O ex-escravo que marcou a arquitetura colonial de São Paulo

No último Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, a prefeitura de São Paulo entregou uma estátua que homenageia Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811), escravo alforriado que ficou conhecido como Tebas. Responsável pela restauração da Catedral da Sé, demolida em 1911, e por outras grandes obras da cidade, ele foi reconhecido como arquiteto mais de 200 anos após sua morte.

Lumumba Afroindígena e Francine Moreira, responsáveis pela obra. Foto: Casa Vogue

Tebas, nome que significa “alguém com grande habilidade” na língua quimbundo, passou por um processo histórico de apagamento. Por muito tempo, desconfiava-se até mesmo de sua existência. Mas hoje sabe-se que ele era um escravo de origem africana, que conseguiu alforria entre 1777 e 1778.

Mestre na cantaria, o ofício de talhar pedras, ele construiu o primeiro chafariz público de São Paulo, que era localizado onde hoje é a rua Direita. A peça não se encontra mais no local. Ele também ornamentou o Mosteiro de São Bento, a Igreja da Ordem Terceira do Carmo e a Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco.

Há relatos de que o nome de Tebas se tornou uma expressão para se referir às pessoas que tinham múltiplos talentos. Dizia-se, como um elogio: “o fulano é um Tebas”, segundo os pesquisadores. A importância do arquiteto e os mistérios acerca de sua vida foram tema do livro “Tebas, um negro arquiteto na São Paulo escravocrata”, de Emma Young.

Chafariz

Tebas morreu no dia 11 de janeiro de 1811, aos 90 anos. Muitos artistas e historiadores buscam resgatar sua história, que não é contada nos livros e na academia. Apenas em 2018 ele foi reconhecido como arquiteto pelo Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp).

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