Seydou Keita (1921-2001) ganhou uma máquina fotográfica de um tio aos 14 anos e, desde então, foi desenvolvendo seu estilo próprio de fotografia: personagens cuidadosamente posicionados, luz natural e vestimentas típicas do Mali, país africano. Em 1948, abriu um pequeno estúdio ao lado da estação de trem da cidade de Bamako e começou a registrar os visitantes que passavam por ali.
Keita iniciou seu estúdio na época certa: o país estava em período de transição de colônia francesa para um país independente. As pessoas estavam animadas, queriam ser vistas e as fotografias de Keita fizeram sucesso. Cobrando 300 francos por um retrato com luz natural, ele tirou mais de 30 mil retratos da população local e estrangeira, reinventando o retrato e inspirando outros diversos artistas.
Em seu estúdio, Keita fazia questão de orientar os clientes quanto às melhores poses e também deixava à disposição muitos objetos que as pessoas podiam usar para aparecer nas fotografias: colares, sapatos, bicicletas, rádios, gravatas e até mesmo carros e motocicletas. A fotografia, que chegou à Africa por meio da colonização, foi subvertida pelas lentes de Keita, para as quais seus clientes posavam confiantes na libertação da colonização europeia.
Keita fechou o estúdio em 1962, mas suas obras continuam ganhando exposições e museus internacionais. Um recorte de sua produção está sendo exibido na mostra Seydou Keita, no Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Para quem se interessar, a mostra pode ser conferida de terça à domingo, das 10h às 22h, até o dia 29 de julho. A entrada é gratuita.