Arquitetura da inclusão social

Janete Costa
“Vivi em maio aos objetos da criatividade popular, sonhava em trocar a moringa por uma geladeira. Mas o tempo foi me mostrando a beleza da sua forma singela e através da elaboração intelectual deixei de ser apenas consumidora para transformar-me em observadora cultural, não apenas catalogando o universo popular, mas buscando também valorizar e respeitar os criadores coerentes com seu mundo cotidiano”.

Foi assim com seu jeito meio poeta em olhar, consumir e criar a cultura que a arquiteta pernambucana Janete Costa desenhou uma carreira marcada por importantes projetos de arquitetura, design expositivo e de produtos. Janete Costa nasceu em 3 de junho de 1932, em Garanhuns (PE), e deixou o mundo em novembro de 2008 após longa enfermidade.

Sua grande contribuição com a cultura brasileira, porém, veio por meio da divulgação da arte popular e do artesanato tradicional. Despertou desde cedo na pernambucana uma preocupação com a arte popular e com os donos desses trabalhos, muitas vezes esquecidos pelo mercado de trabalho.

Para Janete, era tudo uma “questão de brasilidade”. Foi em nome dessa brasilidade que a arquiteta passou a alimentar sua carreira do ideal de fazer com que a arte, por meio da arquitetura e do design, expressasse as identidades da cultura local – ou locais em um brasil que possui vários brasis.

Para Janete Costa, investir na arte popular era investir na inclusão social de artesão e criadores que viviam e ainda vivem fora do badalado circuito cultural brasileiro; algo como a arquitetura da inclusão social. Foi assim que Janete se tornou uma das maiores conhecedoras do artesanato brasileiro. Para ela era uma questão não apenas de valorizar o trabalho que valoriza a cultura local, era uma questão de dar aos artesãos melhores condições de vida.

É compreensível encontrar a assinatura de Janete Costa na curadoria e montagem de dezenas de exposições, entre elas Artesanato como um caminho, Fiesp/Ciesp, São Paulo, 1985; Bienal de artesanato, Centro de Convenções, Recife, 1986; Viva o povo brasileiro, Museu de Arte Moderna-MAM, Rio de Janeiro, 1992; Arte popular brasileira, Riocult, Rio de Janeiro, 1995; Arte Popular Brasileira e Arte Popular dos Estados, Carreau du Temple, Paris, 2005 (Ano do Brasil na França, convidada pelo governo brasileiro), Que Chita Bacana, Sesc Belenzinho, São Paulo, 2005, Somos-Criação Popular Brasileira, Santander Cultural, Porto Alegre, 2006, Do Tamanho do Brasil, Sesc Avenida Paulista, São Paulo, 2007; e Uma Vida – Janete Costa e Acácio Gil Borsoi, Museu do Estado de Pernambuco, Recife, 2007. Atualmente, um museu de arte popular leva seu nome: Museu Janete Costa de Arte Popular é um museu na cidade de Niterói (RJ).

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