Para quem é tão apaixonado por minimalismo, o Blog AZ não poderia deixar de comentar a exposição Mondrian e o movimento De Stijl que ficou em cartaz no CCBB de São Paulo até o início deste mês de abril. Para os que ainda não associaram o nome ao movimento, Piet Mondrian e o De Stijl foram os precursores do minimalismo na primeira década do século 20.
Embora o movimento De Stijl esteja associado principalmente ao abstracionismo neoplástico, ele foi o pai do minimalismo – muito aplicado no design moveleiro atual. O neoplasticismo foi um termo criado por Piet Mondrian para dar nome ao novo modelo artístico que unia todas as artes. Suas principais características eram o uso predominante de linhas retas, formas geométricas e cores primárias; algo simples que acabou por gestar a filosofia minimalista do less is more.
Piet Mondrian foi um artista holandês classificado como modernista. Ele, entretanto, não ligava seu nome a nenhum movimento vanguardista específico. Mondrian foi cubista, neoplasticista, pos-impressionista, precursor do neoplasticismo e dizia que sua arte transcendia as divisões culturais.
A bem da verdade, o artista atravessou por todos os movimentos artísticos que efervesceram o continente Europeu no início do século passado. Mas além das pinturas vivas (ao estilo Van Gogh) e o cubismo de seus coloridos retângulos, seu nome ficou mesmo conhecido após a agitação provocada pela revista De Stijl – O Estilo (1917-1928) e o surgimento de uma nova forma de se fazer arte e design que veio depois dela.
A revista De Stijl surgiu quase que exclusivamente para divulgar o neoplasticismo e por esta razão seu nome é normalmente confundido com o nome do movimento. Além de Mondrian, a revista contou com outros colaboradores, como Doesburg e Gerrit Rietvield. Mondrian contribuiu com o De Stijl por meio da propagação da arte feita com cores primárias. O vermelho vivo, o amarelo berrante ou o azul de giz de criança estavam presentes em seus retângulos coloridos.
O movimento contribuiu imensamente com a arquitetura produzida desde então. A revista foi criada por um grupo de artistas, que incluiu designers e arquitetos, para defender a união de todas as artes e do estilo neoplasticista. Na arquitetura, essa aliança foi a responsável por trazer justamente as cores primárias de Mondrian para dentro das casas. Os princípios do movimento acabaram por quebrar com a convencional estrutura arquitetônica da época. Os projetos privilegiaram espaços abertos, a luminosidade e a funcionalidade – algo comum hoje graças ao De Stijl.
No design, o nome de destaque foi o de Gerrit Rietvield. Criador da cadeira Vermelha Azul, de Gerrit Rietveld levou o movimento De Stijl para a arquitetura e criou diversos móveis seguindo os princípios do neoplasticismo.
Mostra
A exposição ficou em cartaz no Centro Cultural Branco do Brasil (CCBB) da capital paulista com 70 obras de Piet Mondrian, que narraram sua história desde os primeiros passos vanguardistas do artista, passando pele embarque do holandês no movimento De Stijl. Além de suas obras, a mostra trouxe peças de mobiliário criadas por Gerrit Rietvield.
A maior parte do acervo veio do Museu Municipal de Haia, na Holanda, que reúne a maior coleção mundial de obras de Mondrian com pinturas, desenhos de arquitetura, mobiliário e fotografias.
As pinturas de Piet Mondrian e sua versatilidade. Seus quadros parecem pertencer a artistas diferentes, diante da distância estre os estilos aplicados em casa uma de suas pinturas.
Os móveis do também holandês Gerrit Rietveld, saídos do movimento De Stijl. Seu apego às linhas retas e cores primárias revela sua forte relação com o neoplasticismo de Piet Mondrian.
Fotos: Cileide Alves