Dama do abstracionismo e das artes plásticas brasileiras, Tomie Ohtake construiu ao longo das seis décadas de carreira um estilo único de encarar a arte e a vida. Tomie Ohtake deixou marcado em São Paulo seus traços e na cultura brasileira, a sua arte. Hoje, porém, deixou o mundo aos 101 anos de idade.
Tomie Ohtake estava internada há pouco mais de uma semana por causa de uma pneumonia no Hospital Sírio Libanês, onde chegou a sofrer uma parada cardíaca e respirava com ajuda de aparelhos desde a última terça. Seu corpo será velado no Instituto Tomie Ohtake nesta sexta-feira (13) em um evento aberto ao público.
Nascida em 1913 na cidade de Kioto, no Japão, Tomie chegou ao Brasil em 1936, mas começou sua carreira de pintora tarde. Com 40 anos de idade entrou para o mundo das artes e construindo uma trajetória como poucos artistas brasileiros conseguiram. Dona de um abstracionismo raro, Tomie Ohtake não se deixou levar pelas correntes artísticas e se manteve fiel ao seu estilo por toda a vida.
Os anos 60, Tomie se naturalizou brasileira e fez de suas obras parte de São Paulo. Esculturas de aço assinadas pela artista podem ser vistas nas avenidas Paulista e Berrine e em obras de Oscar Niemeyer. Entre formas ovais, retangulares, cruciformes, quadradas sugerindo a idealidade de uma figura geométrica ou de um signo qualquer, sua obra – colocada isoladamente, justapostas ou em série – preserva a ambiguidade perturbadora entre o espaço e a tela.
“Nunca pensei que estaria viva aos cem anos, mas essa idade chegou sem que eu sentisse nada. Só sei que gosto muito de trabalhar e fico feliz pintando”, declarou há dois anos a artista que terminou a vida como queria, pintando.