Dizem por ai que o continente europeu vive à frente do Brasil. Quanto à veracidade deste ditado, não podemos afirmar com certeza – já que cada país tem sua cultura e ritmo de desenvolvimento – agora uma coisa é fato: alguns austríacos podem viver, no ano de 2015, em uma casa de 2020.
A Juri Troy Architects, comandada por Sunlighthouse Velux, desenvolveu nos arredores de Viena a primeira residência unifamiliar de carbono neutro na Áustria como parte do projeto chamado “casa modelo 2020”. Uma edificação pode ser chamada de neutra em carbono quando todas as emissões de gases de efeito estufa provenientes de suas atividades são devidamente quantificadas e compensadas por ações ambientais que neutralizam seu impacto.
Algumas empresas e residências multifamiliares, como condomínios, já produzem ações no sentido de neutralizar sua emissão de CO² – principalmente na Europa –, mas os arquitetos do grupo Juri Troy foram além para tentar mostrar que é possível criar uma arquitetura sustentável para muitos e para poucos.
O objetivo do projeto “Casa modelo 2020” é desenvolver, construir e analisar seis diferentes casas em cinco países europeus, cada um seguindo seu próprio enfoque na construção progressiva e sustentável. A etapa da Áustria teve por desafio aproveitar as qualidades ambientais do país para desenvolver o conceito de energia e ecologia. A ideia é trabalhar para fazer desaparecer as marcas ecológicas deixadas pela construção da casa dentro dos próximos 30 anos.
O conceito de energia do projeto foi desenvolvido em parceria com a universidade austríaca Danube University de Krems. A construção utilizou uma bomba de calor de alta performance, 48 m² de painéis mono cristalinos para a cobertura fotovoltaica, 9 m² de painéis solares térmicos para água quente e um sistema de ar-condicionado com recuperação de calor.
O projeto priorizou o aproveitamento de luz natural para diminuir a energia consumida pela luz artificial e o resultado obtido foi que a casa recebe em cada cômodo uma quantidade de claridade cinco vezes maior que o padrão habitual. As aberturas do telhado e da fachada foram colocadas estrategicamente para maximizar a energia solar passiva, permitir uma ótima ventilação natural durante o verão e, ao mesmo tempo, reduzir ao mínimo as perdas de calor durante o inverno.
O projeto foi bem sucedido. Os testes finais mostraram que Residência Sunlight produzirá mais energia do que a construção consumiu. Ainda, sua produção de energia compensará também aquilo que ela irá consumir, fazendo dela um projeto exemplo de planejamento e construção sustentável.
Fotos: Divulgação