Daniel Lie, artista queer indonésio-brasileiro, tem se destacado no cenário internacional pelas obras cheias de simbologia, com olhar voltado à efemeridade da vida e à não binaridade. Com graduação em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, há uma década Daniel cria instalações imersivas em grande escala com materiais orgânicos.
Explorando a deterioração dos materiais como uma forma de questionar vida e morte, Lie entende suas obras como entidades vivas que possuem consciência. O trabalho de Lie se baseia nos conceitos de tempo, efemeridade e presença, por isso a utilização de matéria em decomposição.
Para aprimorar sua técnica de implementação de materiais orgânicos, Daniel Lie passou um período aprendendo com o povo Tupinambá, na Amazônia. As instalações do artista mudam de maneira imprevisível ao longo do tempo, à medida em que se moldam, brotam, crescem e decompõem.
Essas matérias vivas são chamadas de “seres que não humanos” por Daniel Lie. Para ele, a compreensão hierárquica de que os humanos são os seres mais importantes do planeta é equivocada e perigosa, sendo necessário romper a necessidade humana de protagonismo.
Segundo Daniel, a arte pode ser uma linha queer que conecta muitos campos do conhecimento. “Todos os meus trabalhos são complexos e exigem contato com pessoas de diversos campos de ação e pesquisa para que eu possa entender completamente um tópico ou conceito que estou explorando”, disse Lie em entrevista.
Morando na Indonésia atualmente, Daniel já expôs sua arte em diferentes países, como Chile, Áustria, Holanda e Escócia. Atualmente, está com a mostra individual Unnamed Entities, no New Museum, em Nova York. Algumas de suas obras também fazem parte da exposição “Brasilidade Pós-Modernismo”, no CCBB Brasília.
Foto destaque: Philip Berndt