Conheça a história da editora de perfumes Leonora Nogueira

“Eu gosto do mundo!”. Quando a editora de perfumes Leonora Rocha Lima Nogueira disse essa frase, apenas confirmou o que eu já tinha percebido ao entrar em seu escritório repleto de objetos de decoração e souvenirs vindos de muitos lugares diferentes. Porém, tudo se encaixa perfeitamente ao perfume do local e eu logo me esqueci do cheiro de asfalto e fumaça que sentia ao atravessar uma avenida movimentada, antes de chegar à Eaux Parfums.

Foi nesse ambiente superagradável que Leonora me explicou como deixou sua carreira de produtora de moda e designer de joias para tornar-se editora de perfumes e consultora olfativa. “Quando eu era criança, a minha mãe fazia um perfume de lavanda e guardava num armário por 30 dias, até a gente poder usar. Mas, é claro que usávamos antes. E esse cheiro me acompanhou a vida toda”.

Por isso, quando teve sua loja de joias e bijuterias, Leonora resolveu fazer ela mesma a lavanda para ser o cheiro do ambiente e vender às clientes. Quando fechou a loja, sentindo-se incompleta na profissão que exercia, uma amiga a procurou pedindo o perfume. “Eu disse que não fazia mais. Só que fiquei com essa ideia na cabeça e pouco tempo depois me arrisquei. Em dezembro de 2013, fiz 150 frascos e, em 15 dias, vendi todos”. Assim nasceu o Eau de Leonora, primeiro perfume da marca Leonora Rocha, hoje Eaux Parfums.

Aos poucos, a empresa foi se estruturando e criando um caminho inédito: a consultoria olfativa para marcas. “Uma amiga me pediu para criar um perfume para a loja dela. Deu supercerto e hoje temos tantos projetos! É tão gratificante ver o que um cheiro é capaz de fazer!”

E são muitos os cheiros pedidos: de infância, nuvem, natal e até mais alguns mais inusitados, como quando criou, para uma marca de lingerie, uma fragrância que lembrasse a vagina. “E eu consegui criar uma que é nada vulgar, misturando especiarias e figo, uma fruta que lembra o formato da vulva. Uma homenagem à vagina e ao nosso poder”.

Hoje, as empresas começam a entender a identidade olfativa, a importância do cliente associar um cheiro à marca. Por aqui, a ideia ainda é nova e o modo de trabalhar de Leonora foi desenvolvido intuitivamente, “pela vontade de criar perfumes através de histórias”. E um dos clientes da consultora é o Armazém da Decoração, que está em busca de um cheiro único, que defina a loja.

De acordo com Leonora, a ideia é criar um perfume moderno, conceitual e surpreendente. Existem duas possibilidades sendo analisadas: “Um perfume sóbrio, bem verde, com uma notinha amadeirada que lembre uma floresta de inverno; ou um floral bem delicado, com notas de pinheiro.”

Leonora me disse que amava o mundo quando a perguntei sobre a sua principal inspiração. Mas, além das viagens, comidas e bebidas; pequenos momentos com pessoas amadas também a motivam. “A lembrança do meu filho Davi, sentado em meu colo, mergulhando o dedo no mel, me inspirou a criar o perfume dele: Eau de Davi. Um perfume de criança, mas sem cheiro de bebê. Um cheiro dele, com a lavanda servindo de base”.

É preciso muito trabalho e criatividade, sem dúvidas. Mas a editora de perfumes tem sido gratificada: Em menos de 5 anos de atividade, com apenas dois funcionários, seus perfumes já estão em quase todos os estados do Brasil e seu nome já estampou diversos jornais, como O Globo.

É que Leonora ama tanto o mundo, que ele começou a retribuir.


Leonora e Maria Abadia Haich, proprietária do Armazém da Decoração

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