O começo foi tímido, mas pouco a pouco a capital foi ficando colorida. As paredes e muros escondidos eram os antigos alvos dos artistas de rua, hoje, seus trabalhos podem ser vistos nas regiões mais badaladas da cidade e até em prédios públicos.
Em 2012 a Secretaria Municipal de Defesa Social (Semdef), em parceria com a Prefeitura de Goiânia, convidou 20 grafiteiros para desenharem os muros da Semdef em comemoração à semana do grafite. Na época o secretário municipal de Defesa Social, Allen Viana, explicou que o objetivo do projeto era incentivar a conservação do patrimônio e utilização do grafite como forma de manifestação artística e não de depredação dos prédios da cidade. A Semdef não é a única. Os grafites podem ser vistos em outros prédios oficiais da cidade, como o da Faeg na Avenida 87 e até nas paredes internas do prédio da Justiça Federal.
Segundo alguns historiadores da arte contemporânea, a street art chegou a Goiânia juntamente com o maior acidente radiológico do mundo, o césio 137. Foi nessa época que surgiu o Pincel Atômico, formado por Nonatto Coelho de Oliveira e Edney Antunes. A dupla descobriu o spray após um encontro com o grafiteiro Alex Vallauri, em São Paulo, e viu aí uma possibilidade de fazer arte, que a princípio eram pinturas irônicas relacionadas ao acidente com o césio.
Os grafiteiros encontraram nas ruas o espaço ideal para manifestarem sua arte e no fim da década de 1980 começaram a pintar grandes baratas nos principais prédios públicos da capital – segundo a lenda, a barata é o animal que não morre com a exposição à radiação. O grupo Pincel Atômico se desfez nos anos 1990, mas a cena grafiteira goianiense permaneceu ativa. Por diversão ou com intenções estéticas, os jovens da cidade não perderam o fio da meada desde os primeiros trabalhos da dupla Edney e Nonatto.
Entre esses garotos com spray nas mãos e uma ideia na cabeça, alguns se destacaram. O goiano Kboco, que vive em São Paulo há quase dez anos, fez nome e já expôs seu trabalho individual na Art Basel da Suíça, maior feira de arte do mundo. Continuam no centro-oeste alguns nomes que transitam entre as ruas e as galerias como Mateus Dutra, Santhiago Selon, Wés, Ebert Calaça, André Morbek, Oscar Fortunato e outros.
Para mostrar a força desse trabalho artístico em nossa capital, o Blog AZ continua na próxima semana nossa série de reportagens sobre a Arte Urbana entrevistando alguns desses artistas e mostrando seus trabalhos. Aguardem…