Geralmente chamadas de “homenagem” ou “releitura”, várias peças de design em casas, escritórios, saguões de hotéis e restaurantes são, na realidade, cópias não autorizadas. E, ainda que pareça inofensivo comprar uma poltrona ou uma mesa falsificada, essas imitações são ilegais e prejudicam toda a indústria de design autoral.
Empresas que copiam móveis originais e assinados burlam a “Lei de Direito Autoral” e são passíveis de penalidades. Além de instituírem uma competição desleal com os que possuem a licença para fabricação e comercialização de tais produtos, pois pulam a fase de desenvolvimento do produto, poupam o investimento em pesquisa, inovação, tecnologia e divulgação dos produtos.
Geralmente, as cópias são feitas por pequenas marcenarias amadoras, que trabalham de forma ilegal, desde a compra da madeira até o pagamento de seus funcionários.
Por esses motivos, uma peça fake é mais acessível, o que acaba impulsionando o crescimento desse mercado paralelo. Segundo a Casa Vogue, uma cópia pode ser até 15x mais barata que a peça original. Mas, nesse caso, continua sendo válida a afirmação de que “o barato pode sair muito caro”.
A falta de garantia e de suporte ao cliente, o descaso com a ergonomia e o uso de materiais de baixa qualidade indicam que comprar uma cópia não é um bom investimento. “Uma poltrona pode até parecer original de longe, mas quando você se senta é desconfortável, porque faltam as proporções corretas e a tecnologia apropriada”, diz Gisele Schwartsburd, proprietária da LinBrasil, editora da Linha Clássica do Mobiliário Sergio Rodrigues.
Falsificações no design brasileiro
Nos anos 1990, o mestre do design brasileiro, Sergio Rodrigues, buscava um fabricante para reeditar seus móveis. Ele estava há mais de 25 anos fora do mercado, desde o final da OCA, empresa que ele fundou para produzir as próprias obras. Em 2000, Gisele Schwartsburd abriu a LinBrasil para relançar as peças do arquiteto Sergio Rodrigues, sob licença do autor.
Mesmo após a morte do designer, em 2014, a LinBrasil continuou com a exclusividade da fabricação dos móveis clássicos de Sergio Rodrigues, como o banco Mocho e a poltrona Mole. Essa última é uma das peças mais replicadas no mundo.
Em 1963, Sergio Rodrigues chegou a afirmar em entrevistas que pelo menos 13 fábricas da Itália já tinham copiado a cadeira, que foi lançada em 1961, apenas dois anos antes. “Os que copiam Sérgio trabalham informalmente, não remuneram bem os funcionários e compram em mercado paralelo. Pulam etapas técnicas que envolvem um grande investimento”, diz Gisele Soares sobre as falsificações.
Embora comprar um móvel fake seja bem fácil hoje, com a grande oferta na internet, o mercado das cópias continua ilegal. A propriedade ao autor é garantida por lei e reproduzir uma obra de design sem autorização é crime.
A réplica pode ser apreendida, o plagiário pode responder por danos morais, pagar indenização e até ser preso. Muitas vezes, as réplicas são fabricadas em outros países, o que dificulta os processos na justiça.
Como identificar um móvel falso
Para o público leigo, é difícil diferenciar um item de design autoral de uma falsificação. São detalhes técnicos e estéticos que geralmente passam desapercebidos, mas que ao final fazem a distinção entre um móvel de valor ou sem nenhum valor, feitos com matérias primas inferiores e sem cuidado às proporções e ergonomia. Também é importante mencionar a falta de garantias e assistência no pós-venda.
Para quem quer um móvel original, é crucial tomar alguns cuidados na hora da compra. Uma das alternativas é procurar o fabricante original do móvel na internet, pelo nome da peça e do designer. No site do fabricante, é possível encontrar quais lojas são autorizadas para revenda.
Em geral, as peças originais também têm Medalha de Autenticidade, selo de garantia e algumas têm também o número de série. Para móveis vintage, o ideal é procurar galerias e antiquários com boa reputação no mercado. Por fim, lembre-se de que uma peça original é um investimento, uma junção entre originalidade, qualidade e inovação. Além disso, tem excelente preço de revenda.
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