Já falamos sobre um pintor austríaco, Gustav Klimt, e agora você vai conhecer um pouco mais sobre a história de seu protegido Egon Schiele. Algumas semelhanças uniram esses dois expressionistas que, embora nem sempre juntos, foram amigos até 1918, ano em que, coincidentemente, os dois faleceram.
Shciele nasceu em 1890, em Tulin, na Áustria. Ainda criança, já demonstrava talento para o desenho. Aos 15 anos, a morte de seu pai o abalou profundamente e o impulsionou a entrar de vez no mundo da pintura. Um ano mais tarde, em 1906, foi aceito na Academia de Belas Artes de Viena e, em 1907, conheceu Gustav Klimt, que foi o seu mentor.
Por considerar que o ensino da academia era antiquado, Schiele abandonou o curso de Pintura e, em parceria com outros colegas, formou um grupo de artistas independentes, chamado Neuekunstgruppe. Pode-se dizer que parte da revolta de Schiele veio por influência de Klimt, que o apresentou aos grandes críticos e colecionadores e aos artistas do movimento secessionista, do qual era líder.
Em suas obras, Schiele retratava uma profunda angústia. Preocupava-se mais em transparecer como seus modelos se sentiam psicologicamente do que fisicamente – até por isso a despreocupação com a linearidade. A angústia que ele mesmo sentia também era óbvia em seus autorretratos.
Mas o que chocou mesmo a sociedade da época foi o tom sexual que Schiele empregava em suas obras. Ele não se acanhava em mostrar corpos nus e expressões de gênero e sexualidade. Klimt fazia o mesmo, mas suas obras tinham uma presença decorativa, diferente das de seu protegido, que eram mesmo explícitas. Schiele foi até mesmo preso, acusado de seduzir uma moça de 17 anos e disseminar pornografia entre adolescentes.
Schiele não negou que sua arte era erótica, mas dizia que nem por isso deixava de ser arte, como alegavam seus opositores. Em textos escritos enquanto estava preso, reunidos no livro “Na prisão” (Editora Luzes no Asfalto), ele disse: “Não nego: fiz desenhos e aquarelas que são eróticos. Mas são sempre obras de arte — posso dizer isso, e as pessoas que entendem um pouco do assunto confirmarão com prazer”.
A fascinação de Schiele pela psique humana e pelo sexo podem ser explicadas, talvez, pela trajetória do pai, que foi dado como louco e depois morreu, em 1905, de doenças sexualmente transmissíveis. Como um jovem vienense, Schiele também foi um boêmio e não fez questão de esconder isso. Seu casamento com Edith Harms, em 1915, foi pouco aproveitado, pois no ano seguinte foi chamado para o exército e, em 1918, tanto ele quanto a esposa, que estava grávida, faleceram de gripe espanhola.
Apesar de ter vivido apenas 28 anos, Schiele teve uma produção numerosa: são trezentos e quarenta pinturas e duas mil e oitocentas entre aquarelas e desenhos. Assim como Klimt, não abandonou seu estilo devido às criticas e conseguiu reconhecimento apesar delas. Graças a sua coragem e originalidade é considerado hoje um dos maiores expressionistas da Secessão de Viena.
Autorretrato
O Abraço