“Esparramada” é uma palavra que define bem a poltrona mais famosa de Sergio Rodrigues. Cá entre nós, quem já se sentou na poltrona criada em 1957, sabe que a sensação é de estar sendo abraçado. Além disso, a Mole também pode facilmente ser apelidada de robusta, não apenas por sua estrutura de madeira torneada, mas por sua presença imponente.
O projeto da Mole substituiu os traços delicados europeus, que estavam em voga na época, pela estética da robustez, unindo modernidade e brasilidade. Isso porque Sergio Rodrigues utilizou materiais brasileiros na poltrona, como a madeira de jacarandá maciça.
A poltrona Mole se diferencia pelo design despojado, mas perfeitamente executado. A estrutura de madeira maciça é coberta por uma cesta de tiras de couro, que sustenta grandes almofadas de couro. As almofadas macias permitem que o assento se molde ao corpo de usuário, levando o conforto ao nível máximo. Assim, o encaixe lembra a aderência perfeita entre o corpo e uma rede, por exemplo.
A história da criação da Poltrona Mole
A concepção da Poltrona Mole se iniciou em 1956, quando Sergio Rodrigues estava criando um sofá de dois lugares para o fotógrafo Otto Stupakoff (1935), que havia pedido um “sofá preguiçoso”. Os primeiros protótipos da poltrona foram apresentados, então, em 1958, durante a exposição O Móvel Como Objeto de Arte, que ocorreu na Oca, loja de Sergio Rodrigues.
Ilustração de Sergio Rodrigues
Mas a poltrona mais famosa do Brasil não foi querida desde sempre. Criada em 1957, a peça não foi bem recebida na época. Segundo Sergio, a Mole amargou uma falta de interesse do público por anos. “Se os desenhos que eu fazia eram considerados ‘futuristas’, aquilo, então, não teria qualificação. Um pastelão de couro sobre aqueles paus era demais. Os curiosos de vitrine diziam: para uma cama de cachorro está muito cara”, contou o designer.
“Meus sócios, em vez de me bater, quiseram guardar a poltrona no fundo da loja, mas decidi enfrentar porque acreditava muito na poltrona. E ela começou a ser aceita por pessoal de certo nível cultural.” Até despertar a atenção de várias personalidades, entre elas o então governador Carlos Lacerda, que praticamente exigiu que Sergio mandasse a poltrona para um concurso na Itália.
Reconhecimento internacional
No ano de 1961, na cidade italiana de Cantù, a poltrona Mole recebeu o prêmio responsável por torná-la famosa em todo o mundo: o 4º Concurso Internacional do Móvel. Acima de tudo, o reconhecimento do júri deveu-se ao fato de a peça não era influenciada por modismos e representava a região de origem.
A partir de então, Sérgio passou a colocar o design nacional em destaque no mundo, tendo a Mole como atração principal. Hoje, a peça faz parte do acervo do Museum of Modern Art de Nova York (MoMa).
Quem foi Sergio Rodrigues
Nascido em 1927, o carioca Sergio Rodrigues liderou o design de vanguarda brasileiro nas décadas de 1950 e 1960 e produziu obras que nunca mais serão esquecidas. Ele se formou em 1952, na Faculdade Nacional de Arquitetura do Brasil, e se dedicou a imprimir a identidade brasileira em suas peças de design.
Em 1955, ele fundou a Oca, uma loja que se propunha a criar móveis que se adequassem às necessidades de um país tropical e que refletissem a cultura do seu povo. Durante 60 anos de carreira, Sergio Rodrigues lançou mais de 1.200 modelos, que equiparam desde residências a palácios e repartições diplomáticas.
Sergio Morreu em 2014, aos 94 anos de idade. Hoje, a marca Sergio Rodrigues é comandada pelo primo do mestre, o também arquiteto Fernando Mendes.
O Armazém AZ foi a primeira loja do Centro-Oeste a investir em uma aproximação com Sergio Rodrigues (saiba mais aqui). Hoje, somos representantes da marca na região. Ou seja, venha conhecer de perto a obra do mestre ou encomende seu móvel com um de nossos consultores.