O brilho de um quasar pode ser até um milhão de vezes superior ao de uma galáxia e esse brilho deu nome a uma das mais importantes companhias de dança do Brasil. Mais um representante da arte feita no centro-oeste, a Quasar Cia. De Dança representa nosso estado fora de Goiás e nosso corpo fora da mente. O Blog AZ conta um pouco mais da história dessa companhia, que é um corpo celeste em movimento.
Fundada em 1988 por Vera Bicalho e ex dançarinos do Grupo Energia, a Quasar Cia. de Dança nasceu da combinação da paixão pela dança com a vontade de criar um grupo profissional. “Veio com a paixão, mas a proposta inicial era formar um grupo independente e profissional”, relembra Vera Bicalho, dançarina desde os 15 anos.
A casa de uma das bailarinas do Grupo Energia e amiga de Vera foi palco para o nascimento da companhia. Numa tarde de 1988, o recém nascido grupo foi batizado. “Foi muito legal, uma festa com bailarinos e amigos, todo mundo lá pra dar um nome à companhia. Um deles falou ‘gente, vocês sabem o que é quasar? É uma estrela…’ Ele começou a falar, a gente começou a viajar e pronto. Nós batizamos o grupo como Quasar” lembra a ex bailarina da Quasar e professora de dança Simone Magalhães.
A estrela da festa daquela tarde já tinha nome próprio, bailarinos, espaço para ensaiar e um talentoso coreógrafo, o então estudante de educação física Henrique Rodovalho. Nascia a Quasar Cia. de Dança e já nascia com Asas, espetáculo que estreou em 5 de fevereiro de 1988 marcando o nascimento oficial da companhia. Desde que esse dia foi registrado na carteira de identidade do grupo até hoje foram 25 espetáculos em uma jornada que trouxe à companhia grande reconhecimento.
O balé contemporâneo, não muito íntimo do público goiano do final da década de 80, não ganhou muitos adeptos. A companhia se apresentava para plateias que não chagavam a dez espectadores. A dificuldade dentro de casa foi um obstáculo para as viagens do grupo para fora do estado e do País e repercutiu na consolidação da Quasar como empresa estável. Vera e Rodovalho, coordenadores da companhia, se dividiam em várias funções e sobreviviam de outros trabalhos fora do grupo. Em 1992, a Quasar recebeu o primeiro convite para se apresentar no exterior, na abertura do XXV Festival de Arte e Dança de Manizales, na Colômbia.
Nove espetáculos e seis anos após a estreia da companhia, Rodovalho coreografou Versus, espetáculo responsável pelo reconhecimento internacional da companhia antes mesmo de ela ser conhecida no Brasil. O grupo levou Versus para um festival na Alemanha e ao som das poesias concretistas de Arnaldo Antunes a companhia alcançou o sucesso com a sonoridade brasileira do espetáculo. “O público ficou extasiado com a apresentação”, relembra Vera Bicalho. A peça foi premiada em Tel-Aviv e na Alemanha abrindo os olhos do Brasil para o trabalho que estava sendo feito há quase dez anos em Goiás.
A partir de então, as notícias de prêmios e do reconhecimento do grupo não pararam de estampar os jornais locais. Seus fundadores não esperavam atingir o reconhecimento que a Quasar desfruta hoje, já que se trata de um grupo que surgiu sem grandes pretensões, fora do badalado circuito cultural brasileiro. “Estou um pouco assustado. Quando começamos, eu não tinha na cabeça que chegaríamos até aqui. Nossa preocupação era fazer um trabalho de qualidade” avaliou Rodovalho.
Atualmente a Quasar se apresenta no país todo e fora do Brasil. Com uma lista extensa de premiações e uma equipe de professores, dançarinos e cenógrafos, a Quasar não deixou suas raízes. Sempre estreia seus novos espetáculos em Goiânia e aqui mantem seu espeço de ensaio. Tudo para manter viva uma dança que se alimenta da paixão pela arte.
Fotos: Divulgação / Quasar Cia. de Dança