“O artista sem fronteira, para nosso orgulho, vive aqui”. É com essas palavras que a cidade de Nova Viçosa, interior da Bahia, recebe seus visitantes. O artista que se referem é nada menos que Frans Krajcberg. O polonês radicado no Brasil já morou em Ibiza, Paris, algumas cidades no interior da Alemanha, na cidade maravilhosa e até em uma caverna no Pico da Cata Branca em Minas Gerais, mas foi Nova Viçosa a cidade eleita pelo artista para montar sua residência permanente.
Frans Krajcberg nasceu em 12 de abril de 1921, mas saiu da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial quando perdeu sua família. Andou por algumas cidades europeias onde cursou engenharia e se especializou em artes, mas chegou ao seu destino final em 1948, ano em que aterrissou no Brasil e se apaixonou pela natureza tropical. Para especificar bem todas as suas atuações, Krajcberg é pintor, escultor, fotógrafo e artista plástico, mas é conhecido mesmo como o poeta da natureza.
Mesmo nascido em um tempo onde não se falava em sustentabilidade, Krajcberg direcionou toda a sua obra para tratar da preservação da natureza. “Sou um homem inteiramente ligado à natureza. Meu ser, minha vida, minha cultura são a natureza. Dela dependem minha sobrevivência e minha criatividade”. Seu trabalho rompe radicalmente com as classificações claras e limitadas utilizadas na arte. Ele esculpe utilizando madeira e tinta para expressar seus sentimentos.
Foi com suas esculturas de madeira calcinadas esculpidas nos anos 1970 que Krajcberg ganhou projeção internacional. Em 2012 o artista foi condecorado em Paris, onde recebeu a Medalha Vermeille das mãos do então prefeito. A homenagem é a mais alta honraria da Cidade da Luz que nunca antes havia sido entregue a um artista estrangeiro – Paris faz desfilar por seus espaços públicos obras do artista.
Seu amor pela natureza foi refletido na casa do sitio Natura que mora em Nova Viçosa. Com a ajuda do designer e amigo Zanine Caldas, Krajcberg construiu no 1,2 km² de área que possui no interior da Bahia, um resquício do que foi preservado de Mata Atlântica, uma casa na árvore em uma altura de 7 m do chão. O projeto é transformar o espaço, que abriga inúmeras obras de Krajcberg, em um museu.