O arquiteto nigeriano Demas Nwoko foi recebeu o Leão de Ouro da 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza, um dos prêmios mais ilustres da arquitetura. Nwoko foi recomendado pela curadora Lesley Lokko e reconhecido pelo conselho da exposição. A cerimônia de premiação ocorrerá na abertura do evento, no dia 23 de maio de 2023.
Além de arquiteto, Nowko é designer, pintor e escultor. Com mais de 60 anos de carreira, ele é reconhecido em todas as áreas em que atua. Na arquitetura, prefere usar as técnicas de construção africana tradicional e, em suas construções, é conhecido por desenvolver soluções sustentáveis para amenizar o clima tropical.
Nwoko prefere ser chamado de artista-designer, pois não possui formação tradicional em arquitetura. Ele nasceu em 1935, em Idumuje-Ugboko, na Nigéria. Anos depois, na faculdade de artes plásticas, em Zaria, criou com amigos o Zaria Art Society, que buscava valorizar a arte africana, que não estava no currículo do curso.
Por essa atitude, o grupo passou a ser visto como rebelde. “Alguns viram isso como uma rebelião contra a forma como a arte estava sendo ensinada, mas eu não via dessa forma. Estávamos apenas tentando complementar. Não éramos nada rebeldes”, disse Nwoko em entrevista.
Após a graduação, Nwoko passou alguns anos em Paris para estudar Teatro, arte que o levou de volta à Nigéria, em 1962, para lecionar na Universidade de Ibadan. Assim, ele deu continuidade aos projetos da Art Society, desenvolvendo uma nova arte que misturava estética, formas e processos modernistas africanos e ocidentais que refletiam o espírito de independência política.
Ainda que não tenha um grande portfólio da arquitetura, Nwoko projetou edifícios que, além de serem precursores de formas africanas autênticas; são sustentáveis. “Se tivéssemos mantido a fé em como nossos próprios ancestrais fizeram isso [construções], teríamos alcançado um certo nível de gerenciamento sensato de recursos naturais para que até mesmo o mundo ocidental aprendesse”, disse Nwoko.
Os edifícios de Demas Nwoko são pouco conhecidos, mesmo na Nigéria. Olufemi Majekodunmi, ex-presidente da União Internacional dos Arquitetos, diz que o designer nunca foi mencionado ou ensinado durante seus muitos anos na academia na Nigéria. “Sua obra deveria ser mais estudada. Ele era muito mais inovador do que muitos que se graduaram em Arquitetura”, afirmou o arquiteto.
Aos 84 anos, Nwoko vive na cidade em que nasceu, em uma casa projetada por ele, que é marcada pelo uso de materiais, iluminação e ventilação natural. O legado de Nwoko aponta para como deve ser o futuro da arquitetura, por isso ele foi escolhido pela 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza, que leva o tema “O Laboratório do Futuro”.
Fonte: Wallpaper