ser conhecida pela sua arquitetura incomum. Brasília divide a lista com Miami, por sua art déco, com o cubismo e a art nouveau de Praga e outras sete cidades espalhadas pelos quatro cantos do mundo. É plenamente justificável a eleição do planalto central para figurar nesta lista, já que “a construção de Brasília começou em 1956 – com a cidade rapidamente se tornando um marco na história do planejamento de cidades”, como lembrou a própria publicação.

Muito antes dos planos desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek, dos planejamentos urbanistas de Lúcio Costa ou dos desenhos pós-modernistas de Oscar Niemeyer, Brasília já estava prometida ao Planalto Central. A discussão entorno da mudança da capital para o interior do país data de antes do Brasil virar uma república. A Constituição da República de 1891 definiu que essa nova capital deveria ser construída no Planalto Central.

Foi apenas 64 anos após esta decisão que a capital federal começou a ser construída no interior de Goiás, agora um Distrito Federal. O traçado da cidade obedeceu ao plano piloto de Lúcio Costa, batizado com este nome por ter sido a primeira proposta urbanística criada para a cidade. A ideia inicial era fazer uma cidade com a forma de uma cruz, mas o nome “Plano Piloto”, somado à semelhança do projeto com o desenho de uma aeronave, fez com que o formato da área fosse popularmente comparado com um avião, composto de um eixo monumental suas asas.
Brasília

Os prédios principais foram desenhados por Oscar Niemeyer e sua ideia de arquitetura explica bem a cidade. “Quando eu crio um prédio eu não me tranquilizo antes de ver que ele causa espanto e cria emoção”, contou certa vez em entrevista sobre Brasília.

O projeto urbano de Lúcio Costa, com as superquadras, tinha a intenção de criar bairros que favorecessem as relações interpessoais. O térreo dos edifícios seriam abertos e públicos para permitir que crianças brincassem próximas a seus blocos. Entre as quadras a única divisão seria uma área verde, sem cercas, com reserva de área para pequenos comércios locais, espaços onde todos poderiam se encontrar.

Ocorre que Brasília cresceu além do planejado. As asas norte e sul não foram suficientes para abrigar seus moradores e cidades satélites foram nascendo, ao contrário de sua cidade mãe, sem qualquer planejamento urbanístico. Outro ponto que pesou na construção da cidade foi justamente a construção da cidade. O presidente queria levantar a capital até o fim de seu governo, o que daria aos envolvidos no projeto um prazo de apenas quatro anos para concluir as obras. A velocidade com que a cidade foi levantada rendeu à Novacap, empresa responsável pelo projeto, a fama de ter sido responsável pela morte de inúmeros funcionários.

O charme da capital administrativa fica por conta também do Lago Paranoá. Criado artificialmente no intuito de elevar os baixos índices de umidade da região, o lago possui 48 quilômetros quadrados de área, profundidade máxima de 38 metros e cerca de oitenta quilômetros de perímetro. A cidade, além de ganhar o título de capital da arquitetura pós-moderna, foi tombada pela UNESCO em 1987 como patrimônio mundial.

Brasília 2 Brasília 3

O brilho da dança

Após 25 anos de carreira a Quasar Cia. de Dança mostrou ao mundo o trabalho artístico feito em Goiás

Espetáculo "Por 7 vezes"

Espetáculo “Por 7 vezes”

O brilho de um quasar pode ser até um milhão de vezes superior ao de uma galáxia e esse brilho deu nome a uma das mais importantes companhias de dança do Brasil. Mais um representante da arte feita no centro-oeste, a Quasar Cia. De Dança representa nosso estado fora de Goiás e nosso corpo fora da mente. O Blog AZ conta um pouco mais da história dessa companhia, que é um corpo celeste em movimento.

Fundada em 1988 por Vera Bicalho e ex dançarinos do Grupo Energia, a Quasar Cia. de Dança nasceu da combinação da paixão pela dança com a vontade de criar um grupo profissional. “Veio com a paixão, mas a proposta inicial era formar um grupo independente e profissional”, relembra Vera Bicalho, dançarina desde os 15 anos.

A casa de uma das bailarinas do Grupo Energia e amiga de Vera foi palco para o nascimento da companhia. Numa tarde de 1988, o recém nascido grupo foi batizado. “Foi muito legal, uma festa com bailarinos e amigos, todo mundo lá pra dar um nome à companhia. Um deles falou ‘gente, vocês sabem o que é quasar? É uma estrela…’ Ele começou a falar, a gente começou a viajar e pronto. Nós batizamos o grupo como Quasar” lembra a ex bailarina da Quasar e professora de dança Simone Magalhães.

A estrela da festa daquela tarde já tinha nome próprio, bailarinos, espaço para ensaiar e um talentoso coreógrafo, o então estudante de educação física Henrique Rodovalho. Nascia a Quasar Cia. de Dança e já nascia com Asas, espetáculo que estreou em 5 de fevereiro de 1988 marcando o nascimento oficial da companhia. Desde que esse dia foi registrado na carteira de identidade do grupo até hoje foram 25 espetáculos em uma jornada que trouxe à companhia grande reconhecimento.

O balé contemporâneo, não muito íntimo do público goiano do final da década de 80, não ganhou muitos adeptos. A companhia se apresentava para plateias que não chagavam a dez espectadores. A dificuldade dentro de casa foi um obstáculo para as viagens do grupo para fora do estado e do País e repercutiu na consolidação da Quasar como empresa estável. Vera e Rodovalho, coordenadores da companhia, se dividiam em várias funções e sobreviviam de outros trabalhos fora do grupo. Em 1992, a Quasar recebeu o primeiro convite para se apresentar no exterior, na abertura do XXV Festival de Arte e Dança de Manizales, na Colômbia.

Espetáculo "Sobre isto, meu corpo não cansa"

Espetáculo “Sobre isto, meu corpo não cansa”

Nove espetáculos e seis anos após a estreia da companhia, Rodovalho coreografou Versus, espetáculo responsável pelo reconhecimento internacional da companhia antes mesmo de ela ser conhecida no Brasil. O grupo levou Versus para um festival na Alemanha e ao som das poesias concretistas de Arnaldo Antunes a companhia alcançou o sucesso com a sonoridade brasileira do espetáculo. “O público ficou extasiado com a apresentação”, relembra Vera Bicalho. A peça foi premiada em Tel-Aviv e na Alemanha abrindo os olhos do Brasil para o trabalho que estava sendo feito há quase dez anos em Goiás.

A partir de então, as notícias de prêmios e do reconhecimento do grupo não pararam de estampar os jornais locais. Seus fundadores não esperavam atingir o reconhecimento que a Quasar desfruta hoje, já que se trata de um grupo que surgiu sem grandes pretensões, fora do badalado circuito cultural brasileiro. “Estou um pouco assustado. Quando começamos, eu não tinha na cabeça que chegaríamos até aqui. Nossa preocupação era fazer um trabalho de qualidade” avaliou Rodovalho.

Atualmente a Quasar se apresenta no país todo e fora do Brasil. Com uma lista extensa de premiações e uma equipe de professores, dançarinos e cenógrafos, a Quasar não deixou suas raízes. Sempre estreia seus novos espetáculos em Goiânia e aqui mantem seu espeço de ensaio. Tudo para manter viva uma dança que se alimenta da paixão pela arte.

Espetáculo "No singular"

Espetáculo “No singular”

Fotos: Divulgação / Quasar Cia. de Dança

Paulo Alves homenageia Gilberto Dimenstein com nova Poltrona de seu estúdio

Paulo Alves se inspirou nos galhos das árvores e homenageou o jornalista Gilberto Dimenstein com sua nova poltrona

poltrona-gilberto-1-original

Gilberto Dimenstein é um respeitável jornalista brasileiro. Filho de uma tradicional família judaica oriunda do Marrocos, Dimenstein formou-se na faculdade Cásper Líbero e atua nos maiores veículos de comunicação brasileiros. Em seu currículo, inclui trabalhos como o de colunista do jornal Folha de S. Paulo – além dos anos que atuou como diretor do jornal em Brasília e correspondente internacional em Nova York. Trabalhou também no Jornal do Brasil, Correio Braziliense, Última Hora e nas revistas Visão e Veja.

Gilberto Dimenstein foi apontado pela revista Época em 2007 como umas das cem figuras mais influentes do país e ganhou ainda o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, o Prêmio Criança e Paz, do Unicef, Menção Honrosa do Prêmio Maria Moors Cabot da faculdade de Jornalismo de Colúmbia, Nova York. O jornalista ganhou também os prêmios Esso e o Jabuti, em 1993, de melhor livro de não ficção, com a obra “Cidadão de Papel”.

A pergunta agora parece simples: o que um jornalista tem a ver com o design? No caso da Poltrona Gilberto, de Paulo Alves, tem tudo! O designer nunca escondeu sua admiração por Dimenstein. Segundo ele, a atuação de Gilberto no jornalismo, no Projeto Aprendiz e no Catraca Livre é da maior importância para o desenvolvimento inteligente da nossa civilização.
10600559_836888136359692_6154947767521267883_n

Um dia, andando pela Vila Madalena em São Paulo, Dimenstein parou na esquina da Rua Harmonia com a Rodésia, bateu no vidro do estúdio de Paulo Alves e pediu para entrar. “Antes que eu pudesse expressar a minha admiração ele disparou a falar nos parabenizando por ter iluminado aquela esquina do seu bairro”, contou Paulo em uma matéria em seu site. “Desde então, foram várias as incursões de Gilberto para dentro do nosso espaço nestes “fora de hora” mais proveitosos que qualquer horário de expediente comercial”, continuou o designer.

Em uma dessas visitas, o jornalista ficou admirando a primeira versão de uma nova poltrona ainda sem nome. Gilberto aceitou o convite de Paulo e em poucos segundos se acomodou no novo mobiliário. “Naquele momento, não tive a menor duvida. Estava batizada minha mais nova criação: Poltrona Gilberto”.

O design vive da vida e dela tira sua inspiração. A Poltrona Gilberto, além de homenagear uma importante figura do nosso jornalismo, se inspirou na natureza, em especial nas estruturas de galhos de árvores – característica marcante no trabalho de Paulo Alves. O designer confessou que utilizar desenhos que remetem à origem da própria matéria prima foi uma forma por ele encontrada de falar em sustentabilidade sem parecer um eco-chato.

A Poltrona Gilberto é toda estruturada em sarrafos finos de ipê. Em várias cores e tecidos, possui inclinações e dimensões largas para acomodar uma pessoa ao jeito bem brasileiro de se jogar confortavelmente em um mobiliário.

A arte contestadora de Isaac Cordal

Na série Cimento Eclipses, o artista espanhol busca chamar a atenção da sociedade para o comportamento da massa e para os prejuízos ambientais

isaac-cordal-aquecimento-global-3

Uma boa arte é aquela que te toca e o meio artístico tem nas mãos a possibilidade de mudar o mundo por meio da emoção. Ontem o Blog AZ contou como alguns escritórios de arquitetura lançam ideias inovadoras para contornar as mudanças climáticas e tentar não potencializar os prejuízos ambientais causados pelos avanços tecnológicos no último século. Hoje vamos mostrar o que um artista fez com esse mesmo propósito.

O espanhol Isaac Cordal é fotógrafo e artista urbano com um trabalho crítico que lembra as obras do inglês Banksy. Temas inquietantes são sempre alvos de suas obras. Ambientalista, Isaac Cordal não perde a oportunidade de criticar a forma como o mundo tem lidado (ou evitado lidar) com as consequências climáticas dos avanços tecnológicos.

Seu trabalho mais comentado são as esculturas em miniaturas e tamanho real feitas em cimento. A série Cimento Eclipses vem rodando diversas cidades do mundo com o proposito de mostrar o comportamento humano da massa social. O trabalho de arte tem a intenção de chamar a atenção para a desvalorização da relação que o homem tem com a natureza por meio de um olhar crítico para os efeitos colaterais da evolução.
isaac-cordal-aquecimento-global-4

A preocupação de Isaac acerca do acesso à arte fez com que o espanhol levasse suas figuras de cimento para as ruas garantindo o acesso de todos ao seu trabalho – e ao efeito que ele pretende passar. Cimento Eclipses é formada por várias séries com temas voltados para o comportamento humano e social representados pelas esculturas sempre de terno, em alusão ao capitalismo, e sempre homens, em alusão a desigualdade dos sexos.

A linha Waiting for Climate Change (Esperando o clima mudar) escancara o desleixo que a população parece ter enquanto afunda à espera de melhora. As esculturas estão submersas parcialmente, boiando em águas sujas para chamar a atenção quanto ao recorrente problema da elevação do nível do mar.

Follow the Leaders (Siga os Líderes) mostra o comportamento de seres idênticos diante do colapso do sistema financeiro. Apesar da temática forte, o artista não se diz um pessimista em relação aos problemas do mundo. Seu trabalho é uma denúncia e com ele busca contribuir na busca por mudanças.

isaac-cordal-aquecimento-global-5 isaac-cordal-aquecimento-global-2 isaac-cordal-aquecimento-global-1

Fotos: Divulgação

A linguagem arquitetônica de Daniel Libeskind

“A arquitetura é o complexo êxtase que no qual o futuro pode ser melhor”, Daniel Libeskind.

Museu Judaico, Berlim

Museu Judaico, Berlim

Nossas ideias são capazes de criar tantas coisas e, no fim, estamos presos ao mesmo. Parece uma afirmação contraditória, mas o profissional que a proferiu logo explica o porquê de sua angustia: a arquitetura tem um poder que não é utilizado. “Quando eu olho para o mundo lá fora, eu vejo o quanto a arquitetura é resistente às mudanças”, desabafa durante uma palestra um dos nomes mais aclamados da arquitetura mundial, Daniel Libeskind.

Daniel Libeskind conta que a arquitetura nos conta uma história. Não por meio de letras ou papel, mas pelos materiais sólidos. E sua história nos conta um pouco mais da história da arquitetura.  Daniel Libeskind é polonês nascido em um país recém-saído da segunda guerra mundial e entrando na bipolarização que levou capitalistas e comunistas à beira de um ataque.

Em 1957 sua família imigrou para Israel fugindo da pressão política de não pertencer ao partido comunista. Foi no novo país o local onde Daniel começou a estudar música e se dedicar à arte. O próximo passo da família Libeskind foi ainda mais longo. Aterrissaram nos Estados Unidos em 1965 e Daniel se tornou um cidadão americano. Em terras americanas, Daniel decidiu deixar a música de lado. Em 1970 recebeu o diploma de arquiteto e seguiu para uma pós-graduação na Inglaterra. Ainda hoje a música é presente em sua vida quase tanto quanto a arquitetura.

Royal Ontario Museum, Canadá

Royal Ontario Museum, Canadá

Após caminhar tanto mundo a fora, aprendeu a linguagem do mundo. Sua arquitetura não tem cidadania e suas ideias desconstrutivas o transformaram em um exímio professor universitário capaz de tocar e influenciar uma geração de jovens aspirantes à profissão. Aos 52 anos de idade, passou a projetar com mais frequências e o resultado é um número incontável de prêmios e homenagens.

Atualmente, Daniel Libeskind mantém um escritório em Nova York cercado de 70 pessoas, na maioria jovens profissionais responsáveis pelos projetos que levam seu nome e suas ideias para o mundo inteiro. Com ângulos imponentes, espaços grandiosos, geometrias quase inalcançáveis, seus projetos são desenvolvidos em diversos países espalhados pelos quatro continentes, e tudo isto ao mesmo tempo.

Na verdade, falar das ideias de Daniel Libeskind exigiria mais que apenas algumas linhas. O arquiteto se emociona com uma profissão capaz de criara espaços que apenas existem na nossa mente. A arquitetura não tem como base o projeto ou o concreto, mas a ideia e a criatividade. Segundo Libeskind, arquitetura é a única profissão que você exerce acreditando no futuro. “Você pode ser um general, um político, um economista deprimido, um músico em uma clave menor, um pintor em cores escuras. Mas a arquitetura é o complexo êxtase que no qual o futuro pode ser melhor”.

Memory Foundations, World Trade Center

Memory Foundations, World Trade Center

Museu Judaico, Berlim

Museu Judaico, Berlim

Um pouco mais de Goiás: Casa Oliva

Porque Goiânia e Goiás tem muita coisa para fazer que muita gente ainda não conhece

11999726_938453302863177_6872266537047176159_o

Não é de hoje que os goianos reclamam da falta do que fazer nas quentes terras do cerrado, mas o que muitos não perceberam é que nossa cidade (e estado) está crescendo. A cidade mais antiga do Brasil está localizada no interior de São Paulo. São Vicente foi fundada por Martim Afonso de Souza em 1532. Assim, levando em consideração que a cidade mais idosa do país possui 483 anos de idade, Goiânia e seus quase 82 anos é apenas uma pré-adolescente cidade brasileira tentando chegar à fase adulta.

Nosso transito já está digno das grandes metrópoles, e nisso acho que todos concordam. Mas o que muitos não sabem é que você não precisa voar para São Paulo ou dirigir até Brasília para apreciar bons restaurantes e assistir a bons filmes e nem viajar para o extremo norte ou sul do Brasil em busca de belos passeios turístico e ecológicos. O Blog AZ vai dedicar às segundas-feiras nesse novo mês para falar um pouco mais desse estado e sua atrações turísticas, gastronômicas e ecológicas com muito design, é claro.

E por falar em design, no tópico gastronomia, Goiânia não tem deixado a desejar. A cidade está recebendo novos bistrôs e restaurantes que chamam a atenção no quesito boa culinária e bela decoração. O restaurante foi projetado pelo Escritório Bittar, de Eduardo e Karla Bittar, e leva o nome Casa Oliva porque a Casa abriga um pé de Oliva em seu interior.

Entre outros nomes importantes, a Casa Oliva leva o de Paulo Mendes da Rocha. Suas Poltronas Paulistano fazem parte da requintada decoração do espaço. O restaurante não consolidou sua primeira filial no Parque Flamboyant em Goiânia. A Casa Oliva já existe há um tempo em Anápolis e trouxe sua cozinha italiana e suas saborosas pizzas para a capital goiana. Um belo local com muito design.

foto Edgar Cesar 12038490_938574076184433_319332958401441842_n

Fotos: Edgar Cesar

Copan: as histórias nascidas do concreto

O Blog AZ começa uma série com crônicas da vida vivida e inventada nas paredes do Copan, o maior edifício residencial da américa latina – projeto de Oscar Niemeyer

Foto do edifício Copan, em São Paulo, de Oscar Niemeyer

Da dura poesia concreta de tuas esquinas à deselegância discreta de tuas meninas, Sampa’ abriga um número incontável de arranha-céus, mas poucos deles tiveram o privilégio de se tornar cartão postal como o icônico Edifício Copan.

Entre a Avenida Ipiranga e o final da Rua Consolação, foi erguida a construção mais controversa da capital paulista. Copan é um volume cheio de curvas com 400 quilos de concreto por metro cúbico. O prédio conta com 1.160 apartamentos divididos em seis diferentes blocos, cada um com uma entrada individual, cada um com histórias para contar.

O mais curioso do Copan é a sua diversidade. O edifício abriga cerca de 5 mil moradores, com uma circulação diária que chaga a 6.500 pessoas. Os apartamentos variam de 29 m² a 214 m² e essa particularidade faz com que o Copan abrigue pessoas de todos os estilos e todas as classes sociais.

Com o declínio do centro urbano na década de 1970, o edifício entrou em decadência chagando a ser considerado um cortiço vertical. Após sua revitalização, 20 anos mais tarde, o prédio começou a atrair a classe média em busca de apartamentos bem localizados a preços mais baixos. Segundo os próprios moradores, no Copan tem de “analfabeto a PHD, de Mercedes a Fusca” e toda beleza advinda dessa diversidade.

Tente juntar 5 mil habitantes em uma mesma comunidade vertical e dela você vai conseguir tirar um livro. Foi o que fez a escritora Regina Rheda quando lançou o Arca sem Noé – Histórias do Edifício Copan, ganhador do prémio Jabuti. A internet hospeda também o Blog da jornalista Polly Mariah chamado Edifício Copan: Suas vidas, Seus amores dedicado a contar as histórias dessa comunidade urbana de concreto.

De brigas de casal a hospede fantasma, tudo acontece entre as paredes do Copan e algumas dessas histórias serão contadas aqui no Blog AZ nas próximas semanas… Aguardem.

Nossos bosques têm mais flores

Roberto Burle Marx abandonou a estética dura do modernismo e abriu as janelas para que o mundo visse o quão rica é a flora brasileira

Sem título

A poesia da vida pode bater em nossa porta de diversas formas. Para Roberto Burle Marx ela chegou pela entrada principal trazida por sua mãe. Exímia pianista e cantora, Cecília Burle despertou nos filhos o amor pela música e pelas plantas e foi esta segunda forma de fazer arte que Burle Marx perseguiu em sua vida.

Podemos dizer que Roberto Burle Marx interpretou o mundo a sua volta e a resposta dessa leitura veio por meio do paisagismo. Aos 20 anos, Roberto se mudou para a Alemanha onde teve contato bem próximo com as vanguardas artísticas.  Lá conheceu um Jardim Botânico que mantinha uma estufa com vegetação brasileira, pela qual ficou fascinado. Foi ai que, vivendo do outro lado do mundo, descobriu a riqueza da vegetação de seu país. Foi nessas duas experiências trazidas das Europa, a arte e as plantas, que Burle Marx inspirou seu trabalho.

Praça dos Cristais em Brasília de Roberto Burle Marx

Praça dos Cristais em Brasília de Roberto Burle Marx

Os jardins de grande porte são os principais legados deixados por Burle Marx. O paisagista e artista plástico por formação explorou em seus projetos as plantas brasileiras e conseguiu desenvolver uma linguagem própria que o afastava do modernismo duro e engessado. Foi rompendo com o modernismo que Burle Marx alcançou no paisagismo resultados parecidos com aqueles dos artistas de vanguarda que conheceu de perto na Alemanha.

Seus projetos são uma espécie de arte abstrata que lembra as telas pintadas com este estilo livre e fluido. Dizia que o paisagismo é uma necessidade absoluta da vida humana sem a qual a civilização perderia sua razão estética. Deixou como herança uma linguagem internacional do paisagismo que o colocou entre os três melhores criadores de jardim do século 20 em todo o planeta.

Roberto Burle Marx faleceu em junho de 1994, mas seu escritório permanece vivo. Atualmente o Burle Marx escritório de paisagismo é comandado por seu discípulo Haruyoshi Ono juntamente com um grupo de quatro arquitetos paisagistas que começaram no escritório como estagiários na época que Burle Marx ainda estava vivo. Roberto Burle Marx resgatou a flora nativa do paisagismo tropical e mostrou para o mundo que nossos bosques têm mesmo muito mais flores.

Por Bárbara Alves

Praça Ademar de Barros em Águas de Lindoia (SP), por Burle Marx

Praça Ademar de Barros em Águas de Lindoia (SP), por Burle Marx

Câmara em foco

Salão Verde da Câmara dos Deputados está mobiliada com peças de Oscar Niemeyer

11058532_900014833373691_5289512529777205864_n

O assunto do Blog AZ de hoje é a Câmara dos Deputados, mas relaxa que não vamos falar de corrupção, redução da maioridade penal ou sessões que se realizam na calada da noite. Aliás, vamos falar de um espaço na Câmara dos Deputados onde não se realizam sessões ou mesmo ocorrem votações.

Estamos falando do Salão Verde. O espaço, que assim como grande parte de Brasília também está colorido por Athos Bucão, é o local destinado ao povo e aos jornalistas, pois é lá que eles podem se encontrar com seus representantes. Mas, além de nos encontramos com os políticos, encontramos no Salão Verde figuras ilustres como o já mencionado Athos Bulcão e seu amigo Oscar Niemeyer.

Estes ilustres artistas já nos deixaram, mas para nossa sorte nos deixaram também seus trabalhos. O Salão Verde da Câmara é cercado por um painel de Athos Bulcão e por peças de Oscar Niemeyer e outros designers.

11666107_900140880027753_8231283967760641166_n

A escolha do mestre da arquitetura para mobiliar o espaço não foi aleatória.  Oscar Niemeyer foi o autor do projeto de reforma realizada na casa no início da década de 1970 e trazer as Poltronas Alta para comporem a decoração do ambiente foi uma tentativa de recuperar as feições originais de seu projeto de mais de 40 anos atrás.

Além das cadeiras e mesas desenhadas por Oscar Niemeyer, outros nomes de peso compõem o ambiente, que está decorado por oito tapetes e mobiliário complementar, 12 poltronas, seis banquetas e um couch Barcelona, desenhados pelo arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), bem como quatro poltronas LC1 e duas poltronas LC2, desenhadas por Le Corbusier (1887-1965). Fazem parte do espaço também 88 cadeiras Saarinen e 22 mesas do Café Parlamentar do Salão Verde e da sala VIP do plenário Ulysses Guimarães.