Após 20 anos de Casa Cor, Leo Romano ganhou em 2017 um presente: o projeto da casa de um animal que carrega sua marca. “Este ano eu não escolhi o ambiente, fui escolhido por ele”, brincou o arquiteto e designer. Eliane Martins e Sheila Podestá, organizadoras do evento em Goiânia, decidiram trazer para a casa este ano um animal vivo para exposição. Lavrado e Mococa foram os selecionados para passar uma temporada na casa design e não tinha ninguém melhor que Leo para oferecer ao charmoso casal um abrigo à altura.
Além de traduzir uma importante parcela da economia do nosso estado, o boi também faz parte da história profissional de Leo. O arquiteto ousou ao usar um boi de fibra na Casa Cor Brasília no ano de 2004. Após essa mostra, incorporou a figura a sua marca.
A Casa do Boi faz parte do anexo da Casa Cor e, de longe, se vê apenas o pequeno curral feito para receber Lavrado e Mococa. “Fizemos um espaço no canto como um elemento surpresa”, disse Leo. Deu certo. Não há como não se surpreender com o ambiente de 450 m², que é um misto de elevação espiritual com requinte material. É que, para Leo, boi é um símbolo de força e riqueza.
O complexo criado pelo arquiteto gira entorno dos animais que ali se abrigam. Tudo se remete ao boi, ainda que o ambiente tenha sido dividido em quatro: capela, varanda, praça e curral. Para formação deste conceito, Leo relembrou uma infância vivida no meio rural e mesclou com a estética das capelas de fazenda.
Para que o curral garantisse a melhor estadia para os animais, foi instalado nas sombras de uma mangueira já existente no terreno. Uma praça separa o curral dos edifícios principais. Nela, um grande banco e uma mesa de confraria dá boas-vindas aos visitantes e anuncia de modo contemporâneo a atmosfera do espaço. Ao fundo se vê o que foi batizado por Closet do Boi. Ali, vários elementos usados diariamente no trato animal são expostos de maneira lúdica e cenográfica.
Da praça se ouve também o som celestial saindo de dentro da capela. Durante a mostra, a trilha sonora ficou ligada com uma música que compunha com o ambiente para criar um clima celeste. Ao lado dos animais vivos em exposição, a capela dividiu o protagonismo do ambiente. Mobiliário, arte e design dialogam para recriam as capelas de fazenda em uma releitura de luxo, design e audácia.
A imaculada capela remontam discretamente os espaços ecumênicos e celebra a criação e a vida. O ambiente recebeu o melhor do design brasileiro, como as poltronas Chifruda, de Sérgio Rodrigues, a poltrona Latão, de Lina Bo Bardi, a poltrona Jangada, de Jean Gillon e a mesa Amorfa, de Arthur Casas. Obras de arte assinadas em parceria por Leo Romano e a artista plástica Iêda Jardim são o toque final nas paredes do espaço.
Fotos: Marcus Camargo