Após conhecer o Projeto Escola em Uganda, em Kikajjo, a aluna da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mariana Montag, criou o projeto “A Casa de Jajja”, que trabalha as relações entre afeto e arquitetura como prática emancipadora. A ideia surgiu quando Mariana conheceu Jajja Imaculate, uma matriarca de 75 anos, que tem o sonho de ter uma casa própria para deixar de pagar o aluguel do cômodo onde vive com as duas netas, Rose e Gift.
Junto a Jajja, Mariana desenhou e discutiu como seria uma casa ideal para as mulheres de Kikajjo, uma comunidade onde é comum que elas trabalhem e cuidem da família, em ambientes sempre pensados pelos homens. Por isso, o trabalho de Mariana é também uma prática emancipatória, que questiona os papéis de gênero. A proposta é capacitar essas mulheres, para que elas construam suas próprias moradias, de acordo com suas necessidades.
Após ouvir Jajja e as mulheres da comunidade, a estudante chegou a um modelo de moradia que pode ser replicado em outras áreas rurais do mundo, com ambientes organizados sob uma cobertura independente e um telhado de treliça que armazena a água da chuva. As paredes do quarto são de tijolos de adobe e a cozinha horizontal fica na parte central, podendo se separar da sala em painéis pivotantes, o que permite que a casa fique totalmente aberta, entreaberta ou fechada. A sustentabilidade foi fundamental no processo: todos os matérias de construção deveriam estar disponíveis a, no máximo, um quilômetro de distância do terreno.
Agora, para que o projeto saia do papel, Mariana pretende arrecadar 60 mil reais por meio de um financiamento coletivo, para a compra do terreno e construção da casa. “Quem cuida do lar é a mulher. O ideal é que haja uma divisão, mas a realidade ainda é essa. Então se ela cuida, porque ela não pensa o lar?”, disse a estudante à revista Casa Vogue.