Esta semana, o arquiteto Eduardo Longo virou assunto no Twitter, pois sua obra mais icônica, a Casa Bola, foi anunciada para aluguel. O imóvel de 400 m², localizado na Zona Oeste de São Paulo, poderá ser habitado por quem desembolsar 17.680 mil reais por mês. Então, resolvemos fazer uma retrospectiva sobre o projeto, que foi inovador no país, e a trajetória de Eduardo Longo.
Eduardo começou a estudar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, em 1961. Sua formação ocorreu durante o período em que nascia a denominada “Escola Paulista”, que se baseava em conceitos do funcionalismo e do racionalismo. Além disso, ocorria no país uma instabilidade política, devido ao início da ditadura militar.
Ainda estudante, Eduardo Longo se destacou pela criatividade e pelo talento ao desenhar, mas buscou um caminho independente, desvencilhando-se dos conceitos da Escola Paulista. Em 1965, desenhou para os tios uma casa de praia, chamada Mar Casado, que gerou polêmica entre os professores e colegas de profissão pela forma diferente de interpretar a arquitetura.
Até 1970, o trabalho de Eduardo Longo foi caracterizado por esse desapego das imposições teóricas e da racionalidade. No início dessa década, foi fortemente influenciado pelo movimento de contracultura, o que o levou a repensar o modo como exercia a arquitetura. A partir de então, resolveu criar projetos mais integrados à cidade e menos dispendiosos.
Influenciado por conceitos japoneses, em 1974 criou sua casa mais famosa: a Casa Bola, uma fundação em formato redondo, construída sobre seu escritório, no bairro Itaim Bibi, em São Paulo. Eduardo desenhou todos os detalhes do ambiente, que veio a se tornar a residência de sua família. Com o sucesso, acreditou que poderia replicar a casa em grande escala e construiu outros projetos semelhantes, inclusive o da unidade que está sendo alugada.
Para se dedicar aos projetos da Casa Bola, fechou o escritório e fez um hiato de dez anos na carreira. Nos anos 1990, voltou a atender clientes e a participar de concursos de arquitetura. Por ser considerada muito utópica, a obra de Longo não recebeu ainda o devido reconhecimento. Mas, ele certamente representa um marco nas habitações de São Paulo e ainda há muito a ser descoberto sobre seu trabalho.
