A fotografia de Pierre Verger construiu uma ponte entre dois mundos que, após o fenômeno histórico conhecido como diáspora africana, passaram a formar uma única nação com a imigração forçada de africanos para o Brasil. O elo entre estas culturas é tema da exposição As Aventuras de Pierre Verger, em cartaz até o fim de dezembro no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
Pierre Edouard Leopold Verger nasceu na França em 1902, morreu no Brasil em 1996, mas viveu no mundo entre essas duas datas. Adotou o nome Fatumbi, que significa aquele que veio unir dois mundos na língua africana Yorubá. Pierre Verger trabalhou como fotojosnalista e desenvolveu um verdadeiro trabalho antropológico documentando diversas culturas que logo desapareceriam sob o impacto da ocidentalização.
Nascido em uma família tradicional francesa, não fincou seus pés nas altas rodas parisienses. Seu interesse por movimentos de cultura alternativa foi o verdadeiro responsável por colocar seus pés na estrada após a morte de sua mãe. Viajou os quatro continentes até se apaixonar pelo Brasil.
Com o olhar voltado exclusivamente para o aspecto humano, registrou os povos nativos da região de Cusco após uma imersão cultural de quatro anos na região. Alguns anos mais tarde, já com interesse exclusivamente antropológico, volta à África para registrar com suas lentes uma visão cultural muito distante daquela compactuada em seu continente de origem – racial e paternalista.
No Brasil conheceu a cultura Afro-brasileira quando aterrissou em Salvador. Aproximou-se do Candomblé, uma religião que, segundo o fotógrafo, “se pode ser verdadeiramente como se é, e não o que a sociedade pretende que o cidadão seja”. A exposição em cartaz no Ibirapuera traz 270 fotografias de todas as fases artísticas e jornalísticas do fotógrafo e antropólogo apresentando os momentos e evoluções da trajetória de seu trabalho.