Os famosos orelhões são objetos nostálgicos do Brasil. Ainda que seja difícil encontrá-los hoje em dia, eles foram o sistema de comunicação mais popular, no país, entre as décadas de 1970 a 1990. Mas, o que poucos sabem é que uma arquiteta criou o orelhão: foi Chu Ming Silveira (1941-1997), imigrante chinesa.
Chu Ming chegou ao Brasil com a família em 1950. Em suma, eles buscavam recomeçar a vida aqui, após a perseguição comunista em Hong Kong. Dessa forma, os pais de Chu Ming, então, deram nomes católicos aos filhos e ela passou a se chamar Verônica.
Chu Ming estudou arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, no ano de 1964. No ano seguinte, ela abriu o próprio escritório na capital. Simultaneamente, em 1968, ela casou-se com o engenheiro Clóvis Silveira, com quem teve dois filhos.
A história do orelhão
Em 1966, ela começou a atuar como arquiteta na Companhia Telefônica Brasileira e coordenava o projeto das subestações de telefonia no Brasil. Nessa época, ela desenvolveu sua criação mais famosa, o orelhão. A princípio, ela elencou uma série de características necessárias no novo projeto:
- proteção ao telefone;
- proteção ao usuário;
- baixo custo de fabricação e manutenção;
- baixo custo e simplicidade de instalação;
- durabilidade e resistência às intempéries, uso e danificação provocada;
- modularidade para atender pontos de diferentes concentrações;
- boa acústica;
- boa estética;
- atraente ao público;
- simplicidade operacional;
- possibilidade de uso ininterrupto;
- projetar uma boa imagem de serviço ao público;
- instituição de mais um elemento na paisagem urbana;
- satisfazer ergonomicamente à moda estatística do homem urbano brasileiro.
Em frente a esse desafio, Chu Ming Silveira decidiu criar uma cabine feita em fibra de vidro, que era resistente, mas leve. O design foi inspirado em um ovo, pois, segundo a arquiteta, era a melhor forma acústica. A curvatura oferecia uma projeção acústica de 70 a 90 decibéis e os ruídos externos não interferiam nas ligações.
A fama de Chu Ming
Assim, a primeira versão, que ficava em locais fechados, foi batizada de Chu I, mas logo ficou conhecida como orelhinha. E a segunda versão, que podia ficar exposta ao sol e à chuva, era o Chu II, popularizado como orelhão. Logo depois, as primeiras cidades a receberem as novidades foram Rio de Janeiro e São Paulo, em 1972.
Com o sucesso das cabines telefônicas, a prefeitura de São Paulo contratou Chu Ming Silveira para criar projetos de bancas de jornais e de flores, também em fibra de vidro. Na década de 1980, Ming se dedicou aos projetos de casas em Ilhabela, litoral paulista. Os projetos residenciais de Ming ficaram conhecidos pela simplicidade e respeito à natureza. Ela faleceu em 1997, aos 56 anos.
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