Em plena era da informação, alguns temas ainda são velados e pouco falados. Para o bem ou para o mal, o suicídio é um deles. Muito embora um estudo realizado pela Unicamp tenha revelado que 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso, não se fala no tema. A arte, entretanto, se ocupa dos assuntos espinhosos e o suicídio foi a temática utilizada pelo fotógrafo André Penteado para chamar atenção para o problema.
André Penteado perdeu o pai para o suicídio em 2007 e decidiu usar sua vida pessoal em uma série de fotografias intitulada “O suicídio de meu Pai”. O artista definiu sua proposta dizendo que a temática surgiu “tanto da reflexão sobre a teatralidade do suicídio quanto da decisão de usar um fato pessoal como objeto de uma exposição”, contou em edital sobre as fotografias.
O trabalho, que foi exposto no Brasil após ganhar um prêmio de fotografia, foi também levado para mostras em Buenos Aires e Londres. “Se constitui em um ensaio coeso, híbrido e profundo sobre uma passagem difícil da vida do autor”, escreveu a comissão de seleção do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger.
Muitas vezes, não falar em suicídio é não discutir um tema que se mais abordado poderia salvar vidas. Foi com esse pensamento que o fotógrafo decidiu usar a fotografia numa tentativa de discutir e compreender o impacto psicológico que o suicídio provoca em uma família. Quando o pai de André Penteado tirou a própria vida, o fotógrafo, que vivia em Londres voltou para o Brasil e registrou esse momento de passagem da vida do pai.
Semanas depois do enterro, Penteado, experimentou as roupas de seu pai e resolveu fotografar a si mesmo vestindo-as. A série registra três importantes momentos do luto de quem perdeu alguém que ama: a dor da notícia, o velório com a despedida e, por fim, as consequências emocionais da perda e do luto a longo prazo.
Fotos: André Penteado