E quando a arquitetura é um desserviço?

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O tema é polêmico e começou a ser estudado no início da década de 1990 com o nome “arquitetura hostil”. Hoje, esse tipo de arquitetura pode ser detectado em todos os centros urbanos. É aquele banco que não se pode sentar, aquele corrimão onde é desconfortável encostar e aquele jardim onde não se pode desfrutar. A arquitetura chamada de hostil visa manter a beleza dos espaços públicos, espantado seu público de lá.

A polêmica vem quando, de um lado, os defensores da arquitetura de integração divergem daqueles que acham que espaços públicos são feitos para serem apreciados, e para se apreciar não é possível usufruir. Essa história chamou a atenção na capital inglesa, quando a prefeitura encomendou bancos esculpidos em concreto cinza com a superfície inclinada e resistentes à pichações. Eles foram batizados de bancos Camden – nome do distrito londrino que inaugurou os assentos.

A ideia era tirar os skatistas do local, já que os bancos anteriores eram usados pelos amantes do skateboard para aperfeiçoarem suas manobras. Além dos bancos Camden, Londres – e muitas cidades brasileiras, claro! – andaram distribuindo em suas praças outras espécies de assentos que ficaram conhecidas como antimendigo. Neles, algumas pontas distribuídas como espetos impedem que as pessoas fiquem muito tempo sentadas e, consequentemente, que os mendigos se deitem.
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Segundo matéria publicada no jornal britânico The Guardian, os skatistas tentam subverter os bancos Camden fazendo aquilo que sabem melhor. “Hoje estamos mostrando que você ainda pode andar de skate aqui”, disse Dylan Leadley-Watkins para o jornalista do periódico. Os espetos foram removidos depois que uma petição online conseguiu 100 mil assinaturas fazendo com que o prefeito de Londres aderisse às críticas, mas a discussão ficou aberta.

Arquitetos colocaram na pauta o debate de que as cidades estão se tornando menos acolhedoras para certos grupos. Nessa lista entra também outros truques urbanos que influenciam o comportamento do cidadão como a pavimentação irregular e desconfortável e até circuito de auto-falantes com sonoras antiadolescentes: dispositivos mosquito que emitem sons irritantes de alta frequência que só os adolescentes escutam.

“Uma grande parte da arquitetura hostil é adicionada posteriormente ao ambiente da rua, mas é evidente que “quem nós queremos neste espaço, e quem nós não queremos” é uma questão consideradas desde cedo, no estágio do design”, disse em entrevista para o The Guardian o fotógrafo Marc Vallée, que tem documentado a arquitetura antiskate.

Em sua matéria, o jornal britânico lembrou a relação entre a arquitetura hostil e o desrespeito às diferenças sociais na fala de Rowland Atkinson, co-diretor do Centro para a Pesquisa Urbana da Universidade de York, que sugere que os espetos e a arquitetura relacionada são parte de um padrão mais abrangente de hostilidade e desinteresse em relação à diferença social e à pobreza produzida nas cidades. E você, o que acha dessa modalidade de arquitetura?
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