A arquiteta e professora norte-americana Denise Scott Brown é considerada um dos nomes mais influentes da arquitetura no século 20, juntamente com seu segundo marido e sócio, Robert Venturi. Os dois lideraram juntos o escritório Venturi, Scott Brown and Associates, na Filadélfia.
História de vida
Nascida em 1931, na Rodésia do Norte (atualmente Zâmbia), Denise começou a estudar arquitetura na África do Sul, entre 1948 e 1952. Depois de conhecer seu primeiro marido, Robert Scott Brown, ela se mudou para Londres e se formou na Architectural Association School of Architecture, em 1955.
O casal decidiu continuar os estudos na Universidade da Pensilvânia e Denise completou o mestrado em planejamento urbano em 1960, mas ficou viúva, Robert Brown morreu num acidente de carro. Ela tornou-se professora na mesma universidade e conheceu Robert Venturi, um jovem arquiteto e professor, numa reunião do corpo docente.
Carreira em conjunto
Os dois se tornaram amigos e estiveram à frente de vários cursos. Casaram-se em 1965 e Denise se mudou para a Filadélfia, no mesmo ano, para trabalhar como diretora de planejamento urbano no escritório de Venturi, que à época era chamado Venturi e Rauch.
Brown e Venturi criaram importantes referenciais teóricos para a arquitetura, como o livro “Complexidade e Contradição em Arquitetura” (1966), no qual Venturi criticou o modernismo ortodoxo e os gostos arquitetônicos da elite, defendendo uma arquitetura mais heterogênea e pautada na história.
Esse livro é uma das bases para o pós-modernismo na arquitetura e teve suas ideias ampliadas em “Aprendendo com Las Vegas” (1972), obra que Denise escreveu com seus alunos e que analisa a influência dos signos da cultura pop na arquitetura norte-americana. Após essa experiência, Denise Scott Brown se tornou uma prolífica escritora da área.
Projetos arquitetônicos
À frente do escritório, juntamente com Venturi, Denise Scott Brown foi responsável pelo planejamento de muitas obras importantes, como a Ala de Sainsbury, da National Gallery de Londres; o Capitólio de Toulouse, na França; o Museu de Seattle e o Nikko Hotel, no Japão.
Além disso, ela é conhecida pelo planejamento de edifícios universitários para a Universidade de Michigan e a Universidade da Pensilvânia, o Instituto Radcliffe de Estudos Avançados na Universidade de Harvard, entre outras instituições acadêmicas.
Ignorada pelo Pritzker
Apesar do trabalho de Denise e Robert ser em conjunto, apenas ele recebeu o Prêmio Pritzker, o maior da arquitetura, em 1991. Na época, Denise não compareceu à premiação, como forma de protesto. Muitos arquitetos se uniram para que a fundação concedesse o prêmio à Denise, mas os pedidos foram negados.
Em 2017, ela recebeu o prêmio Jane Drew por suas contribuições à arquitetura. “Estou um pouco cansada desse assunto de prêmios, dada a minha história com eles. Mas aconteceram coisas que me fizeram muito felizes na minha velhice e uma delas é esse prêmio”, disse a arquiteta na ocasião.
Robert Venturi faleceu em 2018. Denise se aposentou do trabalho como arquiteta, mas continua lecionando e escrevendo ativamente.
Fotos: Viva Decora e Archdaily