Hoje completa uma semana que o Brasil se despediu do mestre do design nacional. Sérgio Rodrigues foi para o design o que Machado de Assis foi para a literatura, Tom Jobim para a Bossa Nova e Oscar Niemeyer para a arquitetura. Um homem a frente de seu tempo, Sérgio deixou para trás uma coleção imensa de peças de mobiliário, responsáveis por manter seu nome vivo mesmo após sua partida.
É impossível falar das peças de Sérgio Rodrigues sem se lembrar primeiramente da Poltrona Mole. O carioca fez nome no Brasil e no mundo com a icônica poltrona. Mole é a representação do conforto ao estilo brasileiro, com a elegância ao estilo de Sérgio. Em 1957 o designer deu vida à poltrona que marcaria sua carreira. Produzida em madeira jacarandá e revestida em couro, a peça faz parte do acervo do Museum of Modern Art de Nova York (MoMA).
Outro clássico contemporâneo de Sérgio foi a poltrona Stella. Criada em 1956 e reeditada em 2001 a poltrona esculpe belos assentos em couro e tecido suportados por uma estrutura em madeira Jacarandá. Como em tudo o que faz, Sergio Rodrigues soube imprimir elegância em uma peça cheia de diversidade.
Sérgio Rodrigues é sem dúvida uma das maiores expressões do design nacional e como o arquiteto sabe mesmo se expressar, tinha a mania de colocar o mundo do design de ponta-cabeça. A Poltrona Voltaire, criação sua de 1967, é a prova literal dessas reviravoltas. A peça foi a releitura que Sérgio deu para as clássicas Poltronas Bergére.
Para aqueles que ainda não conseguiram fazer a conexão, vai uma dica: incline a cabeça em 180º e tanta achar em Voltaire traços dos clássicos designs inspirados na época de Luis XV. Projetada em madeira tauari, a Poltrona Voltaire é quase que uma brincadeira entre o iluminista Voltaire e o absolutista Luis XV, entre o clássico e o novo. Criativo e inovador, Sérgio Rodrigues deu ao clássico uma linguagem bastante.
Inteligente e de humor refinado, Sérgio imprimiu em seu trabalho o estilo bem brasileiro e seu brilhante talento. O mestre se foi, mas deixou para a história peças atemporais, verdadeiras obras de arte que não deixarão seu nome se perder no tempo.