As mulheres são maioria na arquitetura brasileira. Segundo dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-2019), as arquitetas representam 63% da classe no país. Ainda assim, é comprovado que ganham menos, recebem menos prêmios e representam a minoria em cargos de liderança.
Neste Dia da Mulher, vamos então falar sobre três arquitetas com diferentes estilos e histórias de vida que deixaram uma marca na história da arquitetura. Essas mulheres provam que é necessário dar voz e espaço às arquitetas, eliminando as estruturas machistas que ainda persistem na profissão.
Denise Scott Brown
Apesar de ser considerada um dos nomes mais influentes da arquitetura do século 20, a norte-americana Denise Scott Brown não recebeu o devido reconhecimento por seu trabalho. Ao lado do marido Robert Venturi, ela criou importantes referenciais teóricos para a arquitetura.
À frente do escritório, Denise Scott Brown foi responsável pelo planejamento de muitas obras importantes, como a Ala de Sainsbury, da National Gallery de Londres; o Capitólio de Toulouse, na França; o Museu de Seattle e o Nikko Hotel, no Japão.
Mas, apesar do trabalho de Denise e Robert ser em conjunto, apenas ele recebeu o Prêmio Pritzker, o maior da arquitetura, em 1991. Na época, Denise não compareceu à premiação, como forma de protesto. Muitos arquitetos se uniram para que a fundação concedesse o prêmio à Denise, mas os pedidos foram negados.
Aos 90 anos, Denise Scott Brown mas continua lecionando e escrevendo ativamente.
Lina Bo Bardi
A italiana Lina Bo Barbi adotou o Brasil como sua pátria nos anos 1940, sendo naturalizada brasileira em 1951. Nesse mesmo ano, a arquiteta completou seu primeiro projeto arquitetônica realizado, a Casa de Vidro, que se tornou um ícone cultural do Brasil.
A criatividade da arquiteta formada pela Universidade de Roma explorou todos os tipos de linguagens. Lina foi designer de produção, curadora, professora, ilustradora, decoradora e designer de moda. Convidada para dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), ela se inspirou na cultura popular e na diversidade brasileira para guiar seu trabalho.
Retornou para São Paulo em 1964 e, seis anos depois, inaugurou uma de suas obras mais famosas, o Sesc Pompeia. Outro marco da carreira da arquiteta foi o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Ela morreu em 1992. Em 2021, Lina Bo Bardi foi a primeira arquiteta brasileira a ser premiada com o Leão de Ouro Especial da Bienal de Veneza.
Anna Castelli Ferrieri
A italiana Anna Castelli Ferrieri foi uma das primeiras mulheres a se formarem na renomada Politécnica de Milão, em 1943. Durante os estudos, trabalhou em colaboração com o arquiteto racionalista Franco Albini e foi apresentada à escola de pensamento Bauhaus, que defendia os ideais de simplicidade e funcionalidade.
Em 1949, fundou com o marido Giulio Castelli, a empresa de móveis Kartell, que se tornou líder em produtos e móveis de plástico de alta qualidade. Naquela época, o plástico não era um material usado em mobília, mas Ferrieri liderou o caminho para projetos inovadores na Itália, tornando-se um ícone do modernismo italiano.
Além de ter se tornado uma referência na arquitetura mundial, Ferrieri falava abertamente sobre os desafios profissionais que enfrentava por ser mulher e mãe. Nos anos 1970, foi presidente da organização feminista internacional Soroptimistas. Ela morreu em 2006.